sábado, 30 de agosto de 2014

Dilma joga Brasil na recessão

Dilma conseguiu o que poucos imaginavam, mas a oposição há muito vinha alertando: jogou o país numa recessão, algo que não acontecia desde a crise mundial de 2009. O Brasil não apenas parou de crescer como agora vê sua produção cair por dois trimestres consecutivos. Somos o patinho feio da hora.

A queda no segundo trimestre foi de 0,6% em relação ao trimestre anterior. O IBGE reviu o resultado do primeiro trimestre para -0,2%, configurando uma recessão técnica. Em três dos últimos quatro trimestres, a economia brasileira encolheu.

A crise brasileira é disseminada: exceto a agropecuária (0,2%), a produção de todos os setores recuou no segundo trimestre. De novo a indústria teve os piores resultados (-1,5%). Os investimentos caíram 5,3%, ou seja, o futuro também é ainda mais nebuloso.

Há poucas semanas, Dilma disse que “não sabia” por que o país apresentava números tão ruins na economia, dando a entender que sequer estava preocupada com isso – aliás, tem muita gente no PT que acha que crescer importa pouco mesmo...

Mas é bom que fique claro: quando o país cresce pouco, o governo tem menos dinheiro para obras, para hospitais, para escolas, os empregos começam a desaparecer e até a expansão de programas sociais fica mais difícil.

Sem o dinheiro do crescimento, tudo fica muito mais complicado, para o governo, para as pessoas. Pior ainda quando a economia mergulha em recessão, como esta em que ora estamos. Foi a este fundo do poço que Dilma nos conduziu.

A presidente vai querer culpar o resto do mundo por um problema que é exclusivamente do governo dela. Também não adianta acusar a Copa do Mundo, que, até que a bola rolasse, era tida pelo governo como grande chance de redenção da nossa economia.

Entre as principais economias que já divulgaram o resultado do segundo trimestre, só o Japão (-1,7%) saiu-se pior que o Brasil. Dos países que já tiveram o PIB de abril a junho conhecido, só nós e a Itália registraram recessão.

O resultado divulgado hoje pelo IBGE não é ponto fora da curva. No período Dilma, a economia brasileira foi a de menor crescimento entre todas as da América do Sul (6,4% acumulados). Na América Latina, a partir de 2011 só ganhamos de El Salvador.

Quando começou o governo, Dilma e sua equipe previam que o Brasil cresceria, em média, 5% ao ano. Agora não vamos chegar nem a 2%. Em termos econômicos, a petista é a pior presidente do país desde Fernando Collor, ou seja, em mais de 20 anos. Em 125 anos de República, só conseguiu superar dois mandatários – o outro é Floriano Peixoto.

Com um desempenho destes, a pergunta que fica é: por que dar a Dilma Rousseff mais quatro anos à frente do país e conceder-lhe a chance de afundar de vez o Brasil?

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

BNDES: De pai para filho

O BNDES tem sido um dos centros da contabilidade criativa que o governo tem praticado nos últimos anos. A orientação na gestão das contas públicas tem sido esconder passivos e fabricar receitas. 

O tamanho da fatura ninguém sabe qual será, tampouco como pagá-la. O mais grave é que, a cada dia, surgem novas surpresas e mais esqueletos saltam do armário.

Desde 2008, o BNDES foi convertido na alavanca da política de “campeões nacionais”, segundo a qual o governo elege empresas e setores para serem beneficiados com linhas de financiamento generosas. Neste ínterim, a carteira de empréstimos concedidos pelo Tesouro para o banco passou de R$ 7 bilhões para R$ 411 bilhões.

A estratégia deu em quase nada e foi abandonada no ano passado, tendo produzido como efeito mais nítido o recuo nas taxas de investimentos do país, que caíram de 19% para os atuais cerca de 18% do PIB. Também não foram prestadas maiores contas. Aos poucos, porém, o tamanho da encrenca vai começando a ganhar contornos mais claros.

O Valor Econômico publica hoje que o BNDES terá 46 anos para quitar cerca de metade – R$ 194 bilhões – da dívida que tem com o Tesouro. Além das condições de pai para filho, há prazo de carência para pagamento e juros camaradas, limitados à TJLP e teto de 6% ao ano.

A princípio, o assunto pode parecer apenas de interesse de aficionados por contas públicas. Mas, na realidade, tem implicações diretas no bolso de cada brasileiro, porque envolve subsídios monstruosos nas operações de financiamento que o BNDES concede a empresas eleitas.

O dinheiro repassado pelo Tesouro é captado junto ao mercado pagando a taxa Selic, ou seja, a mesma que torna o Brasil o campeão dos juros reais em todo o mundo e hoje está em 11% ao ano. Do BNDES, cobra-se bem menos: a TJLP, hoje em 5%. A diferença é arcada pelo contribuinte. Não se sabe quanto, mas é certo que a conta vai subir.

O governo sempre irá argumentar que pratica uma política de incentivo a empresas nacionais e move, desta maneira, o motor do desenvolvimento do país. Há, no entanto, muita discricionariedade e pouca justiça na política do banco, que beneficia mais quem menos precisa.

Grandes empresas recebem mais que o dobro do reservado a micro e pequenas pelo BNDES. Mais: entre 2008 e 2013, no mesmo período em que o banco distribuiu cerca de R$ 400 bilhões a megaempresas eleitas, o Bolsa Família repassou apenas ¼ disso para beneficiar 14 milhões de famílias. 

Está na hora de dar mais transparência à “bolsa empresário” e fazer do BNDES um real instrumento de desenvolvimento social no país.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A cultura do atraso

Entre os aspectos que mais marcam a vida brasileira nos últimos anos está a frustração. O futuro prometido quase nunca chega. A promessa reiteradamente repetida jamais é cumprida. Atrasos e descompromisso são as marcas de um governo que se especializa em ludibriar a população.

Há diversas formas de ilustrar a inépcia da gestão de turno em executar aquilo que dela se espera. Seja com as obras que deveriam melhorar a vida de milhões de brasileiros mas não acontecem, e só se perpetuam como canteiros eternamente inacabados. Seja, também, nos serviços públicos que continuam a piorar.

Um bom instrumento para aferir como a administração da presidente Dilma Rousseff cuida das lides de seu governo são os balanços de prestação de contas do Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC. Se o programa é o carro-chefe da atual gestão, espera-se que espelhe aquilo que os petistas consideram o suprassumo de suas realizações.

Segundo a contabilidade federal, o PAC engloba mais de 50 mil obras e ações, distribuídas por eixos. De acordo com balanço de março, menos de 20% delas estavam prontas. Considerando que o pacote de promessas atual nasceu em 2011, reciclando compromissos originários de 2007, conclui-se, sem nenhuma dificuldade, que estamos longe de algo brilhante...

As obras consideradas estruturantes, ou seja, aquelas com capacidade para espraiar benefícios por territórios mais amplos e atingir maior número de pessoas, sofrem atrasos médios de 88%, segundo levantamento feito pela consultoria Inter.B publicado por O Estado de S. Paulo no domingo.

Significa dizer que demoram, em média, quase o dobro do tempo originalmente estipulado. Decorrência direta, os custos também escalam e aumentam até 64%. Mas há casos em que o céu é o limite, como o da refinaria Abreu e Lima, exemplo daquilo com que se deve “aprender para não repetir”, conforme palavras da principal executiva da Petrobras.

Segundo publica hoje O Globo, a mais cara refinaria já feita em todo o mundo foi tocada à revelia da área técnica da empresa, ignorada pelo conselho de administração comandado por Dilma. De acordo com os parâmetros desdenhados pela direção da estatal, Abreu e Lima só seria viável se custasse metade dos US$ 20 bilhões que custará – valor que equivale a quase dez vezes seu orçamento inicial.

Esta cultura do atraso precisa acabar. Obras precisam ser feitas levando em conta a sua real necessidade, seus custos efetivos e sua viabilidade técnica. De uns anos para cá, a ausência de bons critérios se tornou a tônica. Para o pessoal do governo, importa é fazer como der, até porque o interesse está longe de ser o público. Atrasar acaba sendo bom negócio.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O modelo Mandrake de gestão

Os atrasos tornaram-se a principal marca do atual governo. Em se tratando de obras, estão por toda parte, em especial no programa que deveria acelerar o crescimento, mas fez mesmo foi levar o Brasil ao atoleiro.

Atrasar tornou-se agora, também, a forma encontrada pelos petistas para gerir o Orçamento da União e tentar evitar descontrole ainda maior das contas públicas. A criatividade – que nos aspectos da vida cotidiana é uma qualidade – tornou-se prática corrente para cuidar da contabilidade e burlar a boa gestão.

Os problemas deixaram, há muito tempo, de ser questões técnicas e agora ameaçam afetar a vida dos brasileiros comuns. A manipulação começa a alcançar dinheiro que vai para o pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família, o seguro-desemprego e o abono salarial. A tunga é ampla, geral e irrestrita.

Nas últimas semanas, quase diariamente, têm sido revelados casos de atrasos nos repasses de recursos por parte do Tesouro para instituições como a Caixa (responsável pelo pagamento de benefícios sociais), o Banco do Brasil (que opera o crédito agrícola) e o BNDES (que cuida de financiamentos). Até pagamentos do PAC entraram na dança.

Estima-se que o montante envolvido já alcance R$ 30 bilhões. Dividendos de estatais também são manipulados a bel-prazer como forma de fazer caixa e tentar conter o rombo fiscal. Nem assim, porém, tem funcionado: segundo o registrado no primeiro semestre, o superávit fiscal está hoje no menor patamar desde 2000.

Nos seis primeiros meses deste ano – o resultado de julho sai nesta semana – o saldo de caixa produzido pelo governo representou apenas metade do registrado no mesmo período de 2013. Transcorrido metade do ano, somente 21% da meta estipulada para 2014 foi alcançada. E o governo ainda jura que cumprirá o que prometeu...

A prática de maquiar dados e atrasar repasses, contudo, não é recente. Desde que as contas públicas entraram em franco desalinho, logo no início da gestão da presidente Dilma Rousseff, tem sido assim. Mandrake, o mágico herói das velhas histórias em quadrinhos, tornou-se modelo de gestor público no governo da petista.

Há hoje uma tremenda caixa-preta envolvendo as contas nacionais. Ninguém sabe ao certo o tamanho dos rombos, ninguém pode afirmar ao certo a dimensão das dívidas nem a real condição das receitas. A atual gestão – e não só a fiscal – é uma colcha de retalhos de truques, remendos, artifícios e manobras.

Cuidar bem do dinheiro público, aplicá-lo corretamente e prestar contas do que é feito é a única forma correta de atender o cidadão, fornecer-lhe os benefícios que tem direito e fazer retornar o que ele paga em tributos. Quem não faz assim está simplesmente nos roubando.

sábado, 23 de agosto de 2014

O fundo do fundo do poço

Dilma Rousseff disse outro dia que não está preocupada com o mau desempenho da economia porque “indicadores antecedentes” sugerem que os próximos meses serão venturosos. Seria melhor a presidente olhar para o que está acontecendo agora mesmo no mercado de trabalho brasileiro.

Em julho, mais uma vez, a geração de empregos no país registrou recorde negativo para o mês neste século – para ser mais preciso, o menor nível desde 1999. Foram criadas apenas 11,8 mil novas vagas no período, segundo o Caged.

A queda em relação a julho de 2013 supera 71%. Nas regiões Sul e Sudeste, o saldo foi negativo. Em 10 das 27 unidades da federação, também – o pior resultado foi registrado no estado do Rio, com 7 mil empregos eliminados. Só na Grande São Paulo, 128 mil pessoas perderam o emprego neste ano, de acordo com o IBGE.

No acumulado de janeiro a julho, foram criados 632 mil empregos no país. Na comparação com os sete primeiros meses de 2013, a queda é de 30%, quando foram abertos 275 mil postos de trabalho a mais. Trata-se do pior resultado para este período do ano desde 2009.

Junho já tinha sido ruim e julho foi pior ainda: de um mês para o outro, a geração de empregos foi 53% menor. Não se deve esquecer que estes foram os meses da Copa do Mundo, o que reforça a constatação de que o país parou – ou melhor, foi parado, por conveniência do governo – para a bola rolar.

A indústria da transformação continua um arraso, tendo demitido 15,4 mil no mês. Desde abril, já são 74 mil empregos dizimados no setor, segundo o Valor Econômico. Os serviços até se mantiveram no terreno positivo, mas num ritmo equivalente a apenas cerca de ¼ do que vinham gerando tradicionalmente no mês, apontou O Globo. No ano, até agora, o comércio já ceifou 50 mil postos de trabalho.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, diz enxergar o “fundo do poço”, ou seja, o pior ficou para trás. Será? A situação não parece animadora. Em julho, a população ocupada caiu em comparação com o mesmo mês de 2013, segundo a consultoria Rosenberg Associados. É a primeira vez que isso acontece desde 2003.

Faz tempo, Guido Mantega, colega de Dias no outro lado da Esplanada, também usou a mesma expressão para afiançar que a economia brasileira tinha passado pelo seu pior momento. Foi em dezembro de 2011. Depois voltou a recorrer ao “fundo do poço” para dizer, novamente, que as dificuldades haviam sido enfim superadas. Foi em agosto de 2013.

O padrão das análises se repete agora com a abordagem abraçada pela presidente da República. Quem sabe, com sua visão peculiar, Dilma Rousseff e seus assessores considerem que depois do fundo do poço tem sempre um fundo ainda mais profundo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quem teme, doa

Parece que os diretores da Petrobras, em especial sua atual presidente, Graça Foster, sabiam que boa coisa não fizeram ao levar adiante negócios ruinosos como a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Qual explicação terão a dar por terem, no auge do escândalo, doado seus bens a parentes, possivelmente para livrar o patrimônio da Justiça?

Ontem à tarde, a Agência Globo revelou que Graça e Nestor Cerveró – ex-diretor da empresa responsável pelos pareceres que deram base à aquisição de Pasadena classificados como “falhos” por Dilma Rousseff – passaram apartamentos e imóveis para o nome de filhos e netos quando o Tribunal de Contas da União já investigava a aquisição da refinaria do Texas. Pelo jeito, vale a máxima: quem deve, teme. E quem teme, neste caso, doa.

As duas primeiras doações de Graça aconteceram em 20 de março, um dia depois de vir a público a manifestação de Dilma dizendo que, como presidente do conselho de administração da Petrobras, comandara a compra de Pasadena com base em parecer “técnica e juridicamente falho”. A terceira operação aconteceu menos de 20 dias depois.

Cerveró – que, como diretor, preparou os pareceres depois condenados por Dilma – doou três imóveis a seus parentes em 10 de junho, ou seja, 45 dias antes de o TCU determinar o bloqueio de seus bens e de mais nove gestores da Petrobras.

As movimentações do governo para livrar os dirigentes da empresa do encontro de contas com a Justiça têm sido frenéticas desde que, em julho, o TCU apontou dez dirigentes da Petrobras como responsáveis por prejuízo de US$ 792 milhões na compra da refinaria de Pasadena e bloqueou seus bens.

O ex-presidente Lula, o ministro da Justiça e o advogado-geral da União já foram a campo para evitar que o TCU também arrolasse a hoje presidente da República entre os atingidos pela decisão. Já Graça ficou fora da lista por um “erro”, segundo a versão oficial: esqueceram que ela era diretora da estatal na época da lambança.

Tudo continua muito nebuloso na operação envolvendo a compra de Pasadena. Em 2006, a refinaria foi adquirida por uma empresa belga, a Astra Oil, por US$ 42,5 milhões e revendida à estatal brasileira por valor total de US$ 1,2 bilhão, umas 30 vezes mais caro. Pela operação, a Petrobras já reconheceu perda de mais de US$ 465 milhões em seu balanço de 2012.

Ontem, o plenário do TCU apreciaria proposta do relator, ministro José Jorge, para que os bens de Graça Foster também fossem bloqueados, criando situação inédita na companhia e levando, caso confirmada a decisão, à possível demissão dela do cargo. Com as novas revelações, a sessão foi suspensa. Talvez ainda dê tempo de esconderem mais algumas coisas comprometedoras...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Saúde: razoável não, péssima

Em meio a seus típicos rompantes de prepotência e agressividade, Dilma Rousseff teve um raro momento de sinceridade durante a entrevista que concedeu ao Jornal Nacional anteontem. Foi quando reconheceu, ainda que muito a contragosto, que a saúde brasileira não é “minimamente razoável”.

Ainda assim, a presidente foi condescendente com o que ela e seu partido fizeram ao longo destes últimos 12 anos para cuidar dos serviços oferecidos pelo poder público à população. Foi quase nada. Na realidade, a situação da saúde está muito distante do razoável. Está péssima.

Atualmente, 57% dos brasileiros veem a saúde como tema prioritário da agenda nacional, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Conselho Federal de Medicina. Nem sempre foi assim: quando a gestão petista começou, em 2003, apenas 6% tinham a mesma preocupação. Sinal de que os anos recentes foram de franca deterioração.

A reprovação à qualidade dos serviços é ampla, geral e irrestrita. Segundo a mesma pesquisa, 93% dos brasileiros desaprovam os serviços de saúde, tanto públicos, quanto privados, oferecidos no Brasil. Para cerca de 60%, eles são ruins ou péssimos.

A tão acachapantes constatações, a candidata-presidente retruca dizendo que seu governo agiu e implantou o Mais Médicos. “50 milhões de brasileiros não tinham atendimento médico, hoje têm”, disse ela ao telejornal da TV Globo.

A partir do que Dilma afirmou na entrevista, duas constatações se impõem: 1) até um ano atrás, ou seja, ao longo de 11 anos, o PT nada fez para enfrentar o problema e, 2) um programa que tem prazo de validade é tomado como se solução definitiva fosse.

A realidade é que o Mais Médicos foi convenientemente sacado da algibeira da alquimia petista para fornecer bom discurso em época de campanha eleitoral. Seus resultados continuam sendo uma incógnita, apesar de o governo sustentar que resolveu a vida de dezenas de milhões de brasileiros num passe de mágica.

Se o programa é incerto, é absolutamente evidente e demonstrável que o que Dilma prometeu na campanha de 2010 para melhorar a saúde dos cidadãos passou longe, muito longe, de se tornar realidade. 

Apenas para ficar nos mais emblemáticos, eram 500 UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e 6.800 UBSs (Unidades Básicas de Saúde). E o que foi feito? 23 UPAs e 2.057 UBSs, segundo o mais recente balanço do PAC. Será que Dilma espera ter mandados infinitos para cumprir suas promessas?

O SUS vinha estruturando uma belíssima estratégia para cuidar de maneira continuada da atenção básica aos brasileiros: o Saúde da Família. Mas o PT preferiu deixá-lo na geladeira e segurar sua expansão. Hoje sua cobertura limita-se a pouco mais da metade da população. Não surpreende que, com os petistas no comando, a saúde tenha ido parar na UTI.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dilma continua não sabendo

Há algumas semanas, Dilma Rousseff foi questionada a respeito das razões de a economia brasileira estar se saindo tão mal no seu governo. Não pensou duas vezes antes de responder ao correspondente internacional que a questionara: “Não sei”.

Ontem, a candidata-presidente manteve a cantilena, dizendo, na bancada do Jornal Nacional, que “não sabe” de onde vem a profusão de indicadores que mostram a debacle em marcha na atividade econômica. A questão que fica é: qual país, afinal, ela está governando?

Como sempre, a estratégia da presidente para fugir do constrangimento de admitir que sua gestão fracassa em fazer o país crescer, criar mais oportunidades de emprego e geração de renda e melhorar as condições de vida da população foi acenar com um futuro venturoso. O problema é que, com ela, ele nunca chega.

Dilma irá se notabilizar por entregar a seu sucessor um país pior do que recebeu. O crescimento do PIB mergulhou de 7,5% no ano de sua vitória nas urnas – número, reconheça-se, inflado pelo vale-tudo promovido por Lula para elegê-la – para menos de 1% previsto para este ano.

Pela primeira vez desde a estabilização conquistada com o Plano Real, a inflação no fim do mandato presidencial será mais alta que a do início. Aliás, em nenhum dos quatro anos de sua gestão, Dilma sequer se aproximou de cumprir a meta fixada. Os juros também já estão mais altos do que estavam quando a petista sucedeu Lula.

Dilma repete que o Brasil enfrenta a crise mundial sem desempregar. Mas o total de empregos gerados no país caiu praticamente à metade entre 2010 e 2013, de acordo com números da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.

A presidente finge ignorar que o ovo da serpente do desemprego já está sendo chocado. Desde 2010, só a indústria já reduziu seu estoque de empregos em 400 mil vagas. No primeiro semestre do ano, 12 mil pessoas tiveram seu contrato de trabalho suspenso, na antessala da demissão – nível só visto antes no auge da crise de 2009.

Daqui a duas semanas será conhecido o resultado do PIB do segundo trimestre. É quase certo que a economia terá encolhido, e não crescido, no período. Novamente, segundo o que disse ontem na TV Globo, parece clara a explicação que Dilma dará para seu insucesso: esqueçamos o passado, porque o porvir será uma maravilha.

Não dá para passar a borracha em quatro anos de retrocessos, em quatro anos de escolhas equivocadas, em quatro anos de insistência no erro. Dilma Rousseff parece convicta de que seguiu o caminho correto e que, uma vez reeleita, irá perseverar nele. Se isso acontecer, será a vez de todos os brasileiros dizerem que não sabem aonde o desastre vai dar.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Mais do mesmo

Havia um tempo em que as palavras do ministro da Fazenda eram cruciais para que os agentes econômicos se orientassem e tomassem melhores decisões. Esta clareza deixou de ser a tônica com o posto ocupado por um especialista em prognósticos que nunca se confirmam.

Ainda assim, a entrevista de Guido Mantega publicada ontem pela Folha de S.Paulo lança alguma luz sobre temas dos quais o governo da presidente Dilma Rousseff vem, de resto, se esquivando de abordar.

Na conversa, o ministro petista admite reajustes nos preços administrados, reconhece a alta presente das tarifas de energia e diz que os combustíveis devem ficar mais caros ainda neste ano. Para um governo que até então vinha negando problemas em todas estas áreas, já é um avanço.

Há, na entrevista, a admissão tácita de que os preços praticados pela Petrobras estão defasados: “O aumento de preço não pode ser exagerado, porque senão causará prejuízos a todo mundo. Os preços vão subir”. O consenso entre os analistas é de que a defasagem é bastante grande, conforme publica hoje o Valor Econômico.

A parte mais preocupante da entrevista, porém, é aquela em que Mantega reforça a aposta no atual receituário econômico praticado por Dilma. Se suas palavras valem – e a força do cargo nos leva a considerá-las desta maneira – a conclusão é de que teremos mais do mesmo pela frente caso a atual presidente conquiste novo mandato em outubro. 

A única mudança possível é alguma alteração nos limites de tolerância da inflação, tendo claro que até 2016 elas já estão sacramentadas pelo Conselho Monetário Nacional.

Segundo a visão do ministro, só o Brasil acerta, enquanto economias como a americana e as da União Europeia enveredam por descaminhos. 

Faltou apenas ele explicar por que o PIB de lá já se recupera, enquanto o nosso está na rabeira dos rankings mundiais: confirmadas as projeções para este ano, o resultado acumulado desde 2011 figurará apenas na 134ª posição entre todos os países do mundo.

As típicas mistificações de Mantega não poderiam deixar de estar presentes na entrevista. O ministro achou conveniente jogar na Copa do Mundo a culpa pelo pibinho que o IBGE anunciará dentro de dez dias. Sim, o Brasil foi paralisado para que a bola rolasse, mas as razões da provável recessão vão muito além dos 30 dias de Mundial e são anteriores a ele.

É curioso que, pouquíssimo tempo atrás, o mesmo Guido Mantega tinha visão muito diferente. Quando o IBGE divulgou o resultado do primeiro trimestre, em 30 de maio, o ministro disse que a Copa ajudaria a turbinar a economia e levá-la a produzir resultado melhor entre abril e junho. Mais uma previsão furada. Mas isso já não é nenhuma novidade.

sábado, 16 de agosto de 2014

A recessão vem aí

A Copa do Mundo deu um tombo na economia brasileira só comparável ao chocolate que a seleção de Luiz Felipe Scolari sofreu da Alemanha. Com os péssimos resultados registrados em junho, já é praticamente certo que o PIB nacional caiu no segundo trimestre. A recessão pode estar a caminho.

Hoje pela manhã, o Banco Central divulgou seu indicador referente ao nível de atividade da economia brasileira em junho. A queda foi estrondosa: 1,48% sobre maio e 2,68% na comparação com junho do ano passado.

Desde os meses que se seguiram à deflagração da crise financeira mundial, em fins de 2008, a economia brasileira não ia tão mal. No trimestre, a atividade caiu 1,2%, segundo o BC. O indicador serve para antecipar os números oficiais que o IBGE divulga no fim do mês, embora nem sempre coincidam.

Com a divulgação de diversos indicadores referentes a junho e julho, vai ficando claro que a Copa teve efeito danoso sobre o desempenho econômico do país. Na prática, o Brasil simplesmente parou para que os jogos acontecessem.

Mais certo seria dizer que o país foi deliberadamente parado, uma vez que medidas excepcionais, como a decretação de feriados, acabaram sendo a tábua de salvação para que a infraestrutura precária que o governo não deu conta de aprontar a tempo do Mundial não naufragasse.

Com isso, sofreram os mais diversos setores. O varejo, por exemplo, teve em junho sua maior queda em dois anos, com recuo de 0,7% em relação a maio. Quando se computam também as vendas de veículos e material de construção, o tombo foi bem maior: 3,6%, na mesma base de comparação.

Os trabalhadores estão entre os grandes prejudicados pela paralisia que se abateu sobre o país nas semanas da Copa. A geração de empregos em junho foi quase 80% menor que um ano antes e o total de empregados com contratos de trabalho temporariamente suspensos (em layoff) é o mais alto desde 2009.

Daqui a duas semanas, o IBGE divulgará o resultado do PIB do segundo trimestre. O consenso entre os analistas é que ocorreu uma retração no nível de atividade no período. Se confirmado, o número pode levar à revisão do PIB do primeiro trimestre também para o terreno negativo. O país estaria, assim, tecnicamente em recessão.

Trata-se da crônica de um desastre anunciado. Há meses a trajetória cadente da economia vem sendo apontada por analistas e críticos como decorrência de decisões equivocadas ditadas por Brasília, que manejou mal a política monetária, explodiu o resultado fiscal e jogou gasolina na inflação, por meio do incentivo desmesurado ao consumo. Esta tragédia poderia ter sido evitada.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A boa política de luto

A morte trágica de Eduardo Campos, o candidato do PSB à Presidência da República, deixa a política brasileira um pouco mais pobre. Mas seu desaparecimento não pode privar o debate nacional de valores que ele, assim como as forças de oposição, também encarnava. A missão daqueles que se dedicam à boa política é reforçá-los nas eleições deste ano e levar adiante as boas bandeiras.

Há, em torno do pleito deste ano, anseio por mudança, por renovação, por uma postura mais construtiva e menos beligerante, como a exibida atualmente pelos governantes de turno. Com sua candidatura, Campos também vinha colaborando para construir esta alternativa, convergindo nos últimos meses com as forças que sempre se opuseram ao grupo hoje no poder.

É possível que o apelo que estes valores deverão ter na disputa de outubro se torne ainda mais forte a partir de agora. O país pede mudanças, e elas virão. O país pede renovação, e elas acontecerão. O país espera juventude, e ela está a caminho. Campos era um dos agentes desta transformação, cujo curso não se extinguirá.

O ex-governador de Pernambuco era um dos representantes da boa política que mira, acima de tudo, os benefícios aos cidadãos, a gestão responsável da máquina pública, a busca pela justiça social. Em sua administração no estado, espelhou-se em outras experiências exitosas como a de Aécio Neves no governo de Minas Gerais. A escola é a mesma e será continuada.

Assim como Aécio, Campos encarnava o desejo de mudança manifestado por quase 70% dos brasileiros em todas as mais recentes pesquisas de opinião. Este sentimento permanece e não se abaterá com a tragédia. Pelo contrário: continuará a ser o principal motor dos novos rumos que os cidadãos pretendem ver o país tomar a partir de 2015.

Eduardo Campos também personificava o vigor da juventude, que, da mesma forma, não deixará de estar presente quando os brasileiros estiverem escolhendo, ao longo das próximas semanas, os novos caminhos que o país deve trilhar.

Por fim, as candidaturas de oposição ao governo de turno – tanto a que era capitaneada pelo candidato do PSB quanto a de Aécio Neves – representam o sentimento de união em favor do país, em contraposição ao modelo que prefere dividir para conquistar, atacar para triunfar, difamar para confundir.

O Brasil perdeu ontem um protagonista importante da boa política. Mas o mais relevante é que valores e crenças que Eduardo Campos abraçava continuarão sendo respeitados e honrados por quem continuará a travar este bom combate. O sentimento de mudança, renovação e união permanecerá, em prol de um país melhor, como era desejo também dele.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Governo de mentirinha

Dilma Rousseff tem dedicado parte considerável de seu tempo a fazer campanha, a forjar compromissos oficiais que, na verdade, são meras agendas eleitorais e a gravar cenas para exibir na TV. Tivesse usado melhor seu período de mandato como presidente, talvez hoje ela não estivesse se movimentando por cenários de mentirinha.

Nos últimos dias, a presidente intensificou sua agenda para preencher as janelas de oportunidade abertas à campanha eleitoral pelos principais telejornais do país. Tem se esmerado em ir a obras que, segundo ela, são “grandes feitos” de sua gestão.

Na realidade, estes “grandes feitos” são imensos e numerosos canteiros de obras inacabadas, festivais de desperdício de dinheiro público, promessas jamais cumpridas. Se Dilma acha que isso é o melhor que pôde fazer em quatro anos, estamos perdidos se ela ganhar mais quatro...

Comecemos pela ferrovia Norte-Sul, visitada já duas vezes pela presidente nos últimos dias. Em maio passado, Dilma “inaugurou” extensão de 780 km entre Palmas e Anápolis, mas o trecho permanece inativo. Pior: semiabandonado, ainda terá que passar por reparos antes de ser aberto ao tráfego até o fim do ano, como mostrou O Estado de S. Paulo ontem.

Em outra frente, Dilma promete ir nos próximos dias ao mesmo trecho da transposição do rio São Francisco que visitou também em maio. A repetição de cenários faz sentido: deve ser um dos poucos pontos isolados em que o empreendimento foi concluído.

Crucial para o semiárido nordestino, a transposição deveria ter ficado pronta em 2010, mas hoje tem só metade das obras terminadas. A promessa agora é finalizá-la em 2015 ou 2016, ao custo de R$ 8,2 bilhões, mais de 80% acima do preço inicial. Com isso, o sertanejo continua às voltas com a penúria causada por uma das maiores secas da história.

Um número global dá a real dimensão de que os cenários de mentirinha são a tônica da gestão Dilma e as obras efetivamente entregues, exceção. Mais de três anos após o lançamento da segunda etapa do PAC, das quase 50 mil obras e empreendimentos previstos apenas 12% estavam “concluídas” ou “em operação” e 53% não haviam sequer saído do papel, segundo levantamento do Contas Abertas feito em março.

Dilma não apenas se movimenta em cenários de mentirinha, mas também parece candidata a ser uma presidente de mentirinha num eventual segundo mandato. Segundo o presidente do PT, o papel dela será esquentar a cadeira para que Lula volte ao posto em 2018.

Rui Falcão não deixa margem a dúvidas: num eventual segundo mandato, a presidente da República será mero fantoche nas mãos de seu mentor. Tudo parece muito coerente: uma presidente de mentirinha, passeando por cenários de mentirinha e fazendo um governo de mentirinha. Mas o Brasil precisa mesmo é de um líder de verdade. Para isso, ela não serve.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Razões para o pessimismo

Tornou-se um mantra da candidata-presidente afirmar que quem está preocupado com o futuro e com os problemas que se avolumam no país, em especial na economia, é “pessimista” e torce contra o Brasil. É possível que nem ela acredite no que diz.

Há razões de sobra para desconfiar das possibilidades de êxito do país caso o atual projeto de poder se mantenha por mais quatro anos. Os desafios são imensos na economia, mas vão muito além, abarcando, principalmente, a falta de segurança pública e a saúde precária.

Dilma Rousseff e seus porta-vozes tentam colar no “mercado” a pecha do mau agouro. Acusam analistas de torcer contra, mas vão além e publicamente constrangem quem se aventura a dizer o óbvio: com o PT no comando, as perspectivas do país são cadentes.

As projeções para a economia seguem declinantes. Em menos de três meses, os prognósticos para o PIB deste ano caíram pela metade e agora chegam a 0,81% – no início do ano, estavam em 1,95%. Há 11 semanas tem sido assim, na mais longa série de revisões consecutivas para baixo destas estimativas desde 2008, segundo o Valor Econômico.

O desalento não se limita ao presente. Dilma irá legar a seu sucessor um fardo para lá de pesado. A Folha de S.Paulo analisou os prognósticos de mercado para os próximos quatro anos e verificou que a projeção dos analistas é de inflação ainda alta e crescimento fraco até 2018, com perspectiva de forte aumento das tarifas públicas já em 2015.

O “tarifaço”, aliás, já é praticado pelo governo Dilma na energia elétrica e, no caso dos preços dos combustíveis, largamente defendido por integrantes do próprio governo petista, seja na Petrobras, seja na equipe econômica. Não é anseio, portanto, da oposição.

Mas o desalento vai muito além do mundo da economia e das finanças. Está nas ruas e na boca dos brasileiros que enfrentam um dia a dia cada vez mais difícil. Isso não é peça de retórica; é fato, comprovado também por pesquisas.

A mais expressiva delas foi feita em junho pelo Ibope. A informação mais relevante é que em rigorosamente todas as nove áreas pesquisadas pelo instituto, os brasileiros que desaprovam as políticas adotadas pela presidente Dilma são larga maioria.

É assim na saúde (78 a 19%), nos impostos (77 a 15%), na segurança pública (75 a 21%), no combate à inflação (71 a 21%), na política de juros (70 a 21%), na educação (67 a 30%), no combate ao desemprego (57 a 37%), no combate à fome e à pobreza (53 a 41%) e no meio ambiente (52 a 37%).

A preocupação com o futuro do país é de milhões de brasileiros. As condições de vida estão mais difíceis e até conseguir bons empregos está complicado. Quem produz, investe e trabalha torce para que o Brasil consiga virar o jogo. Mas não há como ser otimista com a herança realmente maldita que Dilma Rousseff deixará de presente para seu sucessor.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Das páginas de economia para as de polícia

A Petrobras não sai dos jornais. Nossa maior empresa deixou de figurar apenas nas páginas dedicadas à economia e passou a ocupar também os espaços reservados a assuntos de polícia. Em ambos os casos, as notícias são ruins.

A estatal está no centro de uma série de escândalos envolvendo negócios ruinosos, denúncias de grosso desvio de dinheiro, distribuição de benesses para corromper técnicos e políticos. Naquilo que mais interessa, a empresa também não consegue sair-se bem: seus negócios vão de mal a pior.

Na sexta-feira foi divulgado o resultado da Petrobras no segundo trimestre. Nova frustração: o lucro acumulado entre janeiro e junho caiu para R$ 10,3 bilhões, redução de 25% em comparação com o mesmo período de 2013. No trimestre, a queda foi de 21%.

Impressiona o nível de endividamento exibido pela estatal: sua dívida líquida atingiu R$ 241 bilhões e a bruta, R$ 308 bilhões, segundo o Valor Econômico. Trata-se da empresa não financeira mais endividada do mundo. O endividamento já corresponde a quase quatro vezes a geração de caixa da empresa, uma temeridade.

O pior é que a contrapartida ao endividamento não se materializa. A produção de petróleo não reage: a alta em relação ao primeiro semestre do ano passado foi de apenas 1%, ainda muito distante dos 7,5% prometidos pela direção da estatal para este ano.

A Petrobras continua pagando caro para manter os preços dos combustíveis defasados em relação ao que a empresa gasta para importá-los do exterior. Somente a área de abastecimento da estatal, que compra e vende os produtos, registrou prejuízo de R$ 13,4 bilhões no semestre, segundo a Folha de S.Paulo.

Se os números não vão bem, as notícias relacionadas à forma como a Petrobras vem sendo gerida no governo do PT são ainda mais tenebrosas. Soube-se neste fim de semana pela revista Veja que o doleiro Alberto Youssef, que está no centro de um escândalo que pode ter desviado R$ 10 bilhões da companhia, distribuía malas de dinheiro a políticos aliados.

Para complicar, a presidente da estatal, Graça Foster, corre risco de ter seus bens bloqueados em razão da participação na transação que levou a Petrobras a pagar pela refinaria de Pasadena bem mais que ela valia. O Ministério Público também investiga se a executiva omitiu informações em depoimentos prestados no Senado neste ano.

Nos últimos anos, a Petrobras deixou de cumprir a função que dela mais se espera: produzir petróleo e energia para impulsionar o desenvolvimento do país. A empresa foi posta a serviço do partido no poder, que está produzindo a maior pilhagem já vista na sua história. Está na hora de devolver a Petrobras a seus verdadeiros donos: o povo brasileiro.

sábado, 9 de agosto de 2014

O tarifaço de Dilma já começou

O modelo criado por Dilma Rousseff para o setor elétrico está fazendo água. Ou melhor, está produzindo escuridão. O tarifaço, com alta acentuada nas contas de luz, não está despontando no horizonte; na verdade, ele já está acontecendo. A tentativa de baixar tarifas na marra fracassou.

O modelo em vigor vem sendo gestado desde que Dilma era ministra de Minas e Energia. Foi lapidado quando ela ocupou a chefia da Casa Civil e recebeu a cereja do bolo quando, já como presidente, em setembro de 2012, ela convocou rede nacional de rádio e TV para anunciar “a mais forte redução de tarifa elétrica já vista neste país”.

Desde então o que se viu foi a antessala do caos. O governo vem torrando bilhões de reais para compensar perdas de concessionárias, as empresas do setor simplesmente pararam de investir, a Eletrobrás está praticamente falida e as tarifas já começaram a voltar a níveis mais altos do que estavam quando a MP 579 foi editada.

Ontem, o governo anunciou novo empréstimo para as distribuidoras de energia. São mais R$ 6,6 bilhões, que se somam aos R$ 11,2 bilhões fechados em abril. Do valor da nova operação, bancos públicos bancarão 68%. Dos R$ 17,8 bilhões de socorro até agora, BNDES, Banco do Brasil e Caixa arcarão com 60%.

O segundo empréstimo chega apenas quatro meses após o primeiro, e depois de o governo ter reiteradamente afirmado que a operação de abril fora definitiva e suficiente para livrar as empresas do naufrágio. Nada que a gestão petista diz ou faz resiste por muito tempo.

Além dos empréstimos, desde 2013 até dezembro próximo o Tesouro terá posto mais R$ 21 bilhões no setor para cobrir custos das concessionárias com a compra da energia mais cara das térmicas e no mercado à vista – R$ 816 por MWh, ante R$ 182 dois anos atrás.

Mas o custo dos desequilíbrios causados ao setor desde a edição da MP 579 são bem maiores. A PSR, mais respeitada consultoria do setor, já estimou que a fatura irá chegar a R$ 56 bilhões. Só para comparar, equivale ao dobro do que o Brasil gastou nos preparativos para a Copa.

Com isso, já se dá de barato reajustes represados de pelo menos 24% a partir do próximo ano, conforme calculam algumas consultorias. E não há chuva capaz de dar jeito... Alguns órgãos, como a Aneel, já admitem alta de, pelo menos, 10% até 2017.

A candidata-presidente nega que haverá tarifaço se ela for reeleita. Até que enfim tem razão: os reajustes-monstro já estão acontecendo. Nesta semana, a Aneel anunciou aumentos de até 35% nas tarifas de concessionárias. Na média, os aumentos estão em 25% neste ano. Vale recordar: em 2012, a redução média foi de 16%.

Dilma se considera uma especialista em energia. Também é apresentada como gerente das mais eficientes. Na realidade, a candidata-presidente é uma farsa de cabo a rabo: onde ela toca dá choque; aquilo que promete não faz; o que ela começa não termina. Já deu, né?

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Na antessala do desemprego

O péssimo desempenho registrado atualmente pela indústria automobilística ilustra o tamanho da crise em que a economia brasileira está mergulhada. Também descortina no horizonte o fantasma das demissões. Podemos estar na antessala do aumento do desemprego.

Se a política econômica adotada pelo governo Dilma Rousseff prestasse, as montadoras deveriam ser o último setor a enfrentar problemas. Foram o segmento mais contemplado com medidas de desoneração tributária nos últimos anos. Vê-se que as iniciativas de Brasília não passaram de remendos.

Desde 2006 as fábricas de automóveis não produziam tão pouco num mês de julho. No ano, a queda acumulada supera 17%. No mesmo período, as exportações caíram 35% e as vendas, quase 9%, só devendo começar a se recuperar no fim de 2015, segundo O Globo. Se isso não é crise, o que mais poder ser?

O setor automotivo fornece uma amostra das dificuldades da indústria brasileira como um todo. A queda na produção de veículos é responsável por 75% de toda a retração industrial no acumulado deste ano até junho, registra a Folha de S.Paulo.

O lado mais perverso da moeda é o desemprego. Só as montadoras cortaram 7 mil vagas neste ano, o que equivale a 4,2% do total. Apenas em junho, a indústria como um todo fechou 28 mil postos.

Além de milhares de vagas fechadas, a indústria tem recorrido à suspensão temporária de contratos de trabalho. Os chamados layoffs, que podem perdurar até cinco meses, têm se tornado cada vez mais comuns. O passo seguinte são as demissões.

Entre janeiro e julho deste ano, 12 mil trabalhadores entraram em regime de layoff, segundo O Globo. Neste particular, a situação só não é pior que a vivida em 2009, quando o país amargava a pior fase da crise global detonada no ano anterior.

O governo, porém, insiste que não há nada de errado com a economia, com a indústria em particular, nem com suas políticas erráticas. Para o petismo, a crise é externa, jamais causada por razões internas.

O problema não é apenas o diagnóstico errado. O governo nega que sejam necessárias correções de rumo na condução de sua política econômica, como fez Dilma ao participar de sabatina na CNI na semana passada. Sem admitir erros, não há como corrigi-los.

As dificuldades que vão se alastrando expõem os limites dos pacotes de estímulos fabricados aos borbotões em Brasília nos últimos anos. Foram gambiarras, paliativos, algo que, define bem o dicionário Houaiss, serve apenas para “atenuar um mal e protelar uma crise”. Pelo jeito, o efeito passou e a dor agora pode vir mais forte.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Central de alopragens

Pode ser mera coincidência. Mas é só o período eleitoral chegar para que o PT multiplique as barbaridades que é capaz de cometer para agarrar-se ao poder. De novo, gente graúda da equipe de governo está envolvida. De novo, o Palácio do Planalto está sendo usado como central de alopragens.

Até hoje sabia-se que quadros da Petrobras, alguns assessores de lideranças petistas no Congresso e um auxiliar do ministro das Relações Institucionais estiveram envolvidos na farsa montada para forjar depoimentos de mentirinha na CPI instalada no Senado para apurar as suspeitas de maus negócios feitos pela estatal quando Dilma Rousseff presidia seu conselho de administração.

Mas a coisa é mais feia do que parecia à primeira vista. Publica a Folha de S.Paulo em sua edição de hoje que partiram de dentro do Planalto iniciativas para controlar o andamento da comissão no Congresso. 

Mais precisamente “o secretário-executivo do ministério [de Relações Institucionais], Luiz Azevedo, ajudou a elaborar o plano de trabalho apresentado pela comissão em maio, que incluía um roteiro para a investigação e sugestões de perguntas”.

Poderia ser surpreende. Deveria ser de corar de vergonha. Mas, em se tratando do PT, não é. Trata-se apenas de mais uma história em que a estrutura oficial, mais especificamente órgãos abrigados no coração do poder em Brasília, é usada para perpetrar farsas, sempre na tentativa de prejudicar adversários e de corromper instituições da República.

Nas eleições de 2010, foi no mesmo Palácio do Planalto que Erenice Guerra, a substituta de Dilma na Casa Civil, colocou a turma dela para forjar dossiês que visavam atingir o presidente Fernando Henrique Cardoso. Flagrada, perdeu o cargo, mas não parou de circular pelos corredores de Brasília desfilando influência e facilidades.

Em 2006, aloprados comandados por Ricardo Berzoini, o mesmo que hoje chefia as Relações Institucionais de Dilma, tentaram atingir José Serra e Geraldo Alckmin, que então disputavam o governo de São Paulo e a presidência da República, respectivamente. Como se pode ver, a expertise do ministro petista continua à disposição da companheirada para o que der e vier...

Tem gente no PT que acha que as revelações sobre o vale-tudo do partido e seus estratagemas para evitar a elucidação de tenebrosas transações são tudo “bobajada”. Não são. Novamente, está-se diante de uma escolha: de um lado, quem luta para preservar as instituições, o interesse do país; de outro, quem tudo teme, provavelmente porque muito deve. Este tempo de aloprações tem que acabar.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Tudo junto e misturado

O estratagema governista para evitar que a CPI da Petrobras cumpra seu papel vai além de ensaiar perguntas de mentirinha e respostas combinadas. Inclui também treinar diretor demitido e usar instalações da própria empresa investigada para montar farsas. Para manter lacrada a caixa preta das negociatas da estatal, esta gente está sempre junta e misturada.

A revelação de que foram forjados depoimentos dados por ex e atuais executivos da Petrobras à CPI criada para investigar negócios nebulosos feitos pela companhia nos últimos anos – na maior parte dos quais Dilma Rousseff presidia seu conselho de administração – veio à tona neste fim de semana por intermédio da revista Veja.

Soube-se hoje que teve muito mais. Segundo O Estado de S. Paulo, as instalações da Petrobras em Brasília foram usadas para preparar a farsa. Reuniões foram promovidas no gabinete da presidente da companhia, Graça Foster, instalado no segundo andar do prédio da empresa na capital federal. Ali, só a alta cúpula da estatal tem acesso.

O chefe do departamento jurídico da Petrobras também integrou o grupo presente na reunião, formado ainda por outros dois funcionários da estatal e assessores da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e das lideranças do governo e do PT no Senado. O grupo estava mesmo disposto a partir “para cima”, conforme ordens de Lula dadas em abril...

A montagem do teatro da CPI também incluiu auxílio oficial para ex-dirigentes defenestrados da Petrobras, como Nestor Cerveró. O mesmo apontado pela presidente da República como responsável por relatórios “técnica e juridicamente falhos” que levaram a estatal ao ruinoso negócio em Pasadena: o pagamento de US$ 1,2 bilhão por uma refinaria que pouco antes valia US$ 42,5 milhões.

Segundo a Folha de S.Paulo, Cerveró, que levou sete anos para ser punido com demissão após os pareceres desastrosos que embasaram a compra da refinaria americana por valores multiplicados, recebeu treinamento patrocinado pela Petrobras antes de se submeter a depoimento na CPI do Senado, em 22 de maio. O que tanto temem?

O jogo na comissão era tão ensaiado que até as perguntas feitas pela bancada chapa-branca se repetiam, conforme apontou a assessoria da liderança do PSDB no Senado. Vai ficando cada vez mais claro o pavor do governo petista diante da possibilidade de a verdade sobre a Petrobras ver a luz do sol na CPI. Quem teme, deve.

As novas revelações só reforçam a necessidade de ir mais fundo nas investigações, seja na CPI ou onde mais for. Até porque fica mais e mais evidente que o PT tem muito a esconder na Petrobras. Passa da hora de abrir a caixa preta da companhia. Até para evitar que os petistas que lá se aboletaram não afundem de vez nossa maior empresa.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Jogo combinado

Enquanto esteve na oposição, o PT transformou comissões parlamentares de inquérito numa potente arma de luta política. Mesmo com excessos, o partido integrou importantes investigações, como a que levou ao impeachment de Fernando Collor. No poder, a especialidade dos petistas tornou-se outra: desmoralizar este valioso instrumento da democracia e de fiscalização de atos do Executivo.

É o que se vê novamente agora na CPI da Petrobras em funcionamento no Senado. Em sua edição desta semana, a revista Veja revela que os depoimentos mais importantes, de ex e dos atuais principais executivos da empresa foram tudo jogo combinado. Perguntas e respostas foram previamente ensaiadas.

O petismo moveu gente graduada da Petrobras e do próprio governo para montar a farsa: dois funcionários da estatal, assessores da liderança do governo no Senado, da liderança do PT no Senado e da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (neste caso, nada muito surpreendente, em se tratando de pasta comandada por gente de notórias ligações alopradas...).

A artimanha é mais uma demonstração de que o governo petista tem muito a temer em relação à elucidação de descalabros envolvendo a Petrobras, em especial durante o período em que Dilma Rousseff presidiu seu conselho de administração. Foi a época em que pulularam as mais tenebrosas transações enredando a estatal.

A lista de negócios ruinosos é extensa. Nela, destacam-se a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, e a construção de refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Uma, a preços muito acima do que valia; outra, a um custo que já se multiplicou por nove e sabe-se lá aonde vai parar. Há outros descalabros de menor monta, como em Okinawa, no Japão, e na Repar, no Paraná, mas igualmente deficitários.

Pelos prejuízos em Pasadena, 11 diretores da Petrobras foram condenados há duas semanas pelo TCU a devolver US$ 792 milhões aos cofres públicos. Assim como na ação forjada na CPI, soube-se que Lula e o ministro da Justiça moveram-se para atenuar as conclusões do tribunal e livrar Dilma da mesma punição imposta aos executivos da estatal à época em que ela comandava o conselho administrativo. Falsear é o modus operandi do PT.

O episódio envolvendo a manipulação de sessões da CPI da Petrobras demonstra, mais uma vez, o desapreço dos petistas por instituições caras à nossa democracia. É o vale-tudo desabrido para que o projeto de poder ainda em marcha se prolongue por mais quatro anos. Sem gabarito, esta gente não tem competência para nada. Sem ter como colar, não vão passar na prova das urnas em outubro. Têm ficha corrida suficiente para tomar bomba.