terça-feira, 13 de setembro de 2016

Mal educados

A cada dois anos, o país se vê face a face com as condições da educação oferecida por nossas escolas de ensino básico. A cada dois anos, a constatação tem se repetido: o país não tem entregado a suas crianças e seus jovens o saber necessário para que alcem voos mais altos e para que o Brasil responda aos desafios de um mundo mais competitivo.

As notas do Ideb foram divulgadas no final da semana passada. Referem-se, nesta rodada, às avaliações feitas em 2015. Aferem o desempenho dos alunos em provas de matemática e português e a dinâmica de indicadores relativos a reprovação e abandono ao longo dos 12 anos do ensino básico (fundamental e médio).

Nesta edição, o que mais chamou atenção foi o péssimo resultado do ensino médio. A nota manteve-se no mesmo lugar onde está estacionada desde 2011; em dez anos, avançou apenas 0,3 ponto para os atuais 3,7 pontos. Alcançar as metas parece ter se tornado uma miragem: entre as 27 unidades da federação, só Amazonas e Pernambuco conseguiram.

Nos detalhes, os resultados revelam-se ainda mais preocupantes. No ensino médio, a nota das provas de matemática foram as piores em dez anos: para uma meta de 320 pontos, os alunos só alcançaram 267 nesta rodada. Em português, para meta de 300 pontos, a nota coincidentemente também foi de 267. Até os resultados da rede privada nesta fase pioraram.

O atraso que explode no ensino médio já começa a se delinear nos anos finais do fundamental. Nesta fase, a meta também não foi batida, como já ocorrera em 2013. Embora venha melhorando, o desempenho avança muito lentamente nos últimos anos. Em dez anos, o Ideb do fundamental dos anos iniciais (1° ao 5°) subiu 1,7 ponto e o dos anos finais (6° ao 9°), apenas 1 ponto.

Especialistas em educação e o próprio MEC não têm dúvidas quanto às iniciativas necessárias para começar, mesmo tardiamente, a enfrentar o problema. A primeira delas é reformar o currículo. O instrumento pode ser projeto de lei (n° 6.840/13) que já tramita no Congresso a respeito, enxugando os conteúdos e associando interesses profissionais futuros dos alunos a disciplinas mais específicas no ensino médio.

Experiências bem sucedidas país afora também podem iluminar novas práticas. De Pernambuco, por exemplo, vêm os bons resultados da expansão do ensino integral e do Ceará o êxito das escolas de ensino fundamental, com incentivos, inclusive, fiscais – 46 das 50 melhores escolas públicas do país nesta fase de aprendizagem estão no estado.

A radiografia que emerge do Ideb atesta que a educação vem sendo maltratada por sucessivos governos. São anos patinando, sem sair do lugar – nada muito surpreendente quando se constata que o MEC teve nada menos que sete diferentes ministros na era petista. Para um país que até ontem se vangloriava de ser a “pátria educadora”, a reprovação é absoluta.

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