2012 termina com a
economia exibindo seu pior desempenho desde a recessão de 2009. O Banco Central
previu
ontem que o pibinho deste ano será de 1%, revisando ainda mais para baixo a
projeção anterior, o 1,6% outrora considerado “piada” pelo bufão Guido Mantega.
Nada mal para quem começou o ano prometendo 4%...
Na média dos dois
primeiros anos, o desempenho do atual governo chega a ser histórico. Desde
Fernando Collor de Mello, 20 anos atrás, o país não ia tão mal num biênio. Nota-se
que não é só na economia que a administração petista se assemelha àquela:
recessão e corrupção males comuns às duas são.
Estes dois primeiros
anos da atual gestão se notabilizaram pelo improviso e pela maneira errática de
gestão do país, característica especialmente notável na economia. Os problemas
persistem e suscitam no governo uma espécie de hiperativismo nervoso e impotente:
para tudo há uma “solução” tão momentânea e fragmentada quanto insuficiente.
Já se perdeu a conta
de quantos pacotes saíram do forno do Palácio do Planalto ou do Ministério da
Fazenda (na quadra atual, os demais ministérios só são lembrados pelo que não
conseguem fazer, com uma inação como há muito não se via...). Apenas nesta
semana, foram mais dois. Os resultados, porém, nunca chegam.
Diante disso, opina O Estado de S.Paulo em editorial hoje: “O governo continua longe de formular
políticas amplas, articuladas e de longo alcance para aumentar a eficiência
nacional e permitir um crescimento mais firme por vários anos”.
A boa-nova deste ano
foi a admissão, por parte do governo do PT, de que o melhor para impulsionar a
economia e aperfeiçoar as condições de infraestrutura do país são as
privatizações. Assim foi com as ferrovias, os portos e, ontem, também com uma
nova fornada de aeroportos. Conversão tardia, ainda que muito bem-vinda.
Infelizmente, mesmo nas
medidas acertadas, o vezo estatizante continua presente. As medidas para o setor
aéreo anunciadas ontem incluem a criação de mais uma estatal, a Infraero Serviços,
e a disposição do governo de subsidiar passagens aéreas em rotas regionais de
baixa demanda. Por que a conta tem sempre que sobrar para o contribuinte?
Se não tivermos
perdido a conta, a Infraero Serviços deverá ser a 129ª estatal verde e amarela,
a quarta criada por Dilma e a nona da era petista. É de se questionar também: para
que enfiar de novo o Estado em mais uma atividade em que ele já se mostrou
ineficiente?
O governo federal
diz agora que irá bancar os investimentos na modernização e ampliação de 253
terminais regionais, além da construção de 17 aeroportos. Com o histórico que
exibe no setor aeroportuário, em que todos os grandes terminais encontram-se
saturados, custa crer que terá algum sucesso. Com a Infraero, então, menos provável
ainda.
Mas não são apenas
estes desacertos que a obra incompleta da presidente nos apresenta até
agora. Sua gestão também flerta perigosamente com a inflação alta – que,
segundo o Banco Central, irá desrespeitar a meta em todos os anos da atual gestão
– e mantém atração fatal pela insegurança jurídica e pela quebra de regras e contratos,
da qual o exemplo mais evidente é o salto no escuro no setor elétrico.
São, portanto, dois
anos muito aquém do minimamente aceitável para quem foi vendida ao país como o
suprassumo da excelência gerencial. A Dilma Rousseff que, como ministra e
depois como candidata, passou anos rodando o país sobre palanques parece ainda
não ter descido de lá. Governar bem que é bom, quase nada. A continuar assim, logo,
logo ela vai ser apeada da cadeira onde não demonstrou, até agora, merecer sentar.