A indústria brasileira teve, em 2016, o terceiro ano consecutivo de queda. Consumou-se o temor tantas vezes alardeado da desindustrialização e hoje o setor, tradicionalmente o mais dinâmico da nossa economia, tornou-se apenas pálida sombra do que foi no passado. Será árdua a jornada do fundo do buraco até a distante superfície.
Com a baixa de 6,6% em 2016, a indústria brasileira produz hoje no mesmo nível de 12 anos atrás e só um tico mais do que fabricava quando o PT chegou ao poder. Este é um tempo perdido, desperdiçado, no qual o país ficou enferrujando enquanto seus competidores lá fora aceleravam. Imagine o quanto vamos ter que comer de poeira para alcançá-los...
Desde a crise global de 2008, foram cinco anos de retração e apenas três de expansão, das quais a única realmente significativa deu-se em 2010. Desde seu pico, anotado em junho de 2013, a produção industrial do país encolheu 19%. As fábricas brasileiras fecharam 2016 com a 34ª queda consecutiva na comparação com igual mês do ano anterior.
Há setores ainda mais amassados, como o de bens de capital, por exemplo. A produção de máquinas e equipamentos diminuiu inacreditáveis 42% em pouco mais de três anos, mais precisamente desde outubro de 2013. Este é o segmento que funciona como termômetro de investimentos futuros. Sem maquinário novo, não há expansão.
Os resultados de dezembro, contudo, sugerem que a deterioração da indústria brasileira pode estar amainando – em meados de 2016, a queda anual beirava 10%. Houve alta de 2,3% em relação ao mês anterior e a expectativa é de que, neste ano, finalmente o setor volte ao azul, ainda que de forma tímida. Será uma longa marcha a partir do profundo fundo do poço em que a produção made in Brazil foi jogada pelo PT.
Nunca é demais recordar que a indústria foi o principal alvo das ruinosas políticas de “campeões nacionais” levadas a cabo pelos petistas na última década, regadas com crédito farto e barato, gigantismo estatal e intervenção nos mercados. Uma das ações mais vistosas, e mais fracassadas, foi o chamado Brasil Maior, a principal obra de Dilma Rousseff (uma espécie de “rainha da sucata”) no setor, junto com seu ministro Fernando Pimentel.
Deu no que deu: o setor industrial esfarelou-se, retornando ao patamar de participação no PIB nacional que tinha nos anos 1950; os recursos públicos torrados como incentivos foram para o ralo e a conta está aí para pagarmos, na forma de recessão e desemprego. Até 2015, as benesses infrutíferas dadas à indústria desde o início do governo Dilma já haviam custado R$ 135 bilhões em renúncias fiscais.
A indústria brasileira enferrujou praticamente sozinha, na contramão do resto do mundo. Até meados do ano passado, o setor fabril mundial crescia de maneira contínua desde a crise de 2008, como destacou Alexandre Schwartsman à época. O nosso afundava, e continuou afundando – até a indústria da Grécia saiu-se melhor que a brasileira no período.
Esta é uma lição para ser aprendida e nunca mais esquecida, tampouco repetida. O que o setor produtivo brasileiro em geral, e a indústria em particular, precisa é de regras claras, espaço desimpedido – mas regulado de maneira equilibrada – para competir, menos burocracia e menos amarras impostas pelo Estado balofo. Vai ser preciso muito óleo para desenferrujar estas máquinas.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
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