quinta-feira, 31 de março de 2016

Minha Casa, Minha Dívida

A agenda de cerimônias públicas da presidente Dilma tornou-se quase uma irrelevância, mas a prevista para esta quarta-feira merece alguma atenção. Trata-se de mais um lançamento de uma nova fase do programa Minha Casa Minha Vida, numa tentativa desesperada de criar algum fato positivo. Casa própria que é bom transformou-se em algo cada vez mais distante.

É simplesmente a sexta vez que a terceira fase do programa é lançada por Dilma. A primeira promessa de construção de 3 milhões de novas moradias foi feita em maio de 2014. Era apenas um dos componentes do script de mentiras que o governo petista patrocinou ao longo dos meses seguintes como parte da campanha pela reeleição. Lá se vão dois anos de embromação.

De lá para cá, a promessa encolheu (serão 1 milhão de unidades a menos), as condições de financiamento encareceram (as prestações aumentaram até 200%), mas as casas continuaram no papel. Para começar, falta dinheiro. A capacidade executiva do governo também é outro item em tremenda escassez. O Minha Casa não entrega o que promete.

O programa murchou e passou a depender cada vez mais de recursos do FGTS para se manter minimamente de pé: desde 2009, os subsídios dispararam e multiplicaram-se por seis, sem que se saiba do consentimento dos verdadeiros donos do dinheiro, os trabalhadores brasileiros.

O dinheiro reservado no Orçamento da União minguou. O valor para o programa em 2016 equivale, em termos nominais, a pouco mais da metade do montante destinado cinco anos atrás, em 2011. Se for considerar a inflação do período, é ainda menos. Entre o ano passado e este ano, a perda orçamentária é de 72%: de R$ 24,6 bilhões para R$ 6,9 bilhões.

Não é apenas o Minha Casa. As condições para o crédito habitacional em geral estão cada vez mais restritivas no país. Nesta semana, a Caixa anunciou um novo aumento nas taxas de juros dos financiamentos imobiliários, no que deve ser seguida pelos demais bancos. Desde a reeleição, as taxas subiram cerca de 50%, tornando o sonho da casa própria quase uma miragem.

O Minha Casa Minha Vida é um programa louvável, mas precisa ser sustentável e, sobretudo, factível. Tal como foi desenhado pelos governos petistas, não tem sido. Tanto que as famílias que mais precisam de moradia – as que recebem até dois salários mínimos – são as menos atendidas.

Recentemente, o ministro das Cidades admitiu que, na melhor das hipóteses, as moradias da terceira fase do programa, objeto do evento desta quarta-feira, só ficarão prontas em 2021. Tudo isso torna a cerimônia de hoje apenas mais uma pantomima para fingir que Dilma Rousseff ainda governa o país. Mas ela já não engana ninguém. Sua casa já caiu.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Dona Xepa

O governo Dilma vive clima de fim de feira. Não é apenas a sensação de salve-se quem puder que reforça a impressão. A presidente da República e seu tutor lançaram-se numa operação de mercadejar apoios, negociando-os na bacia das almas. É a baixa política da qual o PT desde sempre lançou mão enquanto esteve no poder.

Com o desembarque iminente do PMDB, que deve ser seguido por PP, PSD e PR, Dilma e seus porta-vozes petistas passaram a repetir aos quatro cantos que distribuirão cargos e verbas aos montes para seduzir quem quiser se aventurar em naufragar junto com o governo. Dizem isso – aparentemente – sem o menor pudor e sem nenhum constrangimento. Deve ser porque apenas agem agora como sempre agiram.

Em entrevista dada ontem a correspondentes estrangeiros, Lula disse que irá à cata das migalhas peemedebistas para reeditar o formato que, segundo ele, deu certo no início de seu primeiro mandato. “Num primeiro momento, o PMDB não me apoiou, mas uma parte na Câmara e no Senado me apoiava e conseguimos governar”, disse o ex-presidente.

Talvez fosse desnecessário recordar, mas foi nesta época de varejão político que vicejou o mensalão, a compra de votos no balcão do Congresso para assegurar apoio ao governo petista e que, anos depois, levou uma penca de próceres petistas à cadeia. Pelo visto, Lula não se constrange em dizer abertamente – e para todo o mundo, literalmente, ouvir – que este é o modelo que classifica como mais venturoso.

Não há mais um pingo de convicção ou de conteúdo programático nos apelos do PT em prol da sustentação de Dilma. De resto, quase nunca houve. Sobrou explícito apenas o fisiologismo, o clientelismo e a corrupção que marcam o presidencialismo de coalizão protagonizado pela presidente da República e seu partido.

Ninguém no Palácio do Planalto ou na Esplanada dos Ministérios parece ser capaz de responder à questão básica: por que Dilma quer permanecer por mais dois anos e nove meses no cargo? O que ela acha que consegue fazer em favor do Brasil? Que condições imagina ter para reverter a monumental crise política, econômica e ética que patrocinou? As respostas serão sempre as mesmas: nada.

Nem Dilma nem seu tutor conseguem promover qualquer diálogo em busca de consenso. Simplesmente porque sempre apostaram no conflito, jamais admitiram fraquezas e/ou erros, nunca se dirigiram com sinceridade ao povo brasileiro para assumir sua parcela de culpa pelo atual estado das coisas. Optaram, sempre, pela mistificação e pela mentira.

No apagar das luzes de seu tétrico governo, Dilma Rousseff assume o papel de vendedora que rifa produtos que sobraram no fim da feira. Vende-os pelo preço que o cliente está disposto a pagar, na baciada. Mas na hora da xepa em geral só sobra fruta podre. É este o folhetim que a presidente ainda protagoniza, embora por pouco tempo mais.

terça-feira, 29 de março de 2016

O futuro já chegou

Um dos hits do falatório petista é sustentar que as “conquistas sociais” estarão em risco caso Dilma Rousseff e o PT sejam afastados do poder. Segundo esta narrativa falaciosa, avanços obtidos nos últimos anos são mérito exclusivo do partido e só ele poderia garantir sua manutenção. Acontece que a piora nas condições de vida e a destruição de ganhos já estão em plena marcha, graças aos erros da atual gestão.

Não é preciso escarafunchar estatísticas para perceber os retrocessos. A combinação asfixiante de paralisia econômica, preços em alta persistente e desemprego galopante pode ser vista onde quer que se olhe. Há uma crise de proporções inéditas dificultando a vida dos brasileiros. Por quanto tempo mais, não se sabe, mas é certo que ainda será longa.

A marcha para o passado é resultado de políticas econômicas tão danosas quanto fracassadas. A insistência na gestão irresponsável dos recursos públicos arrebentou as contas do país e agora falta dinheiro até para o básico. Os benefícios antes vendidos como conquistas perenes estão ameaçados de continuidade simplesmente porque o orçamento não consegue acomodá-los mais.

Um sinal evidente dos retrocessos sociais é que o Brasil voltou a concentrar renda. Em 2015, o país voltou a registrar a indesejável combinação de queda na renda com aumento da desigualdade, mostrou a Folha de S.Paulo na quinta-feira. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde que o IBGE realiza a Nova Pnad, pesquisa iniciada em 1992.

O governo petista pôs fim à ascensão social iniciada a partir da estabilização da economia, com o Plano Real, e que vinha sendo registrada de maneira contínua desde o início do século. Confirma-se a máxima: não há avanço social numa economia que não cresce.

A atual recessão deve durar pelo menos três anos e será a mais severa e prolongada da história do país. Segundo as estimativas correntes, a renda média dos brasileiros vai encolher mais de 10% neste ínterim. Apenas em 2020 o PIB per capita retornará ao nível em que estava em 2010. Vivemos uma nova década perdida.

A renda diminui na mesma medida em que o emprego desaparece. Na semana passada, ficamos sabendo que já há quase 10 milhões de brasileiros sem trabalho, que mais de 1,7 milhão de empregos foram eliminados nos últimos 12 meses e que, entre os mais jovens, a proporção de desempregados já alcança um em cada cinco.

O país precisa, urgentemente, voltar a crescer. Precisa, também, recuperar a racionalidade nas contas públicas – nos últimos anos, reinou a fantasia de que era possível fabricar receitas para financiar despesas. Há quem diga que espancar o orçamento não é razão suficiente para punir um presidente da República por crime de responsabilidade. Os retrocessos sociais que ora pipocam mostram que esta é uma das formas mais perversas de prejudicar justamente os mais pobres. É, logo, motivo de sobra para o impeachment.

sexta-feira, 25 de março de 2016

O Plano Lula para a economia

Luiz Inácio Lula da Silva ainda não sentou na cadeira de ministro-chefe da Casa Civil. Provavelmente nem sentará, dada a flagrante ilegitimidade da sua nomeação para o posto, destinada apenas a livrá-lo das garras das instâncias inferiores da Justiça brasileira. No entanto, o ex-presidente prescindiu de qualquer cargo no governo para voltar a dar as cartas na economia brasileira.

Nos palanques, Lula tem preconizado a necessidade de aumentar despesas públicas e implodir qualquer tentativa de fazer algum ajuste (mínimo que seja) nas contas do governo. A ordem é gastar, gastar e gastar. E já começou a ser caninamente obedecida pela presidente da República e seu ministro da Fazenda.

Ontem, o governo anunciou mais uma revisão da meta fiscal para este ano – trata-se da sétima vez que isso acontece desde que Dilma foi reeleita. A proposta agora é produzir um superávit de R$ 2,8 bilhões. O saldo positivo a ser perseguido, contudo, é meramente pró-forma. Com uma série de descontos possíveis, o governo, na prática, quer ser autorizado a entregar mais um rombo, desta vez de R$ 96,6 bilhões (1,55% do PIB), neste ano. É a licença para a gastança.

Segundo o ministro da Fazenda, gastar mais é a única forma que o governo tem de impedir o aprofundamento da recessão. Outra alternativa seria aumentar os impostos cobrados dos brasileiros para sustentar investimentos públicos – o que também está na lista de prioridades da gestão Dilma, doidinha para retomar a cobrança da CPMF.

Em consequência, este será o terceiro ano consecutivo em que a gestão petista fechará suas contas no vermelho – até ontem trabalhava-se com a perspectiva de déficit de R$ 60 bilhões. Em 2014, o rombo foi de R$ 32 bilhões, subindo para R$ 111 bilhões no ano passado. 

Somemos: dá um buraco de R$ 240 bilhões escavados nas contas do país em apenas três anos. Com isso, a dívida bruta ameaça crescer mais de 20 pontos no período, para 80% do PIB. Nem uma insaciável exploradora de minérios ousaria cavar tão fundo.

Mas o Plano Lula vai além de bagunçar ainda mais o que já está bem ruim na economia. Abarca também impedir que o que precisa ser feito seja feito, como as reformas estruturais. A começar pela da Previdência, tímida e insuficientemente abraçada por Dilma, mas já lançada ao mar, bombardeada pela pressão de centrais sindicais e do próprio PT.

Não se sabe se inspirado no ex-presidente, a receita econômica posta em marcha nos últimos dias também inclui a repetição de outro dos maiores fracassos das gestões petistas: o uso e abuso da chamada contabilidade criativa, das pedaladas que transformaram a responsabilidade fiscal em letra morta.

Entre as medidas anunciadas desde a semana passada, está a autorização para que o Banco Central empregue outro instrumento de política monetária, por meio da qual controla o dinheiro em circulação e, por extensão, o comportamento dos juros. A alternativa – os chamados “depósitos remunerados” – mascararia o crescimento da dívida pública, em mais um golpe na credibilidade da contabilidade nacional.

Na sua característica tentativa de inverter os fatos, Lula e o PT pregam pelo país afora que a culpa pela crise econômica, pelo desemprego recorde e pela quebradeira generalizada são da Operação Lava Jato e do juiz Sérgio Moro. Deslavada mentira. Claro está que o ex-presidente prefere que o país persista no “rouba, mas faz” que caracterizou o governo dele ou insista no modelo fracassado que marca a gestão da presidente ainda no exercício.

O que Lula e seus petistas tresloucados defendem é o oposto daquilo que o país precisa: mais responsabilidade, melhor aplicação dos recursos cobrados dos contribuintes, equilíbrio mínimo entre gastos e receitas. 

A fórmula de palanque que o ex-presidente advoga e à qual, para nossa infelicidade, Dilma e sua equipe econômica aquiescem vai produzir menos confiança e arruinar a escassa credibilidade que ainda poderia remanescer. Vai, em suma, aprofundar a implosão da economia, levando junto o que ainda resta do Brasil.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Comandos vermelhos

A presidente da República assumiu em definitivo o figurino de chefe de facção. Dilma Rousseff transformou o Palácio do Planalto em comitê de campanha e sede de comícios partidários. Seus discursos mais recentes confirmam que ela governa apenas voltada para uma minoria. Pior ainda, afronta com ameaças e agride a ampla maioria dos brasileiros que não a toleram mais. Envereda pela ilegalidade e contra a democracia.

Na semana passada já havia sido assim. Ontem, mais uma vez, a despeito das críticas sofridas pela postura que assumira no pronunciamento anterior, Dilma usou novamente uma solenidade oficial para divulgar as teses petistas e insuflar sua militância. Atirou contra as instituições acusando-as de urdir um “golpe” – palavra citada seis vezes em menos de 21 minutos.

Não é postura de chefe de Estado a que Dilma vem protagonizando nos últimos dias – noves fora o fato de ela jamais ter exibido condições para tanto. A petista age apenas como o que lhe restou: como militante petista. A presidente simplesmente deu as costas à nação que (ainda) governa. Demonstra, cada vez mais, não ter mínimas condições de continuar ocupando o mais alto cargo da república.

Dilma fia-se agora apenas na cega – e muitas vezes bem remunerada – militância petista. Apela a advogados e juristas de meia tigela, a artistas bem financiados pelas leis de incentivo estatal, a estudantes notáveis por mercadejar carteirinhas, a “movimentos sociais” financiados com dinheiro público para atuar como braços operacionais da máquina do PT.

A claque responde à altura. Uma liderança do MTST, por exemplo, já avisa que “não vai haver um dia de paz no Brasil” depois que Dilma cair. Seus apoiadores forjam a narrativa de que um golpe está em marcha no país e a propagam mundo afora, sob incentivo aberto do governo e com uso absolutamente indevido da estrutura de Estado, como ocorreu no Itamaraty. Inspiram-se em ideias tão emboloradas quanto os paralelos históricos equivocados de que a presidente lançou mão em seu discurso de ontem.

Dilma e o PT governam hoje apenas para uma minoria: na mais recente pesquisa do Datafolha, 68% querem sua saída do governo. Nas manifestações da semana passada, a proporção de partidários do impeachment era 13 vezes maior que a dos defensores do governo petista. Se a democracia é o governo do povo para o povo, a quem deve servir: aos que são mera parcela ou aos que expressam a vontade preponderante da nação?

Pelo menos numa frase proferida ontem Dilma estava com a razão: não vai ter golpe. O que vai haver, e rápido, é o impeachment da presidente. Absolutamente dentro dos marcos legais, respeitada a Constituição e nos limites institucionais, “pela legalidade e em defesa da democracia” – apenas para tomar emprestado o mote do encontro realizado ontem em torno da petista no Planalto. Crimes de responsabilidade e ficha corrida para ser condenada, a chefe da facção demonstra, dia após dia, ter de sobra.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Muito além da corrupção

A Petrobras está fazendo história. Infelizmente, pelas razões erradas. A nave-mãe do petrolão afunda nos maus resultados das péssimas administrações a que foi submetida na era petista. À corrupção parasitária juntou-se uma gestão desastrosa que produziu perdas históricas e colocaram o futuro da companhia em risco.

Ontem, a outrora maior companhia do país divulgou seus números relativos a 2015. O resultado foi mais um rombo, o maior de sua história sexagenária: R$ 34,8 bilhões. Nos últimos dois anos, a Petrobras acumula prejuízo de R$ 56,4 bilhões. Trata-se de um desastre poucas vezes visto na saga das grandes companhias em todo o mundo.

Desta vez, a estatal sofreu com a baixa das cotações de petróleo e com a alta do dólar. Só o valor provisionado com estas perdas nos dois últimos anos – R$ 29,4 bilhões – representa mais do que a empresa vale hoje em bolsa. Os resultados também foram afetados diretamente pelos seguidos rebaixamentos de crédito sofridos pela Petrobras desde 2014, que encareceram seus custos e depreciaram seus ativos.

As perdas com os maus negócios conseguiram superar em muito os prejuízos com a corrupção já reconhecidos, avaliados em R$ 6,2 bilhões. Negócios mal feitos, como o Comperj e duas unidades de fertilizantes em Minas e Mato Grosso do Sul, geraram perda de quase R$ 8 bilhões. Ao todo, R$ 93 bilhões em ativos foram revistos entre 2014 e 2015, ou seja, evaporaram diante das novas condições de mercado.

Os resultados poderiam ter sido ainda piores se os brasileiros não estivessem sendo obrigados a pagar bem mais caro do que os consumidores estrangeiros pelo combustível com que abastecem seus carros. O sobrepreço oscila em torno de 40%, segundo o CBIE. Com isso, pela primeira vez em oito anos a empresa teve geração de caixa positiva.

A Petrobras mantém-se como a empresa não financeira mais endividada do mundo. São R$ 493 bilhões. A estatal tenta desesperadamente se desfazer de ativos – incluindo as antes sagradas reservas do pré-sal – para gerar caixa e abater dívida, mas não tem encontrado interessados, mesmo vendendo tudo na bacia das almas. Carrega nas costas o peso do seu gigantismo, anabolizado por anos de delírio da gestão petista.

Oficialmente, a própria empresa reconhece que a normalidade só será reconquistada num prazo mínimo de quatro a cinco anos. Tão cedo também os acionistas não receberão dividendos – há dois anos já é assim. A estatal admite que não tem fôlego para promover novos investimentos, em especial os mais onerosos, como os do pré-sal, cujos custos de produção hoje já são economicamente inviáveis.

Recentemente, o Senado aprovou projeto de lei que visa retirar dos ombros da Petrobras o fardo da obrigação de participar de todos os investimentos no pré-sal. De autoria do senador José Serra, foi e continua sendo bombardeado pelo PT, que sonha derrubá-lo na Câmara, ao invés de apoiar uma iniciativa voltada a recuperar a força da empresa.

O partido que sempre se apresentou – e anda se apresenta – como defensor do patrimônio público empreendeu uma verdadeira predação na Petrobras. Além da conhecida pilhagem desvendada pela Operação Lava Jato, soube-se agora que uma máfia sindical ligada à CUT e ao PT também agiu desde 2003 para sangrar os cofres do RH da empresa, podendo ter causado prejuízos estimados em R$ 40 bilhões, dos quais 1/3 já provisionados.

A Petrobras encontra-se num mato sem cachorro. Endividada demais, tem dificuldade para obter novos empréstimos. Sem a confiança dos investidores e com crédito rebaixado, não acessa recursos no mercado. Não consegue gerar caixa suficiente porque sua produção não cresce como necessário. Não é capaz de fazer investimentos que estão acima das suas possibilidades. Trata-se de uma destruição massiva, vistosa obra com o pedigree do PT.

terça-feira, 22 de março de 2016

Operação Cala a Jato

O governo não demorou nadinha para passar das palavras captadas nas conversas telefônicas entre Dilma, Lula e petistas à ação. Pôs em marcha uma operação cujo objetivo é frear a Operação Lava Jato, obstruir o trabalho da Justiça e calar as investigações. As primeiras iniciativas do novo ministro da Justiça e a ofensiva de advogados petistas no Supremo Tribunal Federal (STF) não deixam dúvidas a respeito.

Já no primeiro dia após ser empossado, Eugênio Aragão mostrou a que veio. Em entrevista à Folha de S.Paulo, foi logo ameaçando os investigadores da Polícia Federal, ao arrepio do que prevê a lei e da autonomia operacional garantida pela Constituição ao órgão: “Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova”.

Não satisfeito, Aragão agora avisa, segundo o mesmo jornal, que nos próximos 30 dias irá trocar o comando da PF, um dos núcleos mais atuantes da operação que está passando o país a limpo e enfrentando o esquema-monstro de corrupção montado pelo PT. O novo ministro está cumprindo à risca o que Lula e os líderes petistas esperavam dele com sua nomeação para o cargo.

Em conversas captadas em 27 de fevereiro, ou seja, bem antes de ser cogitado como novo ministro, o ex-presidente diz a Paulo Vannuchi que gostaria de ver Aragão, que “parece nosso amigo”, cumprindo “papel de homem” e enfrentando a Lava Jato. Noutro telefonema, desta vez a seu fiel escudeiro Gilberto Carvalho, Lula afirma esperar “pulso firme” de Aragão, já escolhido para o cargo, no controle da PF. Dito e feito.

As primeiras reações não tardaram. A Associação Nacional dos Delegados da PF disse que há pressa no governo em acabar com a Lava Jato. A Associação Nacional dos Procuradores da República também criticou a declaração de Aragão segundo a qual as delações que estão permitindo desbaratar o petrolão sejam “extorsão”. Como se vê, além da PF, o rolo compressor petista também quer tratorar o Ministério Público e os órgãos da Justiça.

Neste fim de semana, uma banca de advogados ingressou no STF para impedir que as investigações sobre Lula prossigam nas mãos do juiz federal Sérgio Moro, conforme liminar do ministro Gilmar Mendes de sexta-feira (18). Mantém-se, pois, o tom de desespero para garantir salvo-conduto ao ex-presidente e livrá-lo do risco de prisão, objetivo final de sua nomeação mambembe para a Casa Civil de Dilma Rousseff.

Esta batalha provavelmente está perdida. É predominante no país hoje a percepção de que Lula apenas tenta se safar do encontro de contas com a justiça – 68% acham isso, segundo o Datafolha – e o PT tenta salvar sua pele enlameada pela corrupção. Se havia alguma dúvida quanto a conversas e conteúdos flagrados nas investigações, não há mais: o objetivo é calar as investigações, a jato, antes que seja tarde. As palavras correspondem aos fatos.

sábado, 19 de março de 2016

O domínio dos fatos

As gravações divulgadas nos últimos dias revelam mais do que apenas a evidente intenção da presidente da República de obstruir o trabalho da Justiça e impedir a punição de delinquentes. Mostram também quem, de fato, manda no governo. Das conversas, resta evidente que Dilma Rousseff é mera figura decorativa. Se nem seus subordinados confiam na condução do país pelas mãos dela, por que os brasileiros deveriam confiar?

Das interceptações autorizadas pela Justiça sobressai um Luiz Inácio Lula da Silva no amplo domínio do poder. Ele dá ordens, determina iniciativas, cobra providências, espinafra desafetos e lança impropérios a torto e a direito. Chega a ser constrangedora a vassalagem de ministros de Estado ao chefe, tratado na prática como o capo da organização a quem todos devem amedrontada obediência.

Nas gravações, Lula age com destemor diante das ameaças, investe contra críticos, achincalha os poderes da República, desrespeita as instituições. Move-se como um poderoso chefão.

Não apenas seu vocabulário é típico do linguajar corrente em facções criminosas; as atitudes são também igualmente delinquentes. O ex-presidente – ou o melhor seria dizer o “ainda presidente”, já que pela conduta ele parece nunca ter deixado o posto? – mostra-se muito à vontade para mandar e desmandar.

Das conversas, confirma-se uma Dilma Rousseff tratada como detalhe menor dentro do projeto de poder do PT. O que conta é o que Lula diz e ordena: enquadrar a Receita Federal, partir para cima dos investigadores da Justiça, amedrontar o Supremo Tribunal Federal, disciplinar ministros de Estado, tocar o terror no Congresso e insuflar as massas (estas cada vez mais diminutas) para defender a sobrevivência petista.

É este mesmo Lula onisciente e onipotente que afirma, sempre que flagrado em mais uma nova falcatrua, que “não sabia” de nada. Quem há de crer? Desde o mensalão até o petrolão, passando pela manipulação de leis em troca de contratos bilionários, pelos favorecimentos a empreiteiras, o petista sempre se apresenta como um tolo, quando na realidade é o artífice de tudo. É quem tem o domínio dos fatos.

Numa prova de que o Brasil não aceita ser transformado numa republiqueta como Lula e companhia pensam que somos, a resposta tanto das instituições quanto do povo veio de imediato. Afora seus seguidores cegos, ninguém irá tolerar as afrontas do agora primeiro-ministro, nem contemporizar com aquela que lhe entregou, agora formalmente, todo o poder – com toda pompa e nenhuma circunstância na cerimônia em tom de palanque realizada ontem dentro do Palácio do Planalto. Eles talvez ainda não tenham se dado conta, mas o tempo deles acabou.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Tchau, querida

Os acontecimentos das últimas horas, desde a tarde de ontem, deixam claro de que lado a presidente da República, seu tutor (e agora primeiro-ministro) e seu partido estão: do crime, da corrupção, da obstrução da Justiça e contra a maioria do povo brasileiro. O governo do PT só governa para si mesmo. Abandonou, definitivamente, o Brasil. Tornou-se o comando-geral de uma facção.

Esta quarta-feira, 16 de março, ficará marcada na história brasileira como o dia do escárnio, da vergonha, do acinte. O dia em que a presidente da República foi flagrada agindo desabridamente para livrar Luiz Inácio Lula da Silva da prisão iminente, acusado que é de crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O dia em que, ao nomear um investigado da Justiça ministro-chefe da Casa Civil, Dilma deu um murro na dignidade dos brasileiros.

Todo o enredo em que Dilma, Lula e a turma de petistas despontam nas gravações trazidas a púbico ontem pelo juiz Sergio Moro é repugnante. O desdém com que abordam interesses do país, a desfaçatez com que tramam contra a república, o destemor com que se lançam em ameaças abertas contra as instituições do Estado democrático de Direito não são atos de quem preze uma nação como o Brasil. São iniciativas típicas de gangues, coisas de gângsteres.

Nas gravações transparecem o deboche e a postura beligerante do agora primeiro-ministro petista. O tom é de cizânia, o clima é de guerra, a ordem é de intimidação a quem quer que se interponha na frente do projeto do PT de livrar-se das grades. Supremo Tribunal Federal, Polícia Federal, Ministério Público, Receita Federal – todos “têm que ter medo” dos petistas, como rosna Lula numa das conversas, com o deputado Wadih Damous. É a estratégia do terror.

A resposta dos brasileiros, que recuperaram sua capacidade de se indignar e de não aceitar passivamente o avanço da marcha da insensatez, do desrespeito e do vale-tudo, foi imediata. Ontem à noite, milhares de pessoas foram, espontaneamente, para as ruas extravasar sua indignação, sua revolta, sua repulsa ao estado atual das coisas no país. O compromisso é de manter a mobilização, até que o puído governo caia.

Não parece, contudo, haver limites para os que se lançam na destruição política, social, econômica, moral e ética do Brasil. Dilma, Lula e seus sequazes continuam agindo para barrar a Justiça, impedir a punição de crimes, manter o país no oceano de lama em que o PT nos afundou. Assim foi, novamente, na manhã desta quinta-feira durante a cerimônia de posse do ex-presidente e mais três ministros no Palácio do Planalto.

A presidente da República fez um discurso de líder de facção, de palanque, de animadora de auditório. Atacou instituições, ameaçou a Justiça e investiu contra seus críticos – ela que, quando em apuros, costuma acenar com a possibilidade de diálogos tão falsos quanto sua outrora suposta capacidade gestora.

Enquanto Dilma rasgava a fantasia e, numa cerimônia oficial, avançava contra os brios dos brasileiros, chamando-os de “golpistas”, a claque petista que lotava o auditório transformava a sede do governo em comitê de campanha. No dia que ficará marcado como aquele em que renunciou na prática ao cargo e entregou o poder ao tutor de quem nunca se desvencilhou, Dilma Rousseff se reduziu a uma sombra nas sombras, tornou à condição de poste que jamais teve luz.

Aqueles que se valem dos mais espúrios métodos para se preservar no poder, para evitar o encontro de contas com a Justiça e para manter o Brasil na marcha rumo ao atraso não conseguirão prosperar. A sociedade brasileira já deixou claro, de uma vez por todas, que não aceitará que o país seja transformado em playground dos petistas, nem numa pocilga. A hora desta gente acabou, a lâmina do impeachment está para ser acionada, enxotando o PT da vida nacional. Logo logo, Dilma vai ouvir das ruas, e não de um jocoso Lula: “Tchau, querida.”

quinta-feira, 17 de março de 2016

Os aloprados atacam novamente

No governo Dilma Rousseff, falta tudo, menos emoção. A cada dia, revela-se uma nova faceta do esquema criminoso que tomou conta do país nos últimos anos. Resta cada vez mais evidente que a presidente da República está envolvida até o último fio de cabelo na tentativa de obstruir o trabalho da Justiça, de comprar o silêncio de testemunhas e de driblar as investigações que estão passando o Brasil a limpo.

Ontem vieram a público gravações em que o ministro da Educação lança-se a campo para tentar convencer o senador Delcídio do Amaral a não colaborar com as investigações desenvolvidas no âmbito da Operação Lava Jato. Aloizio Mercadante faz relembrar, em cores vívidas, suas tresloucadas investidas anteriores, quando, em 2006, comandou uma operação para forjar documentos para tentar incriminar líderes do PSDB, no lendário “escândalo dos aloprados”.

De novo, sobressai o uso do poder do Estado posto a serviço de uma causa partidária. Neste caso, impedir que as apurações do Ministério Público chegassem à presidente da República, bem como avançassem sobre o ex-presidente Lula e sobre o PT. As tentativas de interferência no andamento da Justiça por parte dos petistas são recorrentes.

Político mais próximo de Dilma, Mercadante tentou comprar o silêncio de Delcídio assim como anteriormente ela e José Eduardo Cardozo já haviam articulado a nomeação de um ministro para o STJ para tentar salvar empreiteiros da prisão.

Da mesma maneira, a presidente da República envolve-se agora na escalação de Lula para o ministério a fim de livrá-lo do risco de ir para o xadrez por decisão de Sergio Moro. O ex-presidente, por sua vez, também já se lançara diretamente em articulações para silenciar Nestor Cerveró e Marcos Valério.

A pergunta que fica é: em que tais iniciativas atendem o interesse do país? O que ganha a população com as atitudes do governo e do PT? A resposta para as duas questões é a mesma: nada. 

São todas atitudes com único objetivo: brecar o avanço da Justiça e a ameaça de punição. A presidente, seu tutor e seu partido estão ensimesmados em buscar apenas de salvar suas peles. A dos brasileiros, eles já condenaram ao braseiro da crise, do desalento e da desilusão.

Para que não restem dúvidas, vale reproduzir declaração dada ontem por Delcídio, logo após virem a público as gravações que mostram Mercadante agindo para sabotar as investigações: “Fui escalado, como líder do governo, pela Dilma e pelo Lula para barrar a Lava Jato”, afirmou a’O Globo.

De tudo isso, resulta claríssimo que há carradas de razão para que a Procuradoria-Geral da República abra investigação sobre a participação da presidente da República nos esquemas criminosos. Há rios de argumentos para que Dilma Rousseff responda por mais estes crimes de responsabilidade, em afronta à probidade administrativa. Há mais um caminhão de motivos para os brasileiros quererem se ver livres dela, de Lula e do PT.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Rico, quando rouba, vira ministro

Dilma Rousseff – incrível! – foi rápida no gatilho. Apressou-se em dar respostas aos maiores protestos da história brasileira, apenas um dia depois das gigantescas manifestações. Todas erradas, porém. 

À clara dificuldade de articulação política e verbal da presidente da República junta-se também sua deficiência cognitiva. Ela oferece aos brasileiros tudo o que eles não estão pedindo. Pior que isso, dá-lhes tudo o que eles mais rejeitam.

A petista acelerou ontem o ingresso de Luiz Inácio Lula da Silva no governo, o que deve ser confirmado hoje. Ao ex-presidente está reservado o Ministério da Papuda. Onde ele ficará sediado – se na Secretaria de Governo, na Casa Civil ou no Itamaraty – é algo de somenos importância. O que interessa, antes de tudo, é livrar o líder petista do risco de uma prisão imediata. Trata-se de uma pronta resposta. Em forma de escárnio.

Junto do ingresso de Lula na equipe, Dilma acena com a possibilidade de dar-lhe carta branca para mexer na economia. Para pior. Pelo que noticiam os jornais, o ex-presidente só aceita voltar para Brasília se tiver passe livre para comandar uma guinada na política econômica, redirecionando-a sem pejo para a vereda que desembocou na maior recessão da história brasileira. O pacote inclui autorização para torrar um terço das reservas do país em dólar. É uma viagem de trem-fantasma.

O retorno de Lula ao governo na condição de ministro da Papuda é carregado de simbolismos. O primeiro é o de que, agindo assim, Dilma simplesmente vira as costas para a imensa maioria dos brasileiros, que foram às ruas no domingo demonstrando seu repúdio a ela, ao ex-presidente e a seu partido, maiores responsáveis pelo oceano de lama em que o país está atolado.

Na verdade, Dilma declara guerra aos manifestantes – ou seja, ao grosso da população – e deixa claro que agora efetivamente governa para a minoria petista. Nada muito surpreendente para um governo que acredita, nas palavras de seu ministro-chefe da Casa Civil, que mais de 5 milhões de brasileiros lotaram as ruas do país de norte a sul no maior ato político da nossa história porque foram convocados por uma rede que vende quibes e esfirras.

Em segundo lugar, demonstra, cabalmente, o desdém que o PT nutre pelas instituições, pelo trabalho da Justiça, pelas ações de combate à corrupção – troça, de resto, presente em quase todas as respostas dadas por Lula no depoimento à Polícia Federal prestado no último dia 4. Tornar o ex-presidente ministro da Papuda para blindá-lo da prisão é a maior confissão de culpa que poderia haver. De quebra, Dilma poderá ter de responder por obstrução da justiça. Eles se merecem.

Em terceiro, a ascensão de Lula é a contraface imediata da queda de Dilma. Na prática, o PT antecipou-se ao impeachment e destituiu a presidente. Novamente, resposta errada ao clamor das ruas, por ser apenas uma tentativa de deixar tudo como está para ver como é que fica. Provavelmente, infrutífera, porque manter a atual situação, com a pitada extra de ter o famigerado Lula no comando, é tudo que o Brasil demonstrou que não aceita mais.

Por fim, ao promover Lula à condição de ministro da Papuda a ainda presidente rasga de vez qualquer compromisso com a retomada do crescimento da economia, com a agenda mínima de reformas que ela tímida e insatisfatoriamente esboçara. O novo gabinete é a maior garantia de que o Brasil vai acelerar sua viagem ao fundo do poço – que, com o PT, nunca chega.

Lula acha que virando ministro irá se precaver de ser preso. Acha, ainda, que, se sua estratégia falhar e ele vier a ser encarcerado com autorização do STF, se transformará em herói, no primeiro passo para voltar a ser presidente da República. Está redondamente enganado. 

Se a justiça for feita e o petista for comandar seu ministério na Papuda, ele simplesmente terá se tornado presidiário, e libertado o Brasil. Esta é a resposta que os brasileiros esperam e não as que Dilma, atordoada, lhes oferece.

terça-feira, 15 de março de 2016

Começou a contagem regressiva

As gigantescas manifestações de ontem em todo o Brasil dispararam a contagem regressiva para o fim formal – uma vez que, na prática, ele já não existe – do governo de Dilma Rousseff. Se alguém ainda tinha dúvidas, ficou claro de uma vez por todas que a maioria absoluta do país não suporta conviver por mais tempo com o PT no poder. Acabou.

As dimensões dos protestos variam de acordo com as fontes. Segundo as mais comedidas, 3 milhões de pessoas foram às ruas; os mais otimistas calculam em 6,5 milhões. Realisticamente, dá-se de barato que em torno de 5 milhões de brasileiros saíram de casa para manifestar sua indignação, seu repúdio à corrupção e seu apoio ao trabalho das instituições que estão passando o país a limpo.

Nunca antes na nossa história um protesto mobilizou tanta gente. Nunca antes na história, aconteceu em tantos locais simultaneamente, em todo o país – em mais de 200 cidades – e também no exterior. Não se concentrou apenas nos grandes centros, espalhou-se pelo interior, por todas as regiões, por todos os estados. Atraiu mais gente do que a maior manifestação anterior, ocorrida um ano atrás. Sempre pacificamente, ordeiramente.

O governo fez a parte dele, desdenhando da disposição do povo para reclamar. Agiu como se só existissem as massas de manobra bovinas guiadas por líderes populistas. Achou que a capacidade de mobilização dos brasileiros não resistiria às promessas vazias da presidente e, principalmente, às ameaças de ataque das jararacas. Perdeu.

O país não está dividido; está unido contra o PT. O que ontem se viu nas ruas foi a marcha da cidadania, avivada pela sociedade civil, estimulada pela força de valores que foram sistematicamente aviltados ao longo da última década. O país de verdade, não o Brasil do PT.

Os brasileiros foram às ruas mostrando que são maioria. Deixando claro que não se deixam seduzir pelo marketing enganoso. Avisando à presidente, ao partido dela e a seu tutor, Lula, que, diferentemente do que eles pregam, os cidadãos do país não toleram a corrupção, não acham que ela esteja sendo praticada em nome de uma causa nobre, nem admitem que os que mais se locupletaram da roubalheira posem de almas “mais honestas” que existem.

A parte que lhe cabia o povo brasileiro fez. Agora correrá o tempo da política, sem a qual nenhum processo popular tem como prosperar, dentro das regras constitucionais. Espera-se já para esta semana a retomada dos ritos de afastamento de Dilma Rousseff, com a perspectiva cada vez mais palpável de que estejam concluídos em 45 dias. 

Diante disso, de nada irá adiantar o governismo colocar seus gatos pingados nas ruas na próxima sexta-feira. Alguma razão pelo menos os defensores do governo têm: sim, não vai ter golpe. Vai ter impeachment.

sábado, 12 de março de 2016

Se nós não formos, ela fica

Os brasileiros preparam-se para escrever neste fim de semana um capítulo para ficar na história da nação. A maior mobilização popular já realizada no Brasil tem como objetivo demonstrar o repúdio da população ao oceano de lama que tomou conta do país nos últimos anos e lançar um grito indignado em favor da restauração da ética e da responsabilidade na vida pública.

Milhões de brasileiros devem ocupar as ruas no domingo em movimento convocado por entidades civis, grupos sociais e partidos políticos de oposição ao governo. É a união de esforços para tirar o Brasil das graves crises que nos assolam: a crise política, a crise ética, a crise econômica e a crise social patrocinadas pelo governo que aí está e pelo grupo político que comanda o país há mais de 13 anos.

São muitos os motivos para protestar e para se indignar. Uma primeira razão que irmana os que encherão ruas, praças e avenidas do Brasil no domingo é o apoio ao trabalho que nossas instituições – em especial o Ministério Público, a Polícia Federal e os órgãos de Justiça – vêm realizando para tentar extirpar da vida nacional o cancro da corrupção, que se tornou norma na administração federal nos últimos anos.

As ruas também irão dar seu “basta” a um modo de fazer política que transformou em regra o loteamento do Estado, o assalto aos cofres públicos, o achincalhe ao interesse público e o predomínio de interesses partidários sobre os coletivos. Manifestarão sua repulsa ao que representa, em suma, o modelo petista de governar.

Os que iremos para as ruas neste domingo são movidos pelo compromisso estrito com os preceitos da Constituição, pela defesa da ordem e pelo respeito à paz. Não buscam confrontos, mas sim a reconstrução de uma nação que seja, de novo, de todos e não de apenas alguns, como se tornou o Brasil sob o manto enganoso do populismo.

Para o bem da nação, o desfecho previsível das manifestações deverá ser o encerramento antecipado do governo de Dilma Rousseff, que, definitivamente, não exibe mais quaisquer condições de prosseguir. Seja pelo impeachment, pela impugnação da chapa pela Justiça Eleitoral ou por uma improvável, embora muito desejável, renúncia da presidente da República. Fato é que o governo que aí ainda está acabou, simplesmente.

As manifestações deste domingo expressarão também o clamor dos brasileiros para que o país supere o enorme atraso a que foi levado pelos governos petistas, a partir de Lula, em termos econômicos, éticos e políticos. Sob a capa de paladino da moralidade, o PT promoveu retrocessos de décadas, pondo em risco conquistas e avanços arduamente conquistados pela sociedade brasileira.

O país que irá às ruas neste domingo, em defesa das instituições, rezando pela Constituição e em absoluta paz, estará mais coeso do que nunca em busca de um objetivo comum: a favor do Brasil e contra o PT.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Ministério na Papuda

As investigações em torno da organização criminosa que há mais de uma década vem sangrando o país – e que nos conduziu à maior crise política, ética e econômica da nossa história – deram passos decisivos ontem. A lista de irregularidades que exibe o nome de Luiz Inácio Lula da Silva à frente pode estar começando a ser punida.

O ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Segundo as alegações, Lula ocultou patrimônio na forma de seu lauto tríplex à beira-mar, reformado e equipado de mimos por uma das empreiteiras mais ativas do petrolão. Os promotores não têm dúvida de que o petista é o verdadeiro dono da cobertura. A esposa de Lula e um de seus filhos também foram denunciados.

O tríplex é o primeiro item da lista em que as investigações avançam. Ainda há o sítio de Atibaia (SP), as palestras misteriosas (porque nunca vistas), a negociação de medidas provisórias, os contratos milionários de seus filhos em troca de consultorias chinfrins, os imóveis onde a família Lula da Silva viveu a vida inteira de favores e até os contêineres lotados de sabe-se lá que tipo de presentes que o ex-presidente mantém, até pouco tempo atrás bancado por empreiteiras.

Sobre este rol de irregularidades, os investigados não são capazes de balbuciar qualquer explicação decente. De sua parte, o PT e o governo já dispõem de resposta: querem transformar Lula em ministro de Estado com único intuito de livrá-lo do risco iminente de prisão. Melhor confissão de crime não poderia haver. Inevitável lembrar frase dita por Lula em 1988: “Quando um pobre rouba, vai para a cadeia. Rico quando rouba vira ministro”.

A simples cogitação de tornar Lula ministro de Estado também denota o estágio terminal em que se encontra o governo de Dilma Rousseff. Com ele no ministério, a presidente se tornaria definitivamente uma peça figurativa, um fantasma, um poste sem lâmpada. Provavelmente, contudo, não haverá tempo hábil para isso: o impeachment ou a cassação a esperam.

No caso de Lula, as punições que podem advir das investigações do Ministério Público de São Paulo ou da Operação Lava Jato são respostas àqueles que, do alto de seu poder, acreditam que tudo podem. São, também, um revide aos que colocam seus interesses particulares acima dos coletivos – basta citar, no caso específico, que os demais condôminos fraudados pela Bancoop, a responsável original pela obra no Guarujá, foram deixados à míngua, enquanto Lula ganhou de presente uma reforma de R$ 1 milhão.

O ex-presidente ainda está apenas na condição de denunciado. O próximo passo, uma vez aceita a denúncia, é torná-lo réu. Julgado, pode ser condenado e passar uma temporada atrás das grades. Se os petistas insistirem em torná-lo ministro do governo de Dilma, Lula pode inaugurar uma nova modalidade de ministério: aquele que funciona atrás das grades.

quinta-feira, 10 de março de 2016

A turminha de jararacas

No discurso que fez na sexta-feira passada após depor na Polícia Federal, Luiz Inácio Lula da Silva conclamou a militância governista a “levantar a cabeça” e espelhar-se em seu comportamento. Minutos depois, em sua reconhecida retórica, aquele que governou o país por oito anos comparou-se a uma jararaca. O pessoal seguiu a convocação à risca: está expondo sua peçonha pelo país afora.

Não passa um dia agora sem que a turma interessada em manter tudo como está – ou seja, o Brasil atolado na roubalheira e no atraso – vá para as ruas para tocar o terror. Mal Lula terminara seu ato na sede do PT, já tinha militantes e simpatizantes batendo em repórteres, intimando jornalistas e quebrando equipamento de cinegrafistas nas ruas de São Paulo.

Horas antes, nas portas do aeroporto de Congonhas, este pessoal também já havia repetido o espetáculo deprimente protagonizado na semana anterior em frente ao fórum onde Lula iria depor, agredindo críticos do governo.

No último fim de semana, a própria filha do ex-presidente estampou capas de jornal em gesto de fina elegância endereçado à “mídia golpista”. Ontem, foi a vez da turma do MST invadir e depredar o prédio de uma afiliada de uma emissora de TV em Goiânia. Devidamente mascarados, gritavam palavras de ordem anacrônicas que rimam certinho com “mofo”.

Esta gente está desesperada porque percebe que o tempo em que podiam fazer e acontecer sem ninguém contestar acabou. Embora ainda muito barulhentos, não passam hoje de uma minoria sectária e truculenta. Gritos e ameaças são suas únicas armas, agressões e insultos são seus melhores argumentos. Não é disso que o país precisa, não é isso o que os brasileiros querem.

A maioria do país está do lado das mudanças, das transformações saneadoras resultantes da atuação decidida das instituições do Estado democrático de Direito, da restauração da ética e da decência na vida – não só pública – do país. 

Está do lado da paz, e reza estritamente pelas linhas da Constituição. A maioria absoluta dos brasileiros simplesmente não suporta mais que o país continue como está, que permaneça como as turminhas de jararacas querem.

É este o espírito que move as manifestações convocadas para o próximo domingo: o da luta pacífica e ordeira pela reconstrução do Brasil, pela recuperação da autoestima e da possibilidade de nosso povo voltar a sonhar com um futuro melhor, mais condigno com os valores que professa, defende e com os quais se orienta no seu dia a dia – os preceitos da honestidade.

Isto o pessoal que se inspira em serpentes peçonhentas não tolera. O interesse deles é simplesmente tentar barrar um movimento cívico com o qual a nação irá escrever uma página crucial da nossa história e começar a redefinir o destino que aguarda o país. O intuito deste pessoal é apenas tentar impedir que a justiça, a democracia e as liberdades triunfem. No domingo, vai ficar cabalmente comprovado que esta turminha pode até ter algum chocalho, mas já perdeu suas garras. O Brasil da paz vai prevalecer.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Mais poder às mulheres

O empoderamento feminino precisa estar no topo das prioridades de uma agenda voltada a recolocar o país de volta aos trilhos do desenvolvimento, dos quais a gestão petista nos desviou. Neste dia em que se comemoram os direitos da mulher, cabe lembrar as muitas injustiças de que elas são vítimas. Enquanto persistirem, não seremos uma nação minimamente decente.

As mulheres são a maioria da população brasileira e do eleitorado. Mas o que a demografia consagra a prática cotidiana desvirtua. O peso feminino nas decisões ainda situa-se muito aquém do papel que as mulheres desempenham em nossa sociedade. Persistem desequilíbrios que não condizem com uma nação que almeja a equidade de direitos e oportunidades.

Numa sociedade ainda muitíssimo desigual, as mulheres acabam pagando bem mais caro pelas iniquidades. Desdobram-se no papel de mães, de trabalhadoras e de donas da casa – dada a crescente importância delas na manutenção financeira dos lares. Elas também precisam se virar para superar a péssima qualidade dos serviços públicos que comprometem a educação e a saúde dos filhos.

As mulheres são as maiores vítimas dos fracassos das políticas públicas que só existem na propaganda oficial. Veem, por exemplo, suas possibilidades profissionais e de aprendizagem seriamente afetadas pela falta de creches ou pela reduzida oferta de vagas nas escolas de educação infantil. Penam para conseguir oportunidades num mercado de trabalho cada vez mais enxuto pela recessão.

Neste particular, a crise já está impactando negativamente a participação das mulheres na força de trabalho. Atualmente, 43% delas trabalham. O percentual crescia desde a década de 1950 e chegara a 48% em 2012, segundo o IBGE. Depois começou a cair, como reflexo das menores oportunidades que a atual depressão econômica acarreta.

Tradicionalmente, o mercado de trabalho já é muito injusto com as mulheres. Mesmo com maior escolaridade, elas recebem, em média, 26% menos que os homens no desempenho das mesmas funções, segundo a Pnad mais recente. Não há o que justifique.

Uma mudança na elaboração de políticas públicas que contemple o crescente papel das mulheres na nossa sociedade passa, necessariamente, pela maior participação delas na política. Neste quesito, o Brasil vai muito mal: ocupa hoje apenas a 116ª posição numa lista de 190 países. A bancada feminina representa somente 10% da Câmara e 13% do Senado, ante média mundial que varia entre 20% e 22%.

Neste sentido, uma política de cotas que reserve espaço nas diversas instâncias decisórias pode ser importante instrumento, ainda que transitório e temporário, para suplantar atrasos e desequilíbrios que não têm correspondência na composição e no perfil de nossa sociedade. As mulheres merecem, e precisam, ter mais poder.

Igualmente essencial é a preservação de direitos conquistados, e que, vira e mexe, são ameaçados por retrocessos inaceitáveis. E é fundamental, sobretudo, ter absoluta intransigência em relação à prática de violência contra mulheres e crianças – cerca de 15% delas sofrem algum tipo de abuso ao longo da vida, o que é absolutamente inadmissível.

O empoderamento feminino precisa estar na agenda cotidiana do país. Elas serão parte crucial da solução para que o Brasil supere a fase difícil – tanto ética quanto econômica – em que foi jogado pelos governos petistas. A defesa dos direitos das mulheres não merece somente uma data única no calendário, mas precisa, isto sim, estar presente no nosso dia a dia, em todos os dias do ano.

terça-feira, 8 de março de 2016

A vítima é o país

Desde a última sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a envergar a fantasia de que mais gosta, a de vítima. O padrinho dos ricaços se diz um perseguido das elites, um injustiçado pelas instituições, uma persona non grata da imprensa. Esfarrapada, a pantomima de pai dos pobres não se sustenta. Lula é caso de polícia.

O petista passou semanas em silêncio, enquanto as acusações de que enriquecera ilicitamente, engordado pelo petrolão, se avolumavam. A cada dia, sabe-se de nova benesse espúria. É o sítio de Atibaia, o tríplex do Guarujá, uma antena de telefonia de uso particular, coberturas onde se vive a vida toda de favores (não apenas uma, mas duas, como informa O Estado de S. Paulo em sua edição de hoje), reformas e eletrodomésticos que caem do céu. Sobre isso, Lula nada tem a dizer.

O ex-presidente continua sem dar respostas convincentes – ou, pelo menos, objetivas, ponto por ponto e não de maneira sub-reptícia como ele fez na sexta-feira – às suspeitas de que usou a presidência do país para se locupletar, enriquecer, prosperar na vida. Corre risco de ser processado e punido por improbidade administrativa, vendo sua quimera de voltar ao poder esvair-se na lama em que fundou seu projeto político e na qual atolou o país.

Diante dos fatos, Lula e o PT respondem com arreganhos, ameaças, incitação a hordas incivilizadas, afrontas ao Estado democrático de direito. Não é coisa de quem preza a democracia, de quem respeita as instituições, tampouco de quem não teme o avanço da Justiça. Pelo contrário: é atitude de quem está devendo. Garras escancaradas são a arma de peçonhentos.

Há, sim, uma vítima neste teatro do absurdo em que Lula, Dilma e o PT transformaram o Brasil: o próprio país. Não há salvação à vista enquanto esta gente se mantiver no comando. A nação está em franco retrocesso, estupefata à espera de novas e mais graves revelações, mas, ao mesmo tempo, mobilizada para pôr em marcha um processo – estritamente dentro dos limites constitucionais – que dê fim ao atual estado de coisas.

Por seu turno, Lula e o PT já apresentaram suas armas. Além da manipulação de sempre, o confronto com a justiça, as agressões físicas, a violência explícita. Aterrorizam com a possibilidade de “justiçamentos”, “ódios progressivos” e a ameaça de transformar o Brasil numa Venezuela, como faz Gilberto Carvalho em entrevista à Folha de S.Paulo. Este talvez seja, afinal, o sonho maior desta gente. Mas aqui não passarão.

O Brasil é vítima de um governo que não existe, de uma organização criminosa, de uma economia que afunda, da carestia que só se agrava, do desemprego que afeta pais de famílias e desalenta nossos jovens. A vítima deste descalabro não é Lula, não é o PT, tampouco Dilma. É o país que eles destruíram, mas que, em breve, os brasileiros começaremos a reconstruir. Sem Lula, sem Dilma, sem o PT.

sábado, 5 de março de 2016

A hora da verdade

Esta sexta-feira marca um dia histórico, há muito aguardado pelos brasileiros que anseiam por um Brasil melhor: o dia em que aqueles que corromperam o país como nunca antes na história começarão a ter que acertar as contas com a Justiça. Dando nome aos bois: o dia em que Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff começarão a pagar por ter transformado o Brasil numa republiqueta enlameada e tornado a vida dos brasileiros um inferno.

Em operação deflagrada nesta manhã, Lula foi levado para depor pela Polícia Federal. Policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente, na de seu filho Fábio Luiz Lula da Silva e também no Instituto Lula. Segundo o Ministério Público no Paraná, a ação se justifica porque o petista foi “um dos principais beneficiários” do petrolão. As investigações estão chegando aonde deveriam.

As ações deflagradas nesta manhã – batizadas de Aletheia, palavra grega que significa “verdade” – são o desdobramento natural das revelações trazidas a público ontem pela revista IstoÉ. Sugerem que a Operação Lava Jato, que daqui a alguns dias completa dois anos, está finalmente alcançado o cerne do seu objetivo: extirpar, desde o seu nível de comando mais alto, a organização criminosa que se apossou do Brasil na última década.

O conteúdo da delação feita por Delcídio do Amaral confirma muitas das suspeitas e acusações conhecidas ao longo dos últimos anos. O senador, que até pouco mais de três meses atrás era o líder do governo no Senado, corroborou o que desde o mensalão tornou-se cada dia mais evidente: tanto Lula quanto Dilma, na condição de presidentes da República, tinham pleno conhecimento do assalto ao Estado perpetrado pelo PT.

Desde a prisão de Delcídio, em 25 de novembro do ano passado, os petistas temiam pelo que estava por vir. Conhecido o conteúdo da delação, assacaram a mesma estratégia de sempre: acusar o delator de não ter credibilidade. Curiosa recriminação a quem até pouco tempo – e, mais que isso, durante longo tempo – privou da mais estrita confiança e da privacidade tanto de Lula quanto de Dilma.

Em sua manifestação formal divulgada ontem, a presidente da República não foi capaz de sustentar que Delcídio mentia. Dilma limitou-se a manifestar indignação com o vazamento da delação. Sobre seu conteúdo, nenhuma palavra.

Todas as revelações de Delcídio conhecidas até agora envolvendo o esquema criminoso petista se encaixam com o desvendado até aqui pelas investigações. Não há delação ou investigação entre as que vieram a público até o momento que contradigam o que disse o ex-líder do governo no Senado. Tudo ratifica que o PT roubou, extorquiu, corrompeu, fraudou, surrupiou, deturpou desde que assumiu o poder.

As revelações de Delcídio são gravíssimas porque mostram que tanto Dilma quanto Lula atuaram para obstruir as investigações da Lava Jato e para interferir no trabalho da Justiça – algo que ambos sempre negaram. No caso da atual mandatária, incorre-se claramente em crime de responsabilidade, passível de perda de mandato.

Quase todos os sete incisos do artigo 9° da lei que define os crimes de responsabilidade (n° 1.079/50), no capítulo que trata dos crimes contra a probidade na administração, casam como luva com a tentativa de Dilma de fazer o STJ amaciar para empreiteiros apanhados na Lava Jato. Uma interferência indevida e ilegal no funcionamento das instituições, uma afronta à Constituição.

Quanto a Lula, resta cabalmente claro que, desde o início, ele teve absoluto domínio dos fatos que se desenrolaram desde o mensalão, desde que o PT iniciou o assalto aos cofres federais – porque contra as finanças de municípios nos quais governaram eles já tinham investido há muito tempo.

Mais recentemente, o ex-presidente locupletou-se imensamente, com vantagens pessoais, com mimos milionários dados pelas empresas que tomavam parte na burla às estatais – das quais a ruinosa compra da refinaria de Pasadena, objeto também da delação de Delcídio, é um dos exemplos mais eloquentes. Não satisfeito, Lula agiu para bloquear a ação da Justiça, tentando corromper outros acusados, segundo o ex-líder do governo.

As revelações das últimas horas, que se sucedem como um turbilhão, reforçam a constatação de que o país está diante de uma reviravolta histórica. Todas as evidências são de que a vontade do eleitor foi fraudada nas eleições de 2014, a vitória petista tanto naquele ano quanto nos anteriores foi obtida com instrumentos espúrios, usurpando o voto popular.

De alguma maneira, seja pelo impeachment, pela impugnação da chapa Dilma-Temer ou pela improvável renúncia de uma presidente incapaz de gestos de grandeza, esta triste fase da história brasileira tem que chegar ao fim – e, mais do que nunca, parece estar chegando. Porque governo já não há. Acabou.

quinta-feira, 3 de março de 2016

O PIB do desastre anunciado

O governo do PT teve revelada nesta manhã sua obra-prima: o tamanho da monstruosa recessão na qual o país foi mergulhado pelas gestões de Lula e Dilma. A economia brasileira afundou como há décadas não afundava, superou todos os países relevantes do mundo no quesito fracasso e prenunciou a mais longa retração da história do país. É preciso muita incompetência reunida para obter um feito como este.

O PIB caiu 3,8% em 2015, segundo informou o IBGE nesta manhã. Foi a maior queda desde 1990, primeiro ano do governo Fernando Collor. Calculado em valores per capita, ou seja, quando o valor da riqueza produzida é dividido pela população residente, a baixa foi de 4,6%, a segunda consecutiva deste indicador.

Todos os setores, exceto a agropecuária, tiveram queda no resultado anual. A indústria, de novo, liderou a baixa, com recuo de 6,2% no ano. Serviços caíram 2,7%, maior retração desde 1996. A alta da atividade agrícola foi de 1,8%, a menor desde 2012.

No trimestre, a baixa foi de 1,4%, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. É a quarta queda trimestral seguida. O Brasil está em recessão há dois anos. Há dois anos, o país não cresce e, por anos ainda, não crescerá.

Há apenas uma explicação para o mau desempenho da economia nacional: o governo brasileiro. Não há quaisquer fatores externos que justifiquem quedas tão acentuadas, tampouco a perspectiva palpável de que o mergulho prosseguirá neste e, talvez, até no próximo ano.

O crescimento médio mundial no ano passado foi de 3,1%. Países que enfrentaram recessão brava já estão a pleno vapor. É o caso da Espanha, uma das mais afetadas pela crise de 2008: seu PIB subiu 3,5% no ano passado, depois de alta de 1,4% em 2014. Segundo estimativas do FMI, só Burundi, Líbia, Guiné, Iêmen, Serra Leoa, Sudão, Ucrânia e Venezuela devem ter se saído pior que o Brasil em 2015. Que fase!

Não há perspectiva boa à vista. Na média do mercado – aferida pelo Banco Central – o prognóstico é de nova queda de 3,4% da economia brasileira neste ano e um crescimento ridículo de 0,5% em 2017. Será a mais extensa e profunda recessão vivida pelo Brasil em toda a sua história republicana, batendo os -2,1% e -3,3% do biênio 1930-1931.

Caso isso se confirme, teremos quatro anos seguidos de redução no PIB per capita, numa queda que, acumulada, irá superar 10%. Estudos consistentes indicam que apenas em 2020 este indicador voltará aos níveis de 2010. Ou seja, teremos uma década perdida em termos de geração de riqueza.

O futuro fica ainda mais turvo quando se observa especificamente o comportamento dos investimentos. Eles caem seguidamente há sete trimestres, quando comparados ao trimestre imediatamente anterior. No ano passado, o mergulho foi de 14%, que se somaram ao recuo de 4,5% já verificado em 2014.

Como consequência, as taxas de investimento e de poupança nacionais despencaram para níveis históricos: 18,2% e 14,4% do PIB, respectivamente. É tudo o que um país nas condições em que se encontra o Brasil não precisa. O desalento reinante também fez tombar todos os demais componentes da demanda (consumo das famílias, com o pior resultado desde 1991, e do governo).

O tombo histórico do PIB é a síntese do modelo econômico falido adotado no país desde Lula e aprofundado por Dilma. O mesmo modelo que os petistas agora advogam que seja turbinado, com maior concessão de crédito, mais incentivo ao consumo, juros baixados na marra, maior participação estatal na economia e leniência com a inflação. O resultado desta opção está aí, para quem quiser ver: um desastre tingido com todas as cores mais sombrias.

Em defesa do patrimônio dos brasileiros

Dizem alguns que a oposição está interessada apenas em ver o circo pegar fogo e inviabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff. Se isso fosse verdade, alguns dos projetos de lei mais relevantes hoje em tramitação não seriam da lavra dos adversários do PT. Teria sido muito mais fácil simplesmente esperar que o petismo caísse de podre, mas a oposição está atuando vigorosamente no Congresso para que aquilo que já está muito ruim não piore ainda mais.

Na semana passada, foi aprovado projeto de autoria do senador José Serra que muda as regras de exploração do pré-sal e livra a Petrobras da obrigação de entrar em todo e qualquer leilão de petróleo em águas ultraprofundas. Os petistas detestaram, mas a proposta tem o condão de ressuscitar a hoje moribunda indústria do petróleo no país, gerar empregos e ativar investimentos que podem chegar a US$ 420 bilhões até 2030, segundo a Firjan.

Mas há muito mais em andamento no Parlamento. Neste instante, o Senado analisa proposta do senador Paulo Bauer que coíbe a influência político-partidária nos fundos de pensão públicos. Relatado pelo senador Aécio Neves, o texto busca resguardar a governança destas instituições – cujo patrimônio soma cerca de R$ 700 bilhões (dados de 2014), com negócios e participações em centenas de empresas – do ataque de que têm sido vítimas na era petista.

Basta lembrar que os maiores fundos de pensão do país ligados a empresas estatais devem ter amargado prejuízo próximo de R$ 45 bilhões no ano passado (o valor ainda não foi totalmente computado), afetando a aposentadoria de uns 500 mil trabalhadores. O mergulho vem desde o início do governo Dilma e reflete os péssimos negócios em que estas instituições se meteram, levadas, em muitos casos, pela má influência política.

Entre as novidades do projeto está a exigência de que pelo menos 1/3 dos conselhos deliberativo e fiscal dos fundos seja composto por profissionais especializados. Dirigentes e conselheiros também não podem ter ligação com qualquer atividade política. É uma forma de começar a extirpar o cancro que, nos últimos 14 anos, o petismo inoculou não apenas nos fundos de pensão como nas estatais brasileiras em geral.

A defesa do patrimônio dos brasileiros e dos trabalhadores também orienta o projeto que institui uma lei de responsabilidade para as estatais, sob relatoria do também tucano Tasso Jereissati no Senado. Novamente, o objetivo é blindar as empresas sob o controle do Estado da nefasta influência político-partidária, estipulando normas rigorosas para o preenchimento de cargos de direção e gerência.

Exige que os ocupantes dos cargos de direção e dos conselhos de administração tenham experiência profissional comprovada de pelo menos dez anos na área afim. Ataca o apadrinhamento político e estabelece o mérito como regra. Impõe-lhes padrão de governança condizente com a preservação de algo que é de todos.

Os últimos anos foram pródigos na destruição do patrimônio público, transformado em butim e caixa de financiamento do projeto de poder do PT. Não é possível esperar pelo fim da era petista para iniciar o resgate de algo que diz respeito a todos os brasileiros e ao interesse nacional – e não particular. Se a oposição – esta mesma que é acusada por alguns de estar de braços cruzados – não agisse, o risco era não sobrar nada.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Cabeças cortadas

Rolou abaixo ontem a terceira cabeça coroada do governo Dilma cortada por ingerência direta de Lula, mais uma demissão de primeiro escalão destinada a acatar seus desejos. Ao mesmo tempo em que ensaia, no discurso, desvencilhar-se da atual administração, o líder petista deixa claro que, na prática, quem manda na lojinha é ele.

José Eduardo Cardozo deixou o Ministério da Justiça depois que as pressões de Lula e seus asseclas tornaram-se insuportáveis. A chama sob a frigideira aumentou na mesma proporção em que as investigações da Operação Lava Jato e as prisões da Polícia Federal se aproximaram do ex-presidente, seus aliados, compadres e financiadores.

A cabeça de Cardozo agora fará companhia às de Aloizio Mercadante e Joaquim Levy, apeados dos dois principais ministérios do governo petista no ano passado por obra e graça de Lula. A próxima investida será sobre a agenda econômica, que o ex-presidente e os lulistas querem ver insistindo na velha e fracassada “nova matriz econômica”.

A queda de Cardozo se consumou no mesmo momento em que o Ministério Público investiga a possibilidade – cada vez mais concretíssima – de Lula ter se locupletado com benfeitorias financiadas com propina desviada da Petrobras e com recursos objeto de lavagem de dinheiro enquanto ainda cumpria o mandato de presidente da República. A chapa está quente.

Talvez a esperança de Lula repouse no perfil do novo ocupante da Justiça, fiando-se na experiência pregressa dele. Wellington César de Lima e Silva é cria de Jaques Wagner, ministro da Casa Civil imposto por Lula. No posto de procurador-geral de Justiça da Bahia, notabilizou-se por ter sido “aliado fiel” do governador e nem um pouco afeito a dar-lhe dores de cabeça, como mostram os jornais.

Na Bahia, o agora ministro da Justiça embarreirou investigações propostas pela oposição que poderiam constranger Wagner e imputar-lhe crimes de responsabilidade, incluindo a prática no estado das mesmas odientas pedaladas fiscais que notabilizaram a maquiagem das contas públicas no governo Dilma.

A mudança no ministério aumenta o receio de que investigações que estão passando o país a limpo sejam embaraçadas pelo petismo. A associação dos delegados policiais federais foi a primeira a dar o grito, apontando risco de “pressão política para que controle os trabalhos da Polícia Federal”. A pronta reação da corporação constrangeu a possibilidade de mudança imediata na diretoria-geral da PF – por ora, pelo menos.

Mas há outras formas insidiosas de garrotear a atuação de um órgão fundamental para o avanço das investigações em marcha, como é o caso da PF: basta cortar-lhe o oxigênio das verbas orçamentárias. E isso, infelizmente, já vem ocorrendo. Recursos para investimentos do órgão caem continuamente há quatro anos e hoje representam menos de um terço do que eram em 2012.

Será a resistência da sociedade, o apoio decidido ao aprofundamento das investigações e uma aliança em defesa das nossas instituições que irão impedir que órgãos como o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, o Ministério Público e mesmo a Controladoria-Geral da União (que ontem também ganhou novo titular) se transformem em joguete nas mãos de quem, das sombras, tenta controlar o país apenas para se safar do necessário encontro de contas com a justiça.

terça-feira, 1 de março de 2016

Toma que a filha é tua

Estamos assistindo uma situação curiosa e insólita no Brasil: o governo de turno não é de ninguém. Com a crise comendo solta, o partido pelo qual a presidente da República foi eleita e reeleita agora finge que não tem nada com isso. No seu velho oportunismo, o PT comporta-se como se fosse oposição à sua própria administração.

Os passos do descasamento entre petistas e Dilma Rousseff aprofundaram-se neste fim de semana. A presidente preferiu não ir ao esvaziado evento em que seu partido comemorou – que motivos tem para festejar? – 36 anos de fundação. Em troca, o PT divulgou um plano econômico em que refuta a possibilidade de apoiar quaisquer reformas no Congresso e defende que o país insista no caminho ruinoso que levou à recessão atual.

O mais velhaco dos mortais também já age abertamente para se dissociar de sua criatura. Lula teria avisado Dilma, segundo jornais, que não vai mais gastar saliva defendendo-a. Primeiro, porque está ocupado demais em resguardar-se das crescentes provas de que usou e abusou do poder para se dar bem e enriquecer. Segundo, porque acha que agindo assim ainda preservaria suas chances eleitorais.

A estratégia dos petistas é clara: querem tentar se desvencilhar do estrago que eles mesmos patrocinam, da roubalheira que promovem, dos retrocessos que protagonizam. De repente, não mais que de repente, é como se o partido que há quase 14 anos governa o país simplesmente não tivesse nada a ver com tudo isso que está acontecendo.

Na narrativa petista, Dilma teria abraçado o programa de seus adversários, se afastado de medidas popularescas e, por causa disso, já não mereceria a confiança dos petistas. Seria bom se fosse verdade, mas não é. A presidente continua levando seu governo com as mesmas diretrizes petistas, reprisando os mesmos erros e insistindo nos mesmos descaminhos.

Travestido de ajuste fiscal, seu mais recente conjunto de iniciativas na economia, por exemplo, aprofunda o desequilíbrio nas contas públicas. Dilma e sua equipe econômica – escolhida para agradar Lula e os petistas – divulgaram cortes, mas no mesmo momento abandonaram a meta de poupar para brecar o avanço da dívida pública.

Dilma e o PT são indissociáveis. O governo atual e sua ruína são obra deles, conjunta, e não o fruto de uma concepção de proveta, sem pai nem mãe. As ideias da presidente são as mesmas dos petistas. Ambos comungam de uma canhestra visão de mundo e compactuam com uma torpe noção da ética. São unha e carne.

Com faro invejável, os petistas já perceberam que seus dias de poder estão para acabar. Ensaiam voltar à oposição, enquanto ainda são governo. Tentam lavar as mãos em relação ao desastre atual e empurrar os ônus para os adversários. Mas não tem jeito: Dilma, a recessão, a corrupção, o desalento são todos crias do PT. Toma que a filha é tua.