As ações da Petrobras entraram ontem em processo de
liquidação. Antes que petistas mais exaltados vociferem dizendo que isso é
problema do mercado financeiro ou de gente ávida por fazer dinheiro, é bom que
fique claro que, com o derretimento do valor dos papéis, a sobrevivência da companhia
está indo para o vinagre. A estatal corre risco de sumir do mapa.
As ações da empresa caíram quase 10% no pregão de ontem –
foi a sexta queda seguida, acumulando 25% em uma semana – e bateram no
nível mais baixo em mais de dez anos. Quando se consideram alguns outros
parâmetros de avaliação, como a relação entre valor de mercado e patrimônio líquido, a Petrobras
retrocedeu agora para o tamanho que tinha em 1996.
Onde está o fundo do poço?
A principal razão para a aversão de investidores às ações da
companhia brasileira é a completa ausência de transparência nas informações e o
mar de lama que se descobre maior a cada dia que passa. Na sexta-feira, a Petrobras
adiou pela segunda vez em menos de um mês a divulgação do balanço relativo ao
terceiro trimestre. Os administradores simplesmente não sabem dizer o tamanho
do rombo que a corrupção deixou na contabilidade da empresa.
Desde o ápice de sua valorização, em maio de 2008, a Petrobras já perdeu R$ 610 bilhões em valor de mercado, segundo a consultoria Economática.
Em dólar, a ação da estatal caiu 62% desde setembro – num nível muito acima do de
suas concorrentes, que também sofrem com a derrocada das cotações do petróleo mundo
afora, mas não estão atoladas em corrupção.
A Petrobras já foi uma “blue chip”, jargão do mercado para as
ações mais valiosas, de companhias de maior qualidade e confiabilidade. Desde
que o PT apôs sua tarja vermelha aos negócios da petroleira, a empresa passou a
afundar e hoje já começa a ser enquadrada na categoria de “junk bond”, ou seja,
papéis de alto risco, podres mesmo.
O futuro da Petrobras é sombrio. A dívida da empresa
continua subindo e já soma R$ 261 bilhões em termos líquidos. Isso significa
que, desde 2007, o valor multiplicou-se por dez. A dívida bruta alcança R$ 331 bilhões – é a maior do mundo. Em contrapartida, a
produção da empresa, sua razão de existir, mal saiu do lugar, com alta de pouco
mais de 18% em oito anos.
Sem divulgar seus resultados, a empresa pode ser obrigada a pagar
mais R$ 50 bilhões em dívida que vence em 2015. Com um plano de investimentos
mirabolante e com o acesso ao mercado de crédito praticamente bloqueado, a Petrobras
pode chegar ao fim do ano que vem sem dinheiro em caixa. O fundo do poço pode
estar chegando, tragando aquela que um dia já foi orgulho dos brasileiros e
hoje tornou-se motivo de vergonha nacional.
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