sábado, 30 de abril de 2016

Dia dos Sem Trabalho

O 1° de Maio não será de comemoração para o trabalhador brasileiro. Infelizmente, o desemprego deixou de ser apenas um fantasma e passou a habitar lares de milhões de famílias. Voltar a gerar empregos deve ser o primeiro objetivo do governo que assumirá o comando da nação nas próximas semanas.

Nesta manhã, o IBGE revelou que o desemprego voltou a bater recorde no país, de acordo com a nova rodada da Pnad Contínua, que mede o comportamento do mercado de trabalho em cerca de 3.500 municípios.

A taxa de desocupação atingiu 10,9% no primeiro trimestre, o que equivale a alta de três pontos percentuais em apenas um ano. O país tem agora nada menos que 11,1 milhões de pessoas sem emprego. São 3,2 milhões a mais do que no primeiro trimestre do ano passado.

Se a comparação for feita com a época em que a presidente Dilma Rousseff obteve sua reeleição, a bordo de um marketing fantasioso que jurava que o Brasil vivia em “pleno emprego”, o exército de desempregados já ganhou mais 4,6 milhões de pessoas.

A população desocupada cresceu 40% em apenas um ano. Se considerado o período desde a reeleição do engodo, aumentou 72%. Para complicar, muito provavelmente este contingente vai continuar subindo nos próximos meses, enquanto a economia não encontrar algum porto seguro para voltar a avançar.

Quem consegue manter-se no emprego vê seus vencimentos despencarem. Os rendimentos caíram 3,2% sobre o mesmo trimestre do ano passado. É reflexo não apenas da maior desocupação, mas também da precarização do mercado: os empregados com carteira assinada diminuíram 4% em um ano.

Este é o maior desafio a ser encarado de imediato pela equipe de Michel Temer. Neste sentido, a agenda das primeiras medidas econômicas cogitadas pelo novo governo é alvissareira. Pretende-se enfrentar o descalabro das contas públicas patrocinado pelo PT e, na outra ponta, desatar os nós que travaram os investimentos privados durante anos.

É especialmente auspiciosa a possível indicação de José Serra para o Ministério das Relações Exteriores, a partir de agora também imbuído das negociações comerciais do país. Sabe-se do ímpeto do senador pela ampliação de mercados para produtos brasileiros no exterior e da sua adequada visão em favor da revisão das amarras que hoje embaraçam nossa política comercial em razão das regras impostas pelo Mercosul.

Todas as ações doravante deverão estar voltadas a redinamizar a economia brasileira, gerar riqueza e emprego, superando a asfixia do intervencionismo e da leniência no trato dos recursos públicos. Foi esta salada indigesta de má gestão, incompetência e ideologia démodé que tirou o prato de comida da mesa de milhões de brasileiros hoje sem emprego.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Partido do Terror

Dilma Rousseff vai sendo aos poucos relegada a pé de página de jornal, o espaço que a história lhe reservará em razão do desastre a que conduziu o Brasil. Mas seu partido não se mostra nem um pouco disposto a depor armas. O PT pretende transformar os dias do futuro governo num inferno. É a estratégia do terror de quem sempre conviveu mal com a democracia.

Ao longo de todo o processo do impeachment, os petistas deixaram evidente sua repulsa aos preceitos do Estado democrático de direito. De forma insistente, tentaram – ainda tentam – tachar de “golpe” um processo plenamente amparado na Constituição. Prometem agora fazer a presidente, uma vez afastada, rodar o mundo para vender sua tese golpista e, assim, denegrir ainda mais a já devastada imagem do país no exterior.

Mas o desapreço pela convivência democrática vai muito além. Numa reunião ontem, um dos ministros de Dilma, o presidente do PT e a bancada do partido na Câmara definiram procedimentos para a desocupação da Esplanada dos Ministérios. A ordem é tumultuar a transição de poder para o sucessor. Mais parecem as estratégias do MST: destruir tudo o que encontrar pela frente antes de desocupar as terras que invade.

Governos de transição são uma tradição do Brasil democrático. Assim foi, por exemplo, quando Fernando Henrique preparou-se para transferir a faixa presidencial para Lula. Tudo precedido de criteriosa passagem de bastão entre as equipes ministeriais, com regras fixadas em decreto. “Seriedade e transparência” foi a ordem dada pelo presidente tucano para nortear a transição, segundo registraram os jornais à época.

Mas sujeitar-se a regras de civilidade e aos ditames da alternância de poder não é com o PT. Na transição para Michel Temer, “ninguém vai sair bagunçando gabinetes, mas não vamos entregar tudo de mão beijada”, disse um petista palaciano ao Valor Econômico. “Até arquivos com dados estratégicos da administração estariam sendo apagados”, informa O Estado de S. Paulo. Nestas duas frases se condensa o retrocesso também institucional a que o país foi submetido nestes 14 anos pelo petismo.

Tudo muito coerente com a herança maldita que Dilma deixará a seu companheiro de chapa. Como se não bastasse o cenário de terra arrasada que o governo petista legará a seu sucessor, a presidente também se prepara para editar medidas de última hora para constranger o governo entrante, parte delas capazes de piorar ainda mais a situação das contas públicas. O compromisso com o país – mais uma vez é evidente – é nenhum.

A história é conhecida e ora novamente se repete: sempre que teve que optar entre o partido e o país, o PT ficou com o PT. E dane-se o resto, seja a Constituição, a democracia ou os interesses maiores do povo brasileiro. A ordem unida dos partidários de Lula, Dilma, dos mensaleiros e beneficiários do petrolão é clara: sabotar o Brasil. Sempre.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Juros ainda escorchantes

Salvo mudança repentina, não deve haver surpresas na reunião de hoje em que o Copom decidirá a taxa básica de juros que vigorará pelos próximos 45 dias. Isso não significa, porém, que o Brasil tenha voltado à normalidade em termos de política monetária. Continuamos sendo, neste quesito, o ponto mais afastado da curva em todo o mundo.

O Brasil ainda lidera, com folga, o ranking mundial dos juros. Segundo levantamento feito permanentemente pela consultoria Infinity Asset, a Selic garante hoje taxa real, ou seja, acima da inflação, de 7,6% ao ano. A Rússia, que ocupa a segunda posição na lista, pratica juro básico de 2,6%. Na média das 40 principais economias do mundo, o juro encontra-se em terreno negativo (-1,5%).

A taxa básica brasileira foi sendo catapultada ao nível atual tão logo Dilma Rousseff obteve sua reeleição. Foram sete altas seguidas até que a Selic chegasse aos 14,25% em que estacionou desde setembro do ano passado. O patamar é o mais alto desde agosto de 2006, ou seja, em quase dez anos. Tudo indica que deve ficar aí por mais algum tempo.

A alta cavalar dos juros seguiu-se à fracassada tentativa do governo petista de baixar as taxas na marra, logo no início do primeiro mandato de Dilma. O ato voluntarioso surtiu os piores efeitos, sendo o mais nefasto deles reavivar a inflação, que chegou à casa de dois dígitos. A subida da Selic buscou justamente reverter esta escalada.

Nenhuma economia minimamente organizada consegue conviver com juros nos níveis como os praticados atualmente no Brasil. Os gastos decorrentes ajudam a destroçar as contas públicas, como tem acorrido. Nos últimos 12 meses, as despesas com juros praticamente dobraram e atingiram 9% do PIB. Isso dá R$ 540 bilhões. Para comparar, o valor equivale a quase 20 anos de Bolsa Família.

Os juros são hoje o remédio amargo que a política monetária dispõe para segurar a inflação, ainda na casa dos 10% anuais. A tarefa é dificultada porque a outra ponta da política econômica, a fiscal, colide contra os objetivos da estabilidade, ao continuar impulsionando os gastos do governo.

Por razões nada venturosas, a inflação brasileira começou a dar mostras de que pode ceder nos próximos meses. Os preços pararam de subir porque a recessão tirou dinheiro do bolso dos brasileiros, freou o consumo e obrigou empresas e comércio a baratearem seus produtos. Ao mesmo tempo, a alta das tarifas públicas estancou. Pouco a ver, portanto, com algum sucesso da política de juros altos.

O novo governo que começa a ser formado tem como missão resgatar o Brasil para o terreno da normalidade, em que os juros não esfolem a atividade produtiva e sabotem o êxito de qualquer política econômica. Não se pode perder de vista, porém, a imperativa necessidade de trazer a inflação de volta à sensatez dos limites do sistema de metas.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Governo Padrão 10

No seu apagar das luzes, a gestão da presidente Dilma Rousseff enfileira recordes, todos inglórios. É uma espécie de “governo padrão 10”, mas, infelizmente, sempre no campo negativo. Nunca antes na história tantos indicadores estiveram tão ruins, desenhando a pior recessão já vivida pelos brasileiros.

A principal marca do “governo padrão 10” é o desemprego. Já são 10 milhões de brasileiros sem trabalho e uma taxa de desocupação acima de 10%, segundo aferiu o IBGE com base no comportamento do mercado no trimestre terminado em fevereiro. O Brasil tornou-se detentor do triste título de país que mais gera desempregados em todo o mundo.

Também em torno de 10% ronda atualmente a inflação acumulada nos últimos 12 meses. Apenas em março, os índices de preço desceram levemente abaixo da casa dos dois dígitos, menos por êxito da política de combate à carestia e muito mais em função da recessão, que freia o consumo e obriga empresas e comerciantes a baixarem preços.

Consequência direta da falta de emprego e do dinheiro mais curto no bolso, os brasileiros estão ficando mais pobres. A renda per capita da população já caiu dois anos seguidos desde 2014 e a queda deve superar os 10% até o fim deste ano. Alguma recuperação de tamanha perda só é vislumbrada no fim da atual década.

Como se não bastasse, o cabalístico número dez também dizima as contas públicas sob o governo Dilma. O déficit nominal do governo central encontra-se atualmente próximo de sua máxima histórica e alcança inacreditáveis 10,75% do PIB. Traduzido em moeda sonante, isso equivale a um rombo de R$ 638 bilhões no acumulado em 12 meses, algo nunca antes visto.

Para coroar o desfecho da nefasta experiência petista no poder, o país deve experimentar quatro anos de queda e estagnação do PIB, que, acumulados, deverão resultar num retrocesso da nossa economia em torno 10% entre os anos 2014 e 2017. Com Lula e Dilma, o Brasil tornou-se um dos países que menos crescem no mundo e o lanterna da América Latina, junto com a penumbrosa Venezuela.

O novo governo que assumirá com o afastamento da petista precisa adotar uma agenda nova e radicalmente oposta à que vigorou nos últimos anos para tentar reverter o quadro. De qualquer forma, qualquer recuperação não serão nada fácil, dada a desastrosa herança que o PT legará a seu sucessor.

O Brasil tem condições de deixar para trás o padrão ruinoso que predominou nos últimos anos e voltar a ser um país nota 10, desde que torne a incentivar os investimentos, motor da geração de renda e empregos. Também é fundamental abdicar da danosa intervenção estatal que vigorou nos últimos anos e esfrangalhou nossa economia. Confiança e credibilidade serão os propulsores da desejada mudança.

terça-feira, 26 de abril de 2016

O pior da crise

Uma nova fornada de indicadores revela a face mais sombria da crise econômica. O desemprego segue em alta no Brasil, transformado pelo PT no país que mais gera desempregados em todo o mundo. Enquanto não houver mudança na condução da nação, não há perspectiva de melhora no horizonte.

Na semana passada, saíram as pesquisas mensais do IBGE e do Ministério do Trabalho sobre o mercado de trabalho. Segundo a Pnad Contínua, a taxa de desocupação superou 10,2% no trimestre encerrado em fevereiro. É o maior índice já aferido pela pesquisa, iniciada em 2012. Nos últimos 12 meses, a cada dia útil 11 mil pessoas foram postas na rua.

Em apenas um ano, o exército de desempregados deu salto de 40%. Desde que a presidente Dilma Rousseff obteve a reeleição, este contingente não parou de aumentar e soma agora 10,4 milhões de brasileiros. Há no país hoje quase 4 milhões de pessoas a mais sem trabalhar do que havia em outubro de 2014.

Na sexta-feira, foi a vez de o Caged mostrar que 1,8 milhão de vagas de trabalho foram eliminadas no país nos últimos 12 meses. O número ganha nuances ainda mais severas quando visto em retrospectiva. Foi a primeira vez, depois de 17 anos, que março registrou saldo negativo de geração de vagas de emprego. Também foi o pior resultado para o mês em 24 anos.

Todos estes indicadores evidenciam que o Brasil está vivendo um período de crise realmente aguda, resultado de iniciativas econômicas equivocadas e de uma visão de mundo danosa, que tornou mais difícil produzir e gerar empregos no país. É esta a face social que o governo petista diz ter dado a suas políticas públicas?

Estudo feito pelo Instituto Teotônio Vilela mostra que o problema do mercado de trabalho brasileiro não é meramente conjuntural, mas sim estrutural. O Brasil tornou-se em 2015 o país que mais gera desempregados no mundo, característica que deve se manter neste ano: segundo a OIT, um de cada três novos desempregados no planeta em 2016 será brasileiro.

Estamos na contramão do resto do mundo. No ano passado, apenas a Nigéria, país assolado pelo terrorismo do Boko Haram e falido pela queda das cotações de petróleo, se aproximou de nós no quesito destruição de empregos. A regra global hoje é empregar mais e não menos: a Espanha é o melhor exemplo, tendo gerado 714 mil novas vagas em 2015, enquanto o Brasil destruiu 2,6 milhões.

A preservação do emprego deve constar no topo da agenda do futuro governo que assumirá após o afastamento da presidente Dilma. Só a retomada da confiança de investidores, empresários, trabalhadores e consumidores será capaz de fazer voltar a girar a roda da economia e, com isso, impulsionar o retorno da geração de empregos. Mas tudo indica que a retomada ainda vai demorar bastante, porque o estrago feito pelo PT é imenso.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Propagandas mentirosas

Mesmo no apagar das luzes, o governo petista não perde o hábito. Estão no ar massivas campanhas de publicidade destinadas a tentar demonstrar que o país não está entregue às baratas, como qualquer um é capaz de perceber. Como não poderia deixar de ser, a nova leva de anúncios no rádio, nos jornais e nas TVs é uma enxurrada de propaganda enganosa.

A campanha aborda, principalmente, as ações do governo federal na área social. A gestão Dilma tenta ludibriar incautos, dando ares de normalidade a iniciativas como Pronatec, Fies, Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. Todas, ao contrário do que sustenta o PT, foram impiedosamente navalhadas pelos cortes orçamentários desferidos desde a reeleição.

Numa das peças, o governo petista diz que o Pronatec “cresceu” e vai oferecer 2 milhões de vagas de ensino técnico. Estranha pedagogia: a oferta prevista para este ano apenas recompõe parte da desidratação imposta no ano passado, quando foram abertas 1,3 milhão de vagas após o ápice de 3 milhões em 2014. Na campanha pela reeleição, Dilma prometeu 12 milhões de vagas até 2018; reeleita, cortou a meta à metade.

Com o Fies, que financia o ensino superior de estudantes carentes, dá-se o mesmo. A oferta de vagas caiu neste ano a um terço do que foi em 2014, não por coincidência o ano do vale-tudo da reeleição de Dilma. Mesmo assim, as travas impostas à concessão de novas bolsas praticamente dizimaram o programa: quase metade das vagas ofertadas neste semestre não foi preenchida porque os novos critérios dificultam a população elegível (com renda até 2,5 salários mínimos) de se candidatar.

O torrencial de empulhações prossegue com a peça sobre o Bolsa Família, que “há 12 anos vem mudando a vida de milhões de pessoas”, segundo as peças veiculadas. “O Brasil não vai parar”, promete. Pena que quem parou no tempo foram os próprios benefícios concedidos a cerca de 14 milhões de famílias: estão sem reajuste desde maio de 2014, período em que a inflação comeu 17% de seu valor.

A enganação em forma de propaganda oficial atinge seu ápice quando festeja a redução das contas de energia decorrentes da revisão da chamada bandeira tarifária. Com a medida, as tarifas devem cair 3,5% neste ano, segundo o Banco Central. Ocorre que, entre 2014 e 2015, subiram em média 77%, de acordo com o IBGE. Como se percebe, a comunicação petista está de piada ou, mais provável, de má-fé.

O PT alega que programas e ações sociais federais irão desaparecer depois que Dilma Rousseff sumir do mapa da política, afastada pela prática de crime de responsabilidade. A verdade é que a tesoura já ceifou sem piedade os benefícios destinados aos mais pobres. O dinheiro gasto na campanha publicitária voltada a sustentar o contrário seria mais bem aplicado se atendesse a população que mais precisa, ao invés de tentar enganá-la.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O lixo da história

O pronunciamento seguido de entrevista coletiva feito ontem por Dilma Rousseff teve como único objetivo talhar o figurino com que ela pretende passar para a história após tornar-se o segundo presidente da República do Brasil a sofrer impeachment. A petista tenta construir uma narrativa em que lhe caibam os papéis de vítima e de mártir da democracia. Tão falsa como uma nota de três reais.

Deliberadamente, Dilma confunde o impeachment com o regime de exceção da ditadura. Diz sentir-se “torturada” pela derrota imposta pelo voto de 367 deputados assim como o foi no seu passado de militante política. Afirma ver no processo atual, em que seu afastamento corre dentro dos estritos limites da Constituição, as mesmas características presentes num golpe de Estado.

Para começar, o passado de Dilma não é de democrata. Sua militância durante o regime militar sempre foi nas mais radicais células de combate revolucionário, devotadas a defender um regime ditatorial de esquerda nos moldes cubanos no Brasil.

Enquanto Dilma lutava nesta seara, muitos outros buscavam combater a ditadura pelas vias pacíficas. Foram estes, e não Dilma e seus grupelhos parceiros de luta armada, que ajudaram o país a reconquistar as liberdades. Dilma não estava lá.

Quantos dos muitos que também foram torturados e perseguidos pela ditadura militar, mas escolheram combater o regime com as armas da não violência, poderiam hoje ainda estar aí referindo-se ao passado como seu mais valioso ativo político, como faz a petista? Mas não, viraram a página e foram à luta construir um país melhor dentro dos limites institucionais reconquistados 30 anos atrás. Dilma ainda está parada lá.

Neste melancólico fim de feira, agora aliada aos mesmos que combateu no passado, a petista dedica-se apenas a cumprir um script que dê um final menos trágico ao “coração valente” que venceu duas eleições na base da fraude, locupletando-se da grossa corrupção que ela, omissa e conivente, deixou prosperar no interior do aparelho estatal petista.

Dilma aferra-se ao passado porque não tem um presente com que se defender.

Não é capaz de uma menção ou autocrítica à situação ruinosa a que conduziu o país, na contramão de um mundo que, na pior das hipóteses, caminha neste momento na esteira da estabilidade – e, em muitos casos, experimenta franca expansão. Fez ontem, aliás, o contrário: mais uma vez culpou seus opositores por “não permitirem que eu tenha, nos últimos 15 meses, governado em um clima de estabilidade política”. Não é uma graça?

Dilma fez questão de usar o pronunciamento que serviu como o primeiro réquiem de seu governo para prometer “lutar até o fim”. Deveria fazer diferente: deveria deixar no passado o figurino guerrilheiro que insiste em envergar, transcorridos todos estes anos, deveria depor as armas e abster-se de tumultuar a transição para um tempo em que a ela restará um lugar cativo no lixo da história.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Vitória dos brasileiros

O voto proferido pelo deputado Bruno Araújo às 23h07 da noite de domingo, 17 de abril de 2016, marca a esperança no início de uma nova era no Brasil. A aprovação da admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados precisa servir para demarcar um novo tempo em que a lei tem que ser cumprida por todos e o vale-tudo não pode ser admitido nem justificado pelo que quer que seja.

A votação de ontem é a vitória dos brasileiros que se indignaram e espontaneamente se mobilizaram para impedir que continuasse a prevalecer o governo da mentira, a estratégia do medo, a gestão do descalabro. Com a saída de Dilma, renasce a confiança em um Brasil melhor. Que ela não se frustre.

Dilma vai tombando pelo conjunto da obra: a desestruturação completa do Estado, a irresponsabilidade no trato da coisa pública, o desperdício do dinheiro do contribuinte, a promoção da maior crise econômica da história e a complacência com o maior escândalo de corrupção de que se tem notícia.

Mas há também as razões específicas que embasam, e justificam com sobras, juridicamente o processo de impeachment ao qual Dilma terá de responder.

As “pedaladas” constituem-se em crime porque caracterizam operação de financiamento do Tesouro Nacional por bancos públicos, o que é expressamente vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal em seu artigo 36. E por que é proibido? Porque, sem esta trava, o governo pode se sentir liberado a fazer o que bem entender com o dinheiro público. Foi isso o que Dilma fez: o objetivo deliberado das manobras fiscais sempre foi forjar uma realidade e enganar a população para obter mais um mandato.

Mas os crimes não pararam aí. Continuaram também em 2015, com a publicação de decretos em flagrante desacordo com a meta fiscal.

Quando estes créditos suplementares foram abertos, sem autorização do Congresso, o governo já sabia que não conseguiria produzir o superávit prometido. Quando deveria estar cortando despesas, a presidente da República insistia em aumentar gastos.

Por isso, o Brasil quebrou, como constatamos hoje. Por isso, o desemprego explodiu. Por isso, o país entrou em recessão.

O atual estado de coisas exige celeridade do Senado no prosseguimento do julgamento, até porque o país encontra-se acéfalo. Nada menos de oito dos 31 ministérios amanheceram hoje com o cargo de ministro vagos ou preenchidos por interinos – entre elas pastas cruciais para qualquer governo que se preze, como Saúde e Casa Civil, ou de enormes orçamentos, como o das Cidades. O governo desistiu do Brasil.

Mas Dilma não parece preocupada com a desintegração que penaliza a população. Promete “lutar até o fim”, como manifestou o advogado-geral da União, convertido em porta-voz da presidente.

Da mesma forma, o PT já dá mostras evidentes de que concentrará suas energias em azucrinar a vida do próximo governo. Não há muita novidade aí, porque o partido dos mensaleiros e do petrolão apenas retornará ao seu leito natural. De resto, com Dilma à frente, o petismo já se encarregou de transformar a vida dos brasileiros num inferno.

Promete-se para esta segunda-feira um pronunciamento da presidente. Espera-se que, desta vez, ela não enverede pela pregação sectária que marcou sua fala no vídeo divulgado pelo PT na noite de sexta-feira. Queira ou não, até ser definitivamente afastada do cargo, provavelmente em maio, Dilma continuará tendo que governar para todos os 200 milhões de brasileiros e não para a parcela diminuta da população que ainda a apoia.

Depois de ouvir o “sim” de 367 deputados ao seu impeachment, Dilma deveria – numa atitude inédita em toda a sua trajetória política – protagonizar hoje e nos próximos dias atos de humildade, de serenidade e de devoção ao país. Não adianta vir com propostas mirabolantes e diversionistas, ou, pior ainda, tentar afrontar a vontade majoritária dos brasileiros.

O que interessa agora à população brasileira é que este triste período da nossa história termine, para que desponte um novo tempo. É possível que o governo que se prepara para assumir o país não seja aquele com o qual sonhamos. Mas certamente não terá como ser mais danoso que o atual. Pior do que está não fica.

sábado, 16 de abril de 2016

Impeachment já é

Todos os levantamentos sérios disponíveis indicam que já há votos suficientes para garantir a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff no domingo. Chegou o momento pelo qual tantos brasileiros – a imensa maioria – esperaram: a hora de o país começar a se reencontrar com a esperança, dando tchau ao descalabro no qual o Brasil sucumbiu.

A votação de domingo coroa um movimento vívido, espontâneo e autêntico da sociedade civil, como há muito não se via por aqui. Foi, certamente, em razão da pressão e da mobilização de milhões de brasileiros, nas ruas, nas redes sociais, pelo país afora, que o caudal de crimes, de incompetência e de corrupção pôde ser transformado em denúncia e, oxalá, resulte na condenação da presidente, com a perda do mandato.

Este processo vicejou nas ruas, mas foi beneficiário também do fundamental trabalho das nossas instituições, em especial as ações no âmbito da Operação Lava Jato. O pleno funcionamento do Estado democrático de direito é a prova mais evidente da legalidade e da legitimidade que só inconformados com a existência de regras que devem valer para todos insistem em rejeitar.

Igualmente importante para o processo que deve culminar com o impeachment de Dilma foi a participação das forças políticas de oposição ao governo. Desde a primeira hora depois de uma reeleição crassamente conquistada na base da corrupção e da mentira, a oposição firmou trincheiras de resistência dentro do Congresso e em todas as instâncias e canais em que fosse possível contestar, constitucionalmente, a vitória da organização criminosa petista.

Ainda em 2014, o PSDB ingressou com quatro ações junto ao TSE em que explicitou e comprovou os abusos políticos e econômicos que resultaram na reeleição de Dilma. Os processos ainda tramitam e, se aprovados, podem levar à impugnação da chapa vencedora e à convocação de novas eleições, como muitos defendem como forma definitiva de instaurar um novo governo legitimamente eleito para repor o Brasil nos trilhos.

Recorde-se, ainda, que, enquanto as multidões se manifestavam nas ruas e nas redes pedindo punições ao PT, a oposição também insistia, nas instâncias cabíveis, que as burlas fiscais, as “pedaladas” e as manipulações orçamentárias eram crime de suficiente gravidade a demandar firme manifestação e condenação do TCU e posteriormente do Congresso. São estes os crimes que hoje embasam o processo que pode levar ao impeachment de Dilma.

Salvo fatores absolutamente imponderáveis, no domingo as forças que lutaram sem trégua por um país melhor conquistarão o objetivo pelo qual tanto combateram, cada uma delas na sua seara: o fim de uma era de afrontas aos valores maiores da nação, como a ética, a honestidade e o respeito ao interesse público, e o início de um tempo em que seja possível voltar a sonhar com um Brasil melhor, para todos e não mais apenas para alguns.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Não tem mais jogo

Faliu a lojinha que Dilma, Lula & cia montaram para vender nacos do Estado e tentar obter a rejeição do impeachment da petista. É mais um fracasso da presidente, que começou sua vida profissional quebrando uma birosca de artigos de R$ 1,99 e, não satisfeita, anos mais tarde quebrou um país inteiro.

Aconteceu nos últimos dias o que se esperava: a debandada de partidos antes ligados ao governo e agora atraídos para a causa do afastamento. Durou pouco a sensação de triunfo que o PT tentou alimentar nas últimas semanas a partir dos atos eleitorais promovidos no Planalto e da romaria patrocinada por Lula no puxadinho do palácio que montou num hotel de Brasília.

Com a provável aprovação do impeachment pela Câmara no domingo, restará evidente o fim de um mito: o do poder do PT para mobilizar as massas e o de Lula para fazer o que bem entender. Sim, eles ainda mantêm ascendência sobre uma parte da população, mas este naco é hoje muito inferior ao que foi historicamente. E vai ficar cada vez mais diminuto.

O desenrolar do impeachment reduziu Lula e o PT ao que efetivamente hoje são: uma minoria. Barulhenta e virulenta, mas ainda assim apenas parcela menor da sociedade brasileira. E que, agora, prepara-se para retornar a seu leito natural: mais uma vez, segundo palavras do ex-presidente, “não vai colaborar” com os esforços nacionais pela reconstrução da ruína legada por Dilma. É o PT de sempre de volta.

O cheiro da derrota iminente já fez Lula desaparecer da paisagem. Nos últimos dias, ele só despontou em cena quando a ocasião pôde servir a seu projeto pessoal, não mais o de Dilma. Sumiu do horizonte também a discussão sobre o ex-presidente tornar-se ministro de Estado, provavelmente porque ele a considere improvável ou, no mínimo, contraproducente. Sua preocupação deve estar posta agora apenas no temor de uma prisão.

A postura de Lula torna ainda mais carentes de credibilidade as palavras de Dilma Rousseff na entrevista concedida ontem, na qual tentou convencer o país da necessidade de sentar para conversar em torno de um “pacto” – o mesmo que o ex-presidente diz que não apoiará de jeito nenhum se o desfecho for o impeachment da petista.

Depois de cinco anos no cargo e 18 meses após a reeleição que dividiu o Brasil, o “pacto” que a presidente achou por bem propor tem como primeiro item o aumento de impostos. Quem topa? Tacitamente, trata-se, também, da admissão de que Dilma não tem condições mínimas para mais nada a não ser esvaziar as gavetas que ainda ocupa no Planalto.

A ainda presidente da República iniciou seus primeiros movimentos para recolher-se à insignificância de onde jamais deveria ter saído. A entrevista que concedeu ontem aos principais veículos de imprensa do país prepara sua derrocada: “Se perder, sou carta fora do baralho”. Não é mais questão de “se”; Dilma já está fora. Para ela, o jogo acabou. Para Lula e o PT, também. Sorte do Brasil.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A fraude é Dilma

O repertório da presidente da República é cada vez mais restrito. Suas palavras são insuportavelmente repetitivas. Seu monocórdio vocabulário e suas reiteradas ações limitam-se apenas a tentar preservar o único emprego que lhe interessa: o dela mesma. A petista transformou seu mandato numa pregação para convertidos, uma campanha eleitoral perene. Para ela, o impeachment em marcha é “fraude”. Para o Brasil, fraude é Dilma Rousseff, aquela que nunca foi o que disse que seria; nunca fez o que disse que faria.

Ontem no Palácio do Planalto, a presidente realizou a sétima cerimônia seguida destinada a fazer proselitismo político, reunir seus (cada vez mais) poucos defensores e repetir seu mantra em torno de um suposto “golpe” pela sua destituição. Há três semanas tem sido assim, mas há muito mais tempo o país foi abandonado por Dilma. Não há governo, apenas a luta pela sobrevivência da petista no cargo.

Orientada por Lula, Dilma desta vez mirou o vice-presidente da República. Sem nominá-lo diretamente, disse que há “chefe e vice-chefe do golpe”, que “agem em conjunto e de forma premeditada”. Acusou-os de “leiloar posições” no futuro governo. Se fosse uma autocrítica, teria sido perfeita: a presidente censurou em Michel Temer o que ela mesma e seu tutor têm feito desabridamente nas últimas semanas.

Quem, afinal, está negociando tudo e todos na bacia das almas de cargos e verbas públicas para salvar o mandato? Quem tem gabinetes paralelos instalados em hotéis da capital federal para despachar com interessados nas migalhas do poder? Quem formula gritos de guerra e lança ordens de comando para serem repetidas pelo país afora para afrontar o processo do impeachment? São Dilma, Lula e seus petistas aloprados.

Se há algo que seja ilegítimo, ilegal e atentatório à Constituição é o que a presidente, seu antecessor e seu partido fazem para se preservar no poder. Para azar deles, e sorte do Brasil, o balcão da fisiologia está fazendo água, perdendo até ávidos compradores da hora da xepa. Para infelicidade deles, e júbilo da nação, a cidadania dos brasileiros está derrotando a manipulação e o engodo que sempre foram a tática do PT.

Não há “golpe”, “conspiração”, “farsa” ou “fraude” em marcha. Há, sim, um processo realizado estritamente dentro dos limites da Constituição que resultará em duas votações – a primeira delas no domingo, na Câmara – que irão definir se a presidente da República feriu a norma constitucional ao cometer crimes de responsabilidade. Se perder, ela sai; se ganhar, fica. Onde está o motim e onde estão os insurretos?

Quem depõe contra a democracia, quem age como se pudesse ganhar a discussão no grito, quem incita o embate são os de sempre: os petistas. O mais grave é que, de uns tempos para cá, o que começou como palavra de ordem de porta de fábrica e se tornou slogan de intimidação político-eleitoral passou a figurar nos anais da República na forma de discursos da principal mandatária da nação. A fraude ascendeu ao púlpito. Agora, felizmente, está perto de descer, tão logo Dilma Rousseff seja apeada de lá.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Mais uma etapa

O processo de impeachment de Dilma Rousseff deu ontem mais um, e decisivo, passo. A cada nova etapa do julgamento, a cada nova derrota, o governo renova seu estoque de explicações furadas. Sempre se inventa algum atenuante, mas a realidade é que as premissas sustentadas pelo discurso oficial nunca se confirmam na prática. Tal como sua narrativa, que classifica o afastamento constitucional e motivado da presidente como “golpe”, elas são falsas.

O relatório do deputado Jovair Arantes foi aprovado por 38 votos a 27. A oposição à presidente recebeu cinco votos a mais do que o necessário e o governo teve votos a menos do que esperava. Para nuançar a derrota, o jeito foi apelar para a matemática: transpostos para o plenário, os 41,5% de votos a favor de Dilma na comissão seriam suficientes para barrar o impeachment, diz o governo. Sofismas, apenas, como tem sido recorrente.

Voltemos lá atrás. Em dezembro, o governo apelou ao Supremo contra a instalação da comissão então eleita, por julgar que ela feria os ritos previstos nos diplomas legais. Os ministros do STF se pronunciaram e determinaram procedimentos que o governo comemorou como favoráveis a Dilma. Dizia-se que, desta maneira, o pedido de impeachment seria derrotado já na comissão especial, constituída exatamente dentro dos critérios que o governo defendia.

Mas o andar do tempo e o desenrolar dos fatos – em especial a realização da maior mobilização política da história do país, ocorrida em 13/3, e os flagrantes de obstrução da Justiça protagonizados por Lula e Dilma – mostraram que a chance de barrar o impeachment na primeira rodada não era factível.

A partir daí, o governo remodelou seu discurso e passou a afirmar que o que importava era “perder de pouco” na comissão. Ontem, nova frustração: a derrota foi, considerados os pesos dos partidos na comissão, de muito. Mais uma vez, o previsto pelo governo não se confirmou.

Também não se confirmou a força, dita “avassaladora”, que teriam os mercadores de nacos do Estado brasileiro, com Lula à frente. Legendas que haviam fechado negociações no balcão do Planalto e no puxadinho do hotel onde o comandante-em-chefe despacha verbas e cargos em troca de votos não entregaram a mercadoria. Não irão faltar desculpas no discurso oficial para mais esta frustração...

O que parece pesar nas seguidas derrotas da presidente, contudo, é a constatação, pelos parlamentares, de que dar sobrevida a Dilma equivale a afundar de vez o Brasil. É 100% certo que um governo que se esfalfa para obter 33% dos votos no Congresso apenas para manter a presidente no cargo não tem mínimas condições de continuar existindo. A sociedade brasileira já exprimiu sua vontade a respeito; os congressistas estão respondendo ao clamor.

Neste sentido, é interessante destacar o que disse, ontem, o ministro-chefe de gabinete Jaques Wagner, depois que vazou o áudio com um suposto pronunciamento de Michel Temer para um provável day after ao impeachment. Segundo ele, na improvável hipótese de Dilma sair-se vencedora na votação prevista para domingo, o vice-presidente deveria renunciar: “O mínimo de coerência com o que ele fez é, uma vez derrotada a conspiração, ele renuncie, porque vai ficar insustentável, insuportável”, afirmou.

Ora, pau que dá em Michel, dá em Dilma. A recomendação cabe como luva, com sobras, na situação e nas atitudes da atual presidente, com a diferença de que as armas com que ela luta são cargos e verbas públicas usados sem pejo para comprar votos. Se Dilma sobreviver no cargo, ficará “insustentável, insuportável” a condição do país, exatamente como previu Wagner. Será que a defesa da renúncia de Temer feita pelo ministro também vale para a presidente? Ou será que, como tudo o mais que os petistas previram e falaram até hoje sobre o impeachment, suas palavras não valem um vintém?

terça-feira, 12 de abril de 2016

O começo do fim

A comissão especial que analisa a admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff deverá aprovar hoje o relatório do deputado Jovair Arantes. Estará, assim, aberto caminho para o afastamento da presidente da República, para a mudança de rumos e para o reencontro do Brasil consigo mesmo.

É crescente a adesão ao impeachment, conforme todos os levantamentos publicados por órgãos de imprensa e/ou movimentos da sociedade que acompanham o processo. O Vem Pra Rua, por exemplo, contabiliza 116 novos votos pela saída de Dilma desde as manifestações de 13/3, num canal que praticamente drena os indecisos para o apoio ao afastamento. Já seriam hoje 286 pela saída da petista – ou 291, de acordo com o Estadão.

É salutar que o Congresso esteja cumprindo exatamente o que a sociedade espera dele: espelhar a vontade de seus representados, que continuam majoritariamente favoráveis ao impeachment. Segundo nova rodada de pesquisa do Datafolha publicada neste fim de semana, 60% querem a saída antecipada da petista do cargo.

Enquanto os partidários do impeachment têm a seu lado a convicção de que lutam por um Brasil melhor, mais ético e livre da corrupção, com capacidade para voltar a crescer, a gerar empregos e a promover a igualdade de oportunidades, o governo maneja sua principal arma, a única que lhe restou: a caneta.

Usa e abusa de dinheiro que deveria servir ao povo para tentar fazer prevalecer sua causa, comprando apoios, loteando cargos e retalhando o governo como se não houvesse amanhã. Estão em jogo orçamentos que somam R$ 38 bilhões e, na política miúda, votos mercadejados na casa dos milhões de reais. São estes os princípios pelos quais os defensores de Dilma combatem.

Os partidários do governo já se mostram convencidos de que a derrota na comissão especial é certa, e tentam apenas perder de pouco. Sua falta de convicção em torno da causa que defendem também se manifesta na debandada que o PT está sofrendo em número de prefeituras pelo país afora e também se prepara para sofrer no Congresso.

Do outro lado, sobram razões para o impeachment, como reiterou Arantes em seu relatório. Se não sobrassem, a cada semana surgem novas revelações que tornam ainda mais cristalino que Dilma obteve seu segundo mandato de maneira ilegítima, ilegal, imoral, bancada pelo dinheiro sujo da corrupção, como apontam as recentes delações feitas pelos dirigentes da empreiteira Andrade Gutierrez.

Nos poucos dias que faltam para a votação do processo pelo plenário da Câmara, é hora de pressionar ao máximo os deputados, e depois os senadores, para que façam valer o desejo da maioria dos brasileiros. O povo nas ruas já mostrou o que quer. Agora é a vez de a política responder à altura, promovendo o impeachment de Dilma Rousseff.

sábado, 9 de abril de 2016

Falta pouco

A votação que definirá o destino de Dilma Rousseff deve ocorrer no domingo, daqui a nove dias. Falta pouco para que o país possa começar a reconquistar alguma esperança, implodida por anos de depredação petista. O momento é de cerrar fileiras para assegurar os votos pelo impeachment e conquistar os que faltam para garantir a vitória.

Nos últimos dias, os principais jornais do país fizeram levantamentos sobre as intenções dos deputados, a quem caberá aprovar ou não o relatório apreciado na comissão do impeachment, cuja votação acontece no comecinho da próxima semana. Em todos, é majoritária a decisão de afastar Dilma do cargo, mas ainda não suficiente – segundo estas pesquisas – para cumprir os 2/3 exigidos pela Constituição.

Assim, os próximos dias precisam ser de intensas mobilizações – em casa, no trabalho, nas ruas, entre parlamentares – para conseguir que o Congresso efetivamente reflita o sentimento dominante na sociedade brasileira, na qual o impeachment é apoiado por 68%, segundo o Datafolha. Se o povo assim quer, assim deve ser: que prevaleça a sua vontade.

O momento é de aproximar ainda mais as forças anti-Dilma no Congresso dos movimentos contra a presidente atuantes na sociedade. Existe sentimento latente na maioria dos brasileiros pela saída da petista, mas que só esporadicamente se traduz em manifestações maciças como a do último dia 13/3. Esta vontade predominante precisa se mostrar com toda a sua força nos próximos dias. Nós somos a maioria!

Ao mesmo tempo, a sociedade que foi às ruas protestar agora exige que os parlamentares que a representam votem para concretizar o desejo de mudança que o barulho das panelas sintetizou neste últimos meses. É hora de o Congresso espelhar a vontade da ampla maioria e não sucumbir a conchavos financiados com dinheiro do povo.

Neste sentido, em cada estado do país vale expor o placar do impeachment mostrando quem está a favor e quem está contra a mudança. A luz do sol é o melhor detergente para frear a vendinha de cargos e benesses que Dilma e o PT montaram para tentar impedir o afastamento da presidente. O povo precisa saber quem está e quem não está do seu lado.

Da parte de deputados e senadores, a hora é de somar esforços com os movimentos que, fora dos limites da política partidária estrita, nos últimos anos oxigenaram o ambiente democrático e ampliaram a participação popular. Reproduzir, como na véspera do impeachment de Fernando Collor, em 1992, o Movimento pela Ética na Política.

Nos próximos dias, o que estarão em jogo são o futuro do país e a perspectiva de recuperar algum alento em relação ao destino dos brasileiros. Não é pouco. Enquanto o governo lança-se na mais abjeta forma de fazer política, comprando deslavadamente apoios, as forças que lutam pelo impeachment têm como sua principal arma a convicção de que combatem por um Brasil melhor, mais justo e ético, livre do caos em que foi mergulhado.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Em defesa (de fato) dos trabalhadores

É flagrante o contraste: de um lado, o governo dedica-se integralmente a lotear cargos com único intuito de salvar a presidente Dilma do impeachment; do outro, a oposição segue aprovando propostas para salvaguardar o país da predação a que foi submetido nos últimos anos pelo petismo. É o caso de projeto de lei que muda as regras dos fundos de pensão de empresas estatais aprovado ontem no Senado.

Com patrimônios bilionários, os fundos de pensão têm sido um dos mais polpudos alvos da sanha gatuna petista. Desde o governo Lula, a poupança feita por milhares de funcionários foi usada em negócios duvidosos, de acordo com interesses do Palácio do Planalto – o petrolão explica por quê... O resultado foi a geração de prejuízos também vultosos que estão sendo pagos por trabalhadores, aposentados e pensionistas.

As novas regras aprovadas ontem pelos senadores visam proteger os fundos de pensão de investidas políticas, para que deixem de ser usados como caixa de financiamento partidário, como se tornou praxe nos anos Lula e Dilma. Haverá limites rígidos para impedir a nomeação de pessoas com atividade político-partidária para cargos de direção e para os conselhos deliberativo e fiscal dos fundos estatais.

Entre as modificações, também estão a determinação para que as instituições aumentem a prestação de contas à sociedade e a exigência de atributos profissionais mínimos para o preenchimentos dos cargos diretivos. Aprovado por unanimidade, o texto é de autoria dos senadores Paulo Bauer (PSDB-SC) e Valdir Raupp (PMDB-RO) e foi relatado pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ana Amélia (PP-RS).

Nos últimos anos, tornou-se comum o envolvimento de fundos de pensão com negócios ruinosos patrocinados pelo PT – bancos quebrados, títulos venezuelanos e empresas de Eike Batista são alguns exemplos. Ao mesmo tempo em que eram ocupadas por operadores ligados ao governo e a aliados, as entidades acumulavam negócios que só tinham um beneficiário: o projeto de poder do partido. A conta foi deixada para os trabalhadores.

No ano passado, os fundos de pensão brasileiros apresentaram déficit de R$ 76,7 bilhões. O rombo multiplicou-se por dez desde 2011, quando havia sido de R$ 7,9 bilhões. Há, claro, problemas conjunturais, ligados ao péssimo momento da nossa economia. Mas há, sobretudo, crassos problemas de gestão, de uso político e de mau direcionamento dos recursos.

Como consequência, os trabalhadores que aportaram suas economias nestes fundos viram sua poupança minguar, com impacto no que têm direito a receber a título de aposentadorias e pensões. Pior ainda, como os rombos se tornaram incontornáveis, funcionários e beneficiários estão sendo chamados a bancar os prejuízos – no Postalis, dos Correios, por exemplo, os funcionários pagarão 18% a mais durante 23 anos. Isso, sim, é uma herança maldita!

A destruição dos fundos de pensão das empresas estatais é mais um exemplo de como o partido que se diz “dos trabalhadores” atua. O fruto do esforço de milhares de brasileiros foi simplesmente surrupiado pela organização criminosa que não livra nem o dinheiro sagrado de poupanças para bancar aposentadorias. Com o PT é assim: um presente de ruína que implode o futuro de quem trabalha e produz.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Pedalou, fraudou, roubou... Perdeu

A comissão que analisa o processo de impeachment está prestes a fechar e aprovar o relatório que irá recomendar o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo. O governo vai dizer, como tem feito, que o crime que cometeu é de pouca monta e de nenhuma importância. Não é assim. Trata-se de burla grave ao dinheiro público, com prejuízos diretos para a vida das pessoas. A recessão de hoje é filha da irresponsabilidade que gerou as pedaladas.

As chamadas “pedaladas fiscais” são o uso ilegal de dinheiro de bancos oficiais para bancar programas e ações que deveriam ser custeados pelo Tesouro, ou seja, via Orçamento da União. Na gestão Dilma, o governo petista avançou sua mão gatuna nestes recursos para inflar despesas, maquiar a realidade e tentar produzir a sensação de que tudo ia muitíssimo bem no país. A crise atual é decorrência direta desta política deliberada de fraude. Eu, você, nós todos agora pagamos o pato da tapeação.

Com Dilma, lesar o orçamento e ludibriar o interesse público tornou-se política de gestão. A presidente agiu deliberadamente. Avançou sobre dinheiro que sabidamente não poderia usar para financiar ações que ancoravam sua política econômica enfeixada no que ficou conhecido como “nova matriz”: o conjunto de iniciativas que produziu a maior recessão da história do Brasil, disseminou o desemprego e a inflação.

A defesa da presidente usa dois argumentos principais para desqualificar o delito e tentar absolver a criminosa: 1) o que Dilma fez, todo mundo faz; 2) a burla foi praticada para fazer “o bem”, ou seja, para sustentar programas sociais e atender os brasileiros mais pobres. Dupla mentira, repetida por contumazes mentirosos.

Dilma cometeu crime porque usou bancos públicos como nunca antes na história para financiar seu perdulário governo. É verba pública desviada de função. São recursos tomados dos contribuintes cuja aplicação deveria ser debatida com a sociedade e que foram usados a bel-prazer pelo petismo para agraciar amigos do rei e da rainha.

Ao longo do primeiro mandato da petista, o volume de operações desta natureza simplesmente explodiu, como mostra hoje a Folha de S.Paulo com base em dados oficiais do Banco Central. No fim de 2015, o Tesouro Nacional tinha nada menos que R$ 60 bilhões em dívidas a serem saldadas com bancos federais. Em percentual do PIB, as pedaladas foram multiplicadas por pelo menos dez vezes na gestão Dilma.

O governo diz que este dinheiro foi aplicado em programas sociais, como o Bolsa Família. Lorota. O grosso do dinheiro foi destinado a custear políticas voltadas a grandes empresários e a megaprodutores agrícolas. Só uma ínfima parcela foi usada em ações de alcance eminentemente social.

Em 30 de dezembro do ano passado, o governo fez um enorme aporte, de R$ 72 bilhões, para zerar o estoque das pedaladas. Em documento oficial (ver slide 5), explicou que, deste valor, R$ 48,2 bilhões destinaram-se a quitar dívidas com BNDES e Banco do Brasil decorrentes de empréstimos a grandes empresas (a “bolsa empresário”) e financiamentos agrícolas. À Caixa, que cuida do Bolsa Família, foram enviados apenas R$ 1,5 bilhão. O restante foi para o FGTS, de onde sai parte do dinheiro do Minha Casa Minha Vida.

Estes recursos sobre os quais Dilma avançou para maquiar o orçamento público e ludibriar a sociedade brasileira com propósito evidente de criar uma sensação de normalidade no país e pavimentar o caminho para sua reeleição são os mesmos que faltam hoje para que o governo aja e evite o aprofundamento da crise econômica. São os mesmos que exigem cortes de benefícios sociais, os mesmos que tornam ainda mais difícil o dia a dia famílias brasileiras assoladas por recessão, custo de vida alto e falta de emprego.

As pedaladas não são filigrana técnica, como quer fazer crer a narrativa petista. São a parte documentada do assalto que o governo Dilma perpetrou nos recursos públicos para financiar seu projeto de poder. São a face visível da moeda de que, do outro lado, tem cunhado o petrolão e seus escândalos de corrupção. São, portanto, razão de sobra para caracterizar crime de responsabilidade capaz de levar a presidente da República para bem longe dos cofres públicos, para que o dinheiro que é dos brasileiros sirva aos brasileiros e não apenas ao PT.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Somos 140 milhões

Sete em cada dez brasileiros querem que Dilma tenha seu mandato abreviado. É majoritária na população a constatação de que a presidente não tem mínimas condições de permanecer por mais dois anos e nove meses no cargo. Mas o governo e o PT agem, vociferam e esperneiam como se esta imensa maioria fosse apenas um grupelho sectário.

Nos palanques, em atos oficiais e mesmo nas peças legais que deveriam servir para a defesa da petista no processo de impeachment, a narrativa oficial espanca a realidade, nega o óbvio e tenta, sobretudo, enganar a opinião pública. Às favas com os fatos, porque o que lhes interessa é vencer a guerra, custe o que custar.

Foi assim, por exemplo, na defesa que o advogado-geral da União fez de Dilma ontem perante a comissão do impeachment na Câmara. Funcionário público pago pelo povo, José Eduardo Cardozo foi ao Congresso fazer proselitismo político. Limitou-se a repetir o discurso do “golpe” e a forjar supostos desvios em liames processuais. O mérito das denúncias que pesam contra a presidente, ele preferiu ignorar.

Provavelmente, Cardozo não teria como negar que Dilma manipulou o Orçamento da União para enganar a população e buscar um novo mandato. Também não teria como sustentar que as pedaladas fiscais serviram para bancar programas sociais, quando até oficialmente o governo já admitiu que foram usadas em empréstimos a grandes empresas. Das omissões da petista no esquema de corrupção na Petrobras, ele nem passou perto.

Enganosa também é a peroração de Lula, dia sim, dia também, pelo país afora pregando que as supostas conquistas dos governos do PT estarão em risco em caso de impeachment de Dilma. Parece referir-se, como é seu costume, a uma realidade virtual, no mesmo momento em que a recessão econômica se encarrega de jogar milhões de famílias brasileiras no desemprego e na pobreza.

No Nordeste, o ex-presidente chegou ao caradurismo de dizer que a região deve a ele por “projetos estruturantes” realizados nos seus oito anos de governo. Deve estar se referindo, talvez, à bilionária e inconclusa refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, uma das fontes do petrolão, ou, quem sabe, à nunca terminada transposição do rio São Francisco.

Dilma, por sua vez, não deixa por menos. No Palácio do Planalto, dedica-se, igualmente dia sim, dia também, a atos panfletários e à repartição do que sobrou de seu governo, na forma de butim. Sem nenhum pudor, transformou educação, saúde e o que mais houver à mão em moeda de troca no jogo da baixa política. O governo “popular”, “progressista” e “de esquerda” só mantém esperança de sobreviver nas mãos do pior fisiologismo.

Na bacia das almas, em clima de fim de feira, governo e PT atuam como se não houvesse amanhã. Mas, no Brasil real, há pelo menos 140 milhões de cidadãos ciosos do destino que aguarda a nação, sedentos por mudança e horrorizados em ver o país estraçalhado nas mãos dos petistas. A maioria somos os que queremos o impeachment de Dilma Rousseff. Quem deve se sentir acuado são eles, a ruidosa minoria, não nós.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Ontem, hoje e amanhã

A nova fase da Operação Lava Jato investiga o fio condutor que alinhava a forma petista de governar. Desde que o partido de Lula, Dilma e José Dirceu assumiu as primeiras prefeituras pelo país afora, ainda nos anos 1990, o padrão se repete: os cofres públicos são assaltados para financiar seu projeto de poder. Com o passar dos anos, o que mudou foi apenas a dimensão do roubo.

Personagens que o PT preferia que fossem esquecidos ressurgem agora como fantasmas a assombrar o partido. É o caso do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. Ele foi morto quando se preparava para coordenar a campanha de Lula à presidência da República, em 2002. Até hoje a polícia não conseguiu esclarecer se seu assassinato foi uma encomenda – versão que a família de Daniel sustenta e as mortes em série durante as investigações corroboram – ou crime comum.

Assim como José Dirceu foi ao inferno e voltou com o mensalão e o petrolão, agora também é a vez de Silvio Pereira, ex-secretário geral do PT, ressurgir no noticiário. Mesmo flagrado no escândalo da compra de votos punido em 2012 pelo STF, ele teria sido contemplado com mesadas bancadas com dinheiro desviado da Petrobras para ficar calado. Vale lembrar que, ainda em 2006, numa entrevista ao jornal O Globo, ele deixou claro o que tanto temia: “Eles [o PT] vão me matar”.

A nova leva de investigações também joga luz no submundo das relações entre o PT e concessionários de serviços públicos, um hit recorrente na trajetória política do partido. Desta vez, o alvo é o dono de um jornal e de linhas de ônibus urbanos no ABC Paulista. Mas estão vívidas na memória dezenas de denúncias de manipulação de contratos de coleta de lixo e de transportes públicos em municípios onde petistas governam ou governaram.

Outro ponto comum é o envolvimento de Luiz Inácio Lula da Silva com presentes e mimos de amigos. No escândalo da vez, José Carlos Bumlai é o vértice dos desvios que azeitaram a corrupção no ABC. Mas, nos anteriores, o papel cabia sempre a Roberto Teixeira, o compadre de toda hora do líder petista.

As mesmas suspeitas que envolvem o tríplex do Guarujá (SP) ou o sítio de Atibaia repousam sobre a cobertura onde Lula vive em São Bernardo do Campo. Depois de morar anos de favor em um imóvel de Teixeira, o petista fechou a compra do imóvel num negócio até hoje nebuloso e jamais esclarecido. São falcatruas que se repetem.

Numa coisa, porém, o PT mudou ao longo de seus 36 anos de história. O partido nascido para defender os fracos e oprimidos cuidou muito bem de encher os bolsos de seus líderes, transformando o roubo numa causa política. Como as ambições foram crescendo, também os valores escalaram e o PT tornou-se protagonista do maior escândalo de corrupção do mundo. De assalto em assalto, chegou ao topo, seu sonho de ontem, de hoje e de amanhã.

sábado, 2 de abril de 2016

Dia da mentira, dia de Dilma

Dilma Rousseff notabiliza-se por ser um dos presidentes da República mais embusteiros da história. Suas alegadas qualidades se revelaram uma farsa, sua capacidade de enfrentar e resolver problemas nunca passou de miragem. O país que vendeu aos brasileiros para conseguir mais quatro anos de mandato jamais existiu. Para tentar continuar no cargo, continua mentindo descaradamente.

Dia sim, dia também, a presidente promove atos no Palácio do Planalto para vocalizar a estapafúrdia tese urdida pelo PT de que estamos à beira de um golpe de Estado. Em governar que é bom, ela já deixou de pensar há muito tempo... Dilma tortura argumentos para dizer que os crimes que cometeu todo mundo comete – o que, não fosse antes uma falácia, não os livra de serem crimes.

Mas a petista não se limita a negar o óbvio: ter fraudado o Orçamento da União para forjar uma realidade de mentirinha que empurrasse a crise econômica com a barriga e não atrapalhasse seus planos de se manter no poder por mais um mandato presidencial. Dilma vai além e também ressuscita o discurso que o marketing petista pôs em prática na campanha de 2014 e dedica-se com afinco a atemorizar os mais pobres com a perda de direitos, caso seja afastada do cargo.

Nesta semana, ela disse que, se o impeachment triunfar, estarão ameaçados os direitos sociais conquistados nos últimos anos, tratando-os como propriedade exclusiva do PT. Afirmou também que sua saída do cargo vai resultar no retardamento da retomada do crescimento econômico e da superação da recessão monstruosa em que estamos metidos. Dilma deixou de agir como presidente para agir como panfleteira, e isso é literal.

A petista levou para pronunciamentos oficiais os mesmos argumentos falaciosos que seus partidários – como a CUT e a Frente Brasil Popular – distribuem em papeluchos rastaquera Brasil afora com intuito de amedrontar os brasileiros, sobretudo os mais pobres que têm menor acesso a informações isentas e imparciais. É a mesma estratégia do terror posta em marcha pelo PT a cada eleição, e que ora está de volta.

Dilma e seus porta-vozes, gente com todo tipo de título, mas com nenhuma vergonha na cara, tentam a todo custo esconder a realidade. A retirada de direitos já começou, o cotidiano de privações já está sendo experimentado por milhões de brasileiros, os retrocessos na trajetória de diminuição da desigualdade social já se materializaram no ano passado e vão continuar se o país não conseguir se livrar rápido do PT.

A presidente que começou seu governo travestida de “faxineira ética”, um dos engodos que desmoronou mais rapidamente, agora rifa seu governo na bacia das almas em troca de votos contra o impeachment. A mandatária que intimida os pobres com a perda de direitos é a mesma que ninou os ricos com bilionárias bolsas-empresário. Aquela que diz que “não vai ter golpe” levou o país ao buraco mais fundo de sua história, golpeando o futuro de milhões de brasileiros. Dilma merece todo um dia de homenagens para si: o dia da mentira.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Não vai ter golpe mesmo

Este 31 de março será explorado à exaustão pelos partidários do governo mais corrupto e incompetente da história brasileira para sustentar que a presidente da República é vítima dos mesmos ardis ilegais que nesta mesma data, 52 anos atrás, levaram à ditadura militar. Mas eles podem ficar tranquilos: ao contrário de 1964, agora não vai ter golpe. Vai ter impeachment, tudo dentro da mais estrita legalidade.

Esta gente pouco numerosa (basta sempre lembrar que, nas manifestações deste mês, para cada apoiador do governo que foi às ruas houve 13 oposicionistas protestando), mas barulhenta, acha que as razões que sustentam o pedido de afastamento de Dilma não são suficientes para o impeachment. O que mais eles querem? Entre os crimes passíveis de serem cometidos, a petista só faltou matar alguém.

A lei que lista os crimes de responsabilidade puníveis com impeachment é pródiga, comportando afrontas de diferentes aspectos que merecem ser castigados com a perda do mandato. Mas a peça acusatória em análise no Congresso vale-se de apenas alguns deles para justificar o afastamento. São mais que suficientes para que qualquer nação digna do nome se livre de mandatários cujos atos são incompatíveis com o cargo que ocupam.

No pedido apresentado por Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior, a presidente é responsabilizada por desrespeitar a lei orçamentária; fraudar as contas públicas em cerca de R$ 106 bilhões; e ser omissa e conivente com o esquema de corrupção que pode ter surrupiado algo como R$ 42 bilhões da Petrobras – empresa na qual Dilma presidiu o conselho de administração por sete anos, durante os quais avalizou todos os negócios desastrosos que transformaram a estatal na ruína que é hoje.

Os partidários da presidente dizem que estas não são razões suficientes para afastá-la do cargo. Como não? Há algo mais basilar nas funções de um presidente da República do que bem aplicar o dinheiro que recolhe dos contribuintes por meio de tributos? O que, no fim das contas, faz qualquer governo senão alocar os recursos públicos disponíveis para atender as demandas e necessidades da população?

Esta gente que (ainda) defende Dilma acha que assaltar o Orçamento, como Dilma fez para forjar um país de mentirinha com vistas a obter sua reeleição, é, no máximo, um mal menor. São argumentos indigentes na linha do “rouba, mas faz”, do “um tapinha só não dói” ou do “se todo mundo fez, eu também posso”. É a moral da bandidagem.

Se as acusações contidas na peça em apreciação no Congresso são consideradas pouco, juntem-se a elas as alegações do pedido que a Ordem dos Advogados do Brasil protocolou na Câmara nesta semana.

Nela, a presidente também é acusada de tentar obstruir o trabalho da Justiça ao interferir nas investigações do esquema de corrupção; de conceder isenções fiscais à Fifa por ocasião da Copa do Mundo de 2014 sem considerar o impacto extremamente negativo nas contas da Previdência, cujo rombo explodiu desde então; e de buscar manipular as investigações conduzidas pela Operação Lava Jato com a tentativa (frustrada) de prover foro privilegiado ao ex-presidente Lula. É pouco ou quer mais?

O processo que pode resultar no impeachment de Dilma tem sido conduzido na mais estrita legalidade, seguindo o que estabelece a Constituição e obedecendo aos ritos determinados pelo Supremo Tribunal Federal no início deste mês. Tudinho dentro da lei. 

Nele, a presidente terá todo o direito de apresentar sua defesa e suas alegações. Caberá aos 513 deputados e 81 senadores julgar quem tem razão. Se perder no voto, Dilma sai; se vencer, fica. A menos que os petistas estejam planejando não cumprir o que o Congresso decidir, onde está o golpe?

Dilma é a presidente que mais foi alvo de pedidos de impeachment na história: há 35 impetrados apenas neste segundo mandato, que começou há um ano e três meses. Outros 14 foram protocolados no Congresso entre 2011 e 2014. Os números não destoam do que pensam os brasileiros em geral: rejeitam amplamente a forma de a petista governar e suas políticas públicas, segundo o Ibope, e, para 68%, ela deve ser objeto de afastamento do cargo, conforme o Datafolha.

No apagar das luzes de seu governo, Dilma Rousseff converterá cada nova cerimônia no Palácio do Planalto em comitê de campanha e o púlpito que lhe é destinado em palanque eleitoral, como fez ontem e deve voltar a fazer hoje. Provavelmente, em todos os seus discursos ela e a claque do dia – que varia conforme o gosto – gritarão que “impeachment sem crime de responsabilidade é golpe”. Têm toda a razão. Há carradas de motivos para que a petista seja apeada do cargo. Sem nenhuminha sombra de golpe.