sábado, 30 de janeiro de 2016

Conselhos ao vento

O governo passou as últimas semanas prometendo trazer a público medidas que dessem algum alento à combalida economia brasileira. As iniciativas foram anunciadas ontem e desnudam os estreitos limites da capacidade da presidente da República e de seu partido em oferecer saídas para a crise. Foi um vendaval de bobagens.

Num país altamente endividado e com inadimplência recorde, o governo petista teima em bater na tecla do aumento do crédito. É a cartilha da velha “nova matriz econômica”, na qual os petistas insistem desde 2008 e cujo maior feito até hoje foi ter produzido a maior recessão da história do país.

O governo acena com a injeção de R$ 83 bilhões na economia. Mesmo que o ambiente atual não fosse de horror a novos endividamentos, o valor já seria irrisório. Dá menos de 3% do estoque de crédito disponível no mercado. Um exemplo específico: para um país que exportou quase US$ 200 bilhões no ano passado, abriu-se agora uma linha de apoio de R$ 4 bilhões...

De novo, os bancos públicos foram chamados a atuar – até porque provavelmente os privados recusariam compartilhar uma ação em tão flagrante conflito com a realidade. Caberá ao BNDES, ao Banco do Brasil e à Caixa oferecer o dinheiro que quase ninguém quer tomar emprestado. De novo também, o grosso dos recursos virá da poupança dos trabalhadores: cerca de 60% do pacotinho anunciado ontem provém do FGTS.

Há consenso amplo, geral e quase irrestrito de que o problema da economia brasileira – também notável por praticar os maiores juros do mundo – não é de escassez de crédito, já que não há demanda entres consumidores ou empresários por novos financiamentos ou empréstimos, cujas concessões caíram 14% no ano passado. O problema é como produzir com mais produtividade, baixar custos e competir com o resto do mundo.

Em relação ao que de fato interessa, a presidente e seu governo não ofereceram nada ontem, diante do numeroso Conselhão. Sobre as reformas estruturais que o país precisa para retomar o crescimento, apenas breves menções, tão genéricas quanto descompromissadas. É o caso da previdenciária, da trabalhista e da tributária, para ficar apenas nas mais relevantes.

Dilma passou longe de expor alguma visão mais consistente sobre como estancar o rombo nas contas da Previdência. Conforme divulgou ontem o Banco Central, no ano passado o déficit nas aposentadorias saltou para quase R$ 86 bilhões, com alta de 51%, e deve atingir R$ 131 bilhões neste ano, segundo projeções atualizadas.

Um único aspecto positivo surgido ontem na reunião do Conselhão foi a disposição, muito incipiente, de limitar o crescimento do gasto público – ideia que já foi considerada “rudimentar” por Dilma Rousseff no passado. Mas, como toda iniciativa correta, foi deixada para depois, talvez para quando este governo já não existir mais.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Condomínio fraudulento

Com a deflagração de mais uma fase da Operação Lava Jato, as instituições avançaram ontem um pouco mais no intento de passar o país a limpo. As investigações em marcha se aproximaram ainda mais de Lula. Mas revelam também que, quando o que está em jogo é dinheiro, o PT e seus satélites são verdadeiros algozes dos trabalhadores.

No centro das investigações da Lava Jato agora está o tríplex à beira-mar que a OAS preparou para receber a família do ex-presidente. O Ministério Público de São Paulo também já estava no encalço de Lula, sob a suspeita de que a cobertura no Guarujá (SP) nada mais é do que um mimo dado pela construtora ao ex-presidente. Ou seja, propina disfarçada.

Desde que o caso veio a público, em reportagem d’O Globo de dezembro de 2014, Lula tenta brecar as revelações. Ele chegou a mover processo contra jornalistas do jornal e, no fim do ano passado, teve um pedido de indenização negado pela Justiça do Rio. A verdade incomoda.

Os novos passos da investigação da Lava Jato baseiam-se na constatação de que o tríplex foi integralmente preparado pela empreiteira para atender o gosto do freguês e receber Lula e família com conforto faraônico de frente para o Atlântico. Enquanto os demais imóveis eram entregues a seus proprietários no osso, o do líder petista sofreu reforma de R$ 777 mil.

Reforçam a constatação os depoimentos de um engenheiro dado ontem ao Jornal Nacional e o de um primo de Luiz Gushiken publicado hoje pelo Globo. Ambos não têm dúvidas: o tríplex era de Lula e a OAS ingressou no empreendimento falido da Bancoop para concluir as obras após interferência do ex-presidente.

A lista de pessoas apanhadas ontem pela Lava Jato mostra como a cooperativa dos bancários – que já teve o hoje ministro Ricardo Berzoini e o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto à frente – zelava pelos interesses de seus associados. Eles perderam os investimentos que lá fizeram, enquanto próceres petistas se davam bem: mais de 3 mil mutuários do Bancoop foram lesados em até R$ 170 milhões.

O tríplex de Lula e o beiço aplicado pela Bancoop nos seus associados exemplificam como age a máquina de levantar dinheiro para o PT. Os trabalhadores entraram na história aportando o suado dinheiro de suas economias e ficaram com o calote, enquanto aos mandachuvas do partido sobraram as benesses.

Tanto o entorno de Lula quanto o Planalto mostraram-se alvoroçados ontem. Dilma Rousseff, ecoando a recente carta-aberta dos advogados, viu ares de Idade Média nas investigações. São reações a um mesmo sentimento: o de que a Justiça e as instituições estão marchando fortes para punir quem transformou o Brasil num cofre a ser arrombado.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Do tamanho de um mosquito

A epidemia de casos de dengue, chicungunya e zika é o retrato do abandono do país por parte do governo petista. O Brasil do século 21 convive com doenças que se imaginava há muito superadas. Fruto do descaso com a saúde dos brasileiros, mas também com a melhoria das condições básicas de vida, a começar pelo saneamento. Fruto de governantes que só se importam mesmo em continuar no poder.

Em 2015, o país bateu recorde de casos de dengue (1,6 milhão) e de mortes decorrentes da doença (863). Na gestão Dilma, além da dengue, o Brasil mudou de patamar e passou a conviver também com a chicungunya e a zika, todos transmitidos pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. Hoje somos tidos como ameaça internacional, devido à relação direta entre o vírus zika e a má-formação cerebral em bebês.

No início de 2015, quando grávidas já estavam sendo infectadas, o então ministro da Saúde, Arthur Chioro, dizia que o vírus não preocupava. A primeira notificação do zika no país aconteceu três meses depois. De lá para cá, os casos de bebês com microcefalia decolaram. Hoje já são 4 mil, segundo O Globo. Há quem preveja que serão 100 mil até o fim deste ano.

Durante todo o período, o governo petista pouco fez para enfrentar o problema. Quando agiu, atrapalhou. Quando se manifestou, virou motivo de galhofa. Preferiu sempre o espetáculo à ação diária, séria e responsável de combate à epidemia. Agiu como se tivesse o tamanho de um mosquito. Falhou sempre.

Em julho passado, o governo editou portaria (n° 1.025) que acabou por diminuir, na prática, o número de agentes que poderiam ser contratados para o combate ao mosquito transmissor do vírus da dengue, da chicungunya e da zika. Teve que voltar atrás, meses depois, porém.

Criou, sempre, mais dificuldades que facilidades. Pesquisas para identificar e encontrar formas de combater a zika minguam sem recursos. O teste final para produção da vacina contra a dengue dormiu nas gavetas durante oito meses antes de ser finalmente liberado pela Anvisa no fim de 2015.

Apenas em novembro, com os casos de dengue e as mortes decorrentes da doença já batendo recordes, a presidente da República começou a falar em agir para combater a proliferação do vírus zika pelo país afora. Naquela altura, nove estados já estavam sob epidemia e centenas de bebês já haviam nascido com microcefalia.

As providências oficiais foram as de praxe, em se tratando do modus operandi petista: primeiro foi criado um grupo de trabalho. Duas semanas depois, surgiu um plano nacional de enfrentamento à doença, pomposamente dividido em três eixos de ação, com salas de coordenação e controle sob a responsabilidade de 17 ministérios, além do Exército.

Neste meio tempo, as ações se caracterizaram pela pirotecnia: a escalação das Forças Armadas para eliminar criadouros do mosquito transmissor; a distribuição de repelentes para 400 mil grávidas atendidas pelo Bolsa Família; a promessa furada de que todos os imóveis do país seriam vistoriados – apenas 15% o foram – e, agora, a proposta de pagar um salário mínimo a bebês com microcefalia.

Não há resultados positivos à vista. Pelo contrário. A situação piorou, e muito. Hoje, apenas dois meses depois que o governo se deu conta de que precisava agir, por meio de seu grupo de trabalho e de seu “plano de enfrentamento”, o número de casos de microcefalia decorrentes do vírus zika multiplicou-se por dez.

Nestas últimas semanas, o máximo que o governo petista conseguiu foi emitir recomendações estapafúrdias. A começar pela feita pelo Ministério da Saúde sugerindo às mulheres que postergassem a gravidez para não correr risco de infectar os bebês. Em seguida, veio a “torcida” para que as meninas pegassem a doença antes de entrar em período fértil. Parecia piada, mas não era.

Com a propagação do vírus ocorrendo em proporção geométrica, o Brasil virou ameaça internacional. O país passou a figurar entre as áreas que se recomenda a turistas, principalmente grávidas, evitar por causa do risco de contágio do vírus zika. Viagem ao Brasil? Apenas em casos de extrema necessidade, aconselha-se.

Para piorar, o combate à epidemia foi deixado em segundo plano diante da guerrinha partidária de sempre no seio do governo. Uma ala acusa a outra de querer enfraquecer o ministro de turno a fim de tentar tomar o butim do bilionário orçamento da Saúde. No fim das contas, é só por isso que se interessam.

Da presidente da República não se ouvem ideias ou ações articuladas para fazer frente à epidemia. Sabe-se apenas que ela torceu o nariz para as declarações do ministro da Saúde, para quem o Brasil está “perdendo feio” a guerra contra o mosquito da dengue.

A própria maneira e os critérios adotados para preenchimentos dos principais escalões e a formação das equipes nos governos do PT chancelam esta guerra inócua e improdutiva. O que está em jogo é apenas o xadrez para a preservação do poder. Pouco interessam as agruras da população. A um governo assim, basta um mosquito para derrotar. Para os brasileiros, sobraram a dengue, o zika e a chicungunya.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Agora é que é ele

Luiz Inácio Lula da Silva está no centro das atenções. Não pelas suas qualidades, como ele acha que merece. Mas pelas crescentes suspeitas de que tornou seu governo um balcão de negócios e, fora dele, atuou de maneira incessante para transformar dificuldades em facilidades e lotear o Estado brasileiro para os amigos do rei.

Lula está a um passo de ser denunciado pelo Ministério Público por crime de ocultação de patrimônio. O promotor encarregado da investigação tem certeza de que um tríplex de frente para o mar em Guarujá (SP), avaliado em R$ 2,5 milhões, é um mimo da Construtora OAS ao ex-presidente, segundo a edição da revista Veja desta semana.

A cada passo dado pela Justiça, pela polícia ou pelas nossas instituições de fiscalização e controle, como o MP ou o TCU, mais claro fica que o líder-mor dos petistas envolveu-se de corpo, alma e bolso na montagem do esquema corrupto que, desde o mensalão, desvia dinheiro do povo brasileiro para financiar o projeto de poder do PT.

Além do tríplex, Lula também teria sido agraciado com benfeitorias em um sítio que possui em Atibaia, no interior paulista. Assim como no Guarujá, o agrado coube à OAS, cujo ex-presidente, o empreiteiro Leo Pinheiro, está condenado a 16 anos de prisão por participação em crimes investigados no âmbito da Operação Lava Jato.

Mas a lista de casos duvidosos envolvendo Lula ou algum de seus familiares é muito mais extensa. Uma das frentes de investigação são operações financiadas pelo BNDES no exterior, alvo de CPI na Câmara. Segundo o que se apurou até agora, Lula era especialista em “flexibilizar exigências” para que o dinheiro do contribuinte brasileiro irrigasse negócios suspeitos de seus compadres lá fora, como mostra o Valor Econômico.

Um destes negócios (a aquisição de blocos de petróleo em Angola) pode ter rendido propina suficiente para ter bancado metade do custo da campanha à reeleição de Lula em 2006. Há, ainda, as transações envolvendo o pecuarista José Carlos Bumlai, amigão do peito do ex-presidente, que recentemente admitiu com todas as letras que captava dinheiro sujo para o PT.

Mas tem muito mais. Tem a compra de medidas provisórias para favorecer empresas automobilísticas. E agora também a suspeita de ligação entre o recebimento de R$ 2,5 milhões por parte do filho de Lula, Luis Cláudio, e o acordo para a fabricação de caças suecos da Saab no Brasil, conduzido pela FAB. Interrogado no início do mês sobre isso, Lula, mais uma vez, disse que nada sabia.

Para quem se diz o mais honesto dos mortais, Lula tem uma ficha corrida extensa demais para ser explicada. Ele acha que, assim como durante boa parte de sua trajetória política, conseguirá se livrar das acusações no gogó. É melhor ir colocando as barbas de molho, porque a hora de seu acerto de contas com a Justiça chegou. Agora é que são elas.

sábado, 23 de janeiro de 2016

A máquina de dizimar empregos

Fazia 23 anos que o Brasil não tinha tantos empregos eliminados. A destruição do mercado de trabalho patrocinada pelo PT só encontra precedente no governo de Fernando Collor. Em breve, os petistas já não terão concorrentes: passarão para a história como quem mais desempregou no país.

Segundo dados do Caged divulgados ontem, 1,542 milhão de empregos foram dizimados no ano passado. Isso significa 4,2 mil empregos eliminados a cada dia de 2015. Apenas em dezembro, foram fechadas 596 mil vagas. Foi o nono mês seguido de baixa.

O total de contratações caiu 18% no ano: foram 4 milhões a menos, apesar de o governo achar que “as conquistas dos últimos anos estão preservadas”. Onde?

Desde 1999, o saldo não ficava negativo. Em 2014, o desempenho do mercado de trabalho ainda era positivo, com criação de 421 mil postos de trabalho. Tão cedo isso não deve voltar a se repetir, dada a tendência de crescimento do desemprego, no mesmo ritmo do aprofundamento da recessão.

O número de empregos eliminados no ano passado anula todo o saldo positivo obtido nos dois anos anteriores (2013 e 2014). Como a perspectiva é de mais cortes neste ano, numa magnitude que deve pelo menos repetir a do ano passado, o país deve chegar ao fim de 2016 zerando todo o ganho do mercado de trabalho conquistado desde 2011.

Entre todos os setores da economia, o único que ainda gerou algum saldo positivo foi a agricultura (9,8 mil). Os demais demitiram muito mais do que contrataram. Novamente, a indústria foi o segmento que mais sofreu, com 609 mil empregos a menos – em 2014, as fábricas já haviam eliminado 164 mil vagas.

Em todos os anos do governo Dilma, a geração de empregos caiu no país em comparação com o ano anterior, até chegar à hecatombe destruidora de 2015. Para piorar, as poucas oportunidades que ainda são criadas são mal remuneradas, pagando preponderantemente menos de dois salários mínimos. O emprego no Brasil é hoje raro e precário.

Segundo outro indicador do mercado de trabalho, a Pnad Contínua, calculada pelo IBGE, 9 milhões de pessoas estão hoje em busca de emprego no Brasil. O número – relativo ao trimestre entre agosto e outubro e conhecido na semana passada – aumentou 38% nos últimos 12 meses: foram 2,5 milhões de desempregados a mais em apenas um ano.

Para complicar, quem consegue se manter empregado vê sua renda derreter. Segundo o Caged, os salários de admissão caíram 1,6% no ano passado, já descontada a inflação. Isso não acontecia desde 2003. De acordo com o IBGE, a renda do trabalhador também já havia caído 1% em outubro. Por causa também da inflação, o salário já não cabe no mês.

É consenso entre os analistas que o que está ruim vai ficar muito pior nos próximos meses. A perspectiva é de aumento do desemprego, com maior ênfase agora no setor de serviços. Entre 2014 e 2016 é possível que o número de desocupados aumente em 5 milhões, chegando a 11,4 milhões de brasileiros, segundo estudo da FGV.

O desemprego é a chaga mais dramática da crise sem precedentes que o país atravessa. Mais preocupantes ainda são os sinais de que, para tentar enfrentar a situação, o governo e o PT buscarão retomar o caminho fracassado que resultou na ruína econômica atual. Se assim for, a máquina de destruição petista continuará avançando, sem parar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A esperteza engole o dono

O ex-presidente Lula novamente se valeu de entrevistadores dóceis e, não raro, financiados com dinheiro público pago pelos governos do PT para despejar suas versões distorcidas da realidade. Só plateias cativas aceitam sem contestar a visão deturpada que o petista apresenta sobre as condições atuais do país.

É de se pensar se Lula ousaria dizer o que pensa diante um público isento. Provavelmente, não. Provavelmente sequer conseguiria concluir sua ladainha. O povo não é bobo, ao contrário do que acha o petista. Hoje o ex-presidente depende de ambientes controlados até para circular – enquanto ainda pode circular... É um triste ocaso.

Lula deveria aproveitar os canais de que dispõe – a imprensa independente, ao contrário do que ele diz, lhe franqueia amplos espaços – para manifestar-se sobre as cada vez mais fortes suspeitas de que articulou, azeitou e se envolveu diretamente no esquema de corrupção que vem sangrando o Brasil nos últimos 13 anos.

Ao invés disso, prefere caçoar dos brasileiros. Entre tudo o que disse ontem, uma de suas afirmações mais grotescas é a que escarnece dos que trabalham duro diariamente, com dignidade, ética e contra todas as adversidades que o governo lhes impõe, dizendo que “não existe viva alma mais honesta” que ele, Lula. O povo brasileiro merece respeito.

É um escárnio quando aquele que surge nas investigações como provável artífice do esquema de corrupção que levou o país ao fundo do poço, atolado em roubalheira, se diz “mais honesto” que qualquer um de nós. A resposta a isso é a indignação dos que trabalham, produzem, investem. E também o repúdio ao que Lula representa.

Só a alienação da realidade ou, mais provavelmente, a má-fé podem justificar as versões de Lula sobre o que acontece hoje no Brasil. É sua conhecida propensão a torturar os fatos que o leva a sustentar que o país deve aos governos do PT pelo enfrentamento à corrupção. É sua velha esperteza que tenta vender ao país a versão de que a crise atual nada diz respeito às ações dos governos petistas, a começar pelo dele.

Lula despeja as mesmas receitas equivocadas para enfrentar a recessão e ainda inventa culpados imaginários para erros que são dele e de sua pupila, Dilma Rousseff. O ex-presidente tenta desviar a atenção da realidade, desvencilhar-se da crise, mas é ele, na realidade, o demiurgo do estrago atual, que sua criatura cuidou de aprofundar.

Não são fantasmas os responsáveis pelas dificuldades que assombram os brasileiros. Quem está destruindo o projeto de inclusão social – que, ao contrário do que diz o ex-presidente, não começou em 1° de janeiro de 2003 – é o governo do PT. Quem está levando o Brasil a uma recessão sem precedentes na história é o governo do PT. Quem põe em risco a estabilidade econômica e o emprego é o governo do PT.

É por isso que os brasileiros querem ver o PT longe do poder e Luiz Inácio Lula da Silva pagando por tudo o que cometeu.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O PT enquadra o BC

Alexandre Tombini achou no relatório do FMI o pretexto que buscava para baixar a cabeça para o Planalto e, pior ainda, fazer o que o PT quer: afrouxar as políticas de combate à inflação e abrir caminho para a volta da falida “nova matriz econômica”.

Ontem, numa atitude sem precedentes, o presidente do Banco Central adiantou o movimento que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve fazer hoje, ao definir a nova taxa básica de juros. As apostas passaram de um quase consenso em torno de um aumento de 0,5 ponto percentual para uma alta menor ou mesmo a manutenção da Selic.

Tombini disse, num comunicado curto, que considerou “significativas” as revisões das projeções de crescimento do PIB brasileiro divulgadas ontem de manhã pelo FMI. Afirmou, ainda, que tais informações seriam “consideradas nas decisões” tomadas pelo Copom.

A manifestação veio após o FMI revisar muito para baixo suas projeções para o crescimento do país neste e no próximo ano e jogar sobre o Brasil a responsabilidade de ser um dos principais fatores de desaceleração da economia global. 

A estimativa para este ano é agora de uma queda de 3,5%, ante previsão de recessão de 1% feita em outubro. Para 2017 descartou-se a chance de crescimento, antes estimado em 2,3% e agora igual a zero.

O que o FMI agora diz ter visto com cores mais sombrias, os agentes econômicos brasileiros já vêm percebendo há tempos – no Boletim Focus desta semana, a queda deste ano é projetada em 3%. Será que só agora Tombini resolveu considerar que a economia brasileira está embicada para baixo de forma “significativa” e duradoura, numa mistura tóxica de recessão e inflação em alta?

Importa menos a decisão em si que o BC vai tomar no fim da tarde de hoje sobre os juros. O realmente sério e grave é a sinalização inequívoca de que quem deveria zelar pela inflação mais baixa – este é o mandato que cabe à autoridade monetária – baixou a cabeça e aceitou o cabresto de gente que levou o país ao desastre atual.

Foram as políticas ruinosas de Dilma, seguindo a linha ditada por Lula, e a leniência do BC que permitiram a decolagem da inflação nos últimos anos. Desde 2009 a meta não é cumprida, até que chegamos ao estouro espetacular do ano passado. Vencer a carestia foi objetivo sempre postergado pelo BC para o ano seguinte, e nunca conquistado. Por longo prazo a perspectiva é de preços em forte alta no país.

O temor é de que a possível manutenção dos juros hoje seja o passo inaugural da volta à política malfadada de incentivo irresponsável ao crédito e de impulsos artificiais ao consumo cujo resultado foram preços galopantes, recessão prolongada, desemprego e crise social. É o que o PT anseia e pelo que boa parte do governo torce. O Banco Central conseguiu alinhar-se completamente ao restante da gestão petista: rifou de vez a sua credibilidade.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A destruição da Petrobras

A nova queda sofrida ontem pela Petrobras é carregada de simbolismo. A empresa passou a valer no mercado o mesmo que valia no ano em que o PT ascendeu ao poder. Fica evidenciada, de uma vez por todas, a associação direta entre a gestão ruinosa adotada pelo partido – tanto na estatal quanto no país como um todo – e a destruição de valor.

Em termos nominais, os papéis da Petrobras caíram ontem ao menor nível desde novembro de 2003, o primeiro ano de Lula como presidente da República e de Dilma Rousseff como presidente do conselho de administração da companhia. Descontada a inflação, as ações passaram a valer tanto quanto valiam no fim do século passado. É o custo de 13 anos de desmanche.

Em apenas duas semanas, a Petrobras derreteu 27%. Um dos fatores é a baixa voraz das cotações mundiais de petróleo, acentuada pela volta do Irã, sétimo maior produtor global, ao mercado. Mas a situação da companhia brasileira é ímpar e o valor da estatal tem caído muito mais que o de suas congêneres internacionais. A petroleira brasileira está mais cara, além de representar risco muito maior, agravado pela má gestão e pela corrupção que o PT nela inoculou.

As ações da estatal valem hoje 14% do que chegaram a valer em 2008, na auge da euforia e do ufanismo petista em torno das “maravilhas” do pré-sal e de mentiras vendidas pela cara propaganda oficial, como a da autossuficiência na produção de petróleo e derivados. Ou seja, oito anos atrás a Petrobras valia sete vezes mais do que vale hoje.

É comum dizer que a antes maior empresa do Brasil chegou ao fundo do poço. Não mais. Ninguém mais sabe quando a desintegração da Petrobras terá fim; com o PT, ninguém é capaz de dizer que pelo menos terá algum fim. Com as quedas recentes, a Petrobras deixou de figurar entre as 500 maiores companhias do mundo.

A empresa não consegue cumprir seu papel essencial: produzir mais, com eficiência, e gerar lucro para seus acionistas e benefícios para a sociedade brasileira. A produção cresce pouco, as metas nunca são alcançadas – a estimativa para o fim desta década caiu 33% recentemente. Sua dívida é explosiva, tornando-a a maior devedora do mundo: R$ 507 bilhões.

Superendividada, mal gerida e tomada de assalto por um grupo político, no ano passado a Petrobras foi rebaixada por todas as agências de classificação de riscos e seus papéis desceram à categoria de lixo especulativo. Com isso, as portas do mercado de crédito foram fechadas à empresa, dificultando ainda mais sua gestão e diminuindo as possibilidades de recuperação. O poço não tem fim. 

Os petistas vivem dizendo que seus adversários adoram depreciar o patrimônio público para entregá-lo de mão beijada a investidores privados. Mas quem dilapidou não só a Petrobras mas também outras estatais, como a Eletrobrás, foram os governos do PT, que agora avaliam vender maciçamente ativos quando os preços estão lá em baixo e ninguém está disposto a correr riscos no mercado de petróleo.

Na bacia das almas entram ativos como a Transpetro, a Braskem, a BR Distribuidora, refinarias adquiridas desastradamente, como Pasadena (EUA) e Okinawa (Japão), e até as outrora sagradas reservas do pré-sal.

Sem alternativas, a estatal pode se ver socorrida pelo Tesouro, seu principal acionista, para não quebrar de vez. Isso significa que toda a sociedade brasileira pode ser chamada a pagar a conta da destruição da Petrobras pelo PT. De quebra, um possível aporte agravará ainda mais a situação da já explosiva dívida pública.

Para se recuperar, a estatal precisa, primeiro, extirpar o cancro da corrupção que o PT incrustou nela. Em segundo lugar, tornar a ser uma empresa profissionalizada, voltada a produzir benefícios para toda a sociedade brasileira, na forma de lucros.

E, não menos importante, necessita se livrar dos abacaxis que as gestões Lula e Dilma lhes impuseram, como negócios ruinosos destinados apenas a gerar dinheiro para alimentar o PT e seus aliados.

É preciso, também, acabar com o sobrepeso decorrente das regras do regime de partilha e da política de conteúdo local – que ontem começou a ser desmontada como parte das tentativas desesperadas do governo para dar algum alento à indústria de petróleo no país. 

Sem isso, riquezas que poderiam estar sendo exploradas, gerando benefícios para a sociedade, tornaram-se berço esplêndido sob o qual o país repousa, paradão, destruído pelo PT.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Balcão de negócios

Quanto mais se investiga, mais certeza há de que a passagem do PT pelo poder é a mais corrupta da história do país. Quanto mais os trabalhos da Operação Lava Jato, e das instituições envolvidas nas apurações, avançam mais fica claro que o partido se lambuzou de cabo a rabo, dos peixinhos aos tubarões.

Desde o início do ano, vêm sendo divulgadas novas revelações obtidas por meio de depoimentos de envolvidos no escândalo do petrolão. O fio comum é a onipresente participação de petistas e seus aliados em maracutaias, desvios de dinheiro público, manipulação de contratos – enfim, toda sorte de manobras para pôr o Estado brasileiro a serviço do partido.

Os indícios que vêm surgindo mostram que a teia de corrupção não era tecida apenas nos escalões inferiores. Pelo contrário. O andar de cima mergulhou fundo na montagem do esquema que, desde o mensalão, loteou a máquina pública, assaltou os cofres do governo, encheu as arcas do PT e os bolsos de petistas. Entre presidentes da República e ministros de Estado, o papo corrente foi sempre o mesmo: corromper.

A partir de depoimentos de Nestor Cerveró, que dirigiu a Petrobras na época em que Dilma Rousseff comandava o conselho de administração da estatal, restou claro que tanto Lula quanto a atual presidente da República podem ter agido diretamente para traficar interesses dentro do governo.

O ex-presidente teria presenteado Cerveró com cargo público depois que este participou de uma operação em que uma empresa foi contratada pela Petrobras após repassar dinheiro a um amigo de Lula, que, por sua vez, usou a grana para ajudar o PT. Já Dilma teria tratado diretamente com o senador Fernando Collor sobre a partilha de cargos na BR Distribuidora.

As suspeitas sobre Lula já são tantas que o líder-mor do PT já se tornou habité em depoimentos à Polícia Federal – o último ocorreu no dia 6 deste mês. Mais uma delas vem à tona hoje, na edição do Valor Econômico: a aquisição de blocos de petróleo em Angola teria gerado propina de R$ 50 milhões – o equivalente a metade do seu custo – à campanha de reeleição do ex-presidente.

Não são apenas as estrelas maiores do PT que estão sob a mira das investigações. Uma constelação de atuais e ex ocupantes dos principais cargos da República aparece sob suspeita. É o caso de Jaques Wagner, que faz valer a regra de que a Casa Civil tornou-se um dos mais ativos balcões de negócios dos governos petistas. Ou de Edinho Silva, que também corrobora a escrita que envolve rigorosamente todos os recentes tesoureiros de campanha do PT em escândalos.

Deve ser por estar chegando tão alto, e tão perto de quem realmente precisa ser punido, que a Lava Jato tornou-se alvo do governo e de sua tropa de aliados. Basta ver a raivosa carta divulgada por um grupo de advogados ou, pior ainda, a medida provisória editada por Dilma no apagar das luzes de 2015 para enfraquecer as ações anticorrupção no país e o corte de verbas para tentar sufocar a Polícia Federal.

É o melhor sinal de que está corretíssimo o caminho das investigações trilhado pelas instituições e pela Justiça do país para responsabilizar o PT por toda a roubalheira que patrocinou.