A provocação política da hora é tentar ver numa provável aproximação entre PSDB e PV a marca do oportunismo eleitoral. Nada mais equivocado. Além de governar juntos muitos estados e municípios nos quatro cantos do país, tucanos e verdes compartilham uma agenda muito similar de desenvolvimento e respeito ao meio ambiente. Isso não é retórica; os fatos falam por si.
A proximidade do PSDB com a agenda socioambiental vem de longe, mais precisamente de medidas tomadas na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi naquela época que se elevaram as reservas legais na Amazônia de 50% para 80%, numa batalha parlamentar em que os militantes verdes - a senadora, ainda petista, Marina Silva incluída - cerraram fileiras com o governo tucano.
Foi também então que foram criadas as reservas extrativistas e regulamentada a Agência Nacional de Água, órgão regulador destinado à proteção de um dos nossos mais caros recursos naturais que nos últimos anos o PT transformou, como todas as demais agências, em moeda de troca política.
São exemplos de bandeiras caras à causa ambiental que o PSDB, no governo, abraçou sem pestanejar, por absoluta convicção. Não foram raras as vezes em que organismos muitíssimo aguerridos na defesa ambiental, como o WWF, o Greenpeace e o SOS Mata Atlântica, aplaudiram tais iniciativas. Ambientalismo não é assunto de conveniência na agenda tucana; é tema permanente. Voltemos aos fatos.
A gestão de José Serra no governo do estado de São Paulo também foi pródiga em medidas radicais de proteção ao meio ambiente. A mais significativa delas talvez seja a adoção da lei de mudanças climáticas, a primeira em todo o hemisfério sul - e que só não foi pioneira no mundo porque, meses antes, a Califórnia promulgara a sua.
E o que ela determina? Determina que, em 2020, o nível de emissão de gases que geram o efeito-estufa, ou seja, que causam o aquecimento global, terá de ser 20% menor que hoje. É uma redução absoluta: daqui a dez anos, o estado de São Paulo vai estar produzindo 24 milhões de toneladas a menos de CO2 por ano do que produzia em 2005, ano de referência para as metas traçadas.
Não é exagero dizer que a atitude do governo de São Paulo influenciou diretamente a decisão do governo brasileiro, e por tabela de outras nações, de assumir metas de redução de emissões - menos ambiciosas, é verdade - na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas ocorrida em Copenhague em dezembro passado. Que bom que tenha sido assim!
Mas as ações tomadas no governo Serra em São Paulo não miram apenas o futuro; agem também sobre o presente. É o caso da lei de proteção do cerrado, que estabelece critérios mais rígidos do que prevê o Código Florestal Brasileiro para utilização e preservação desse bioma, tão ou mais ameaçado que a Floresta Amazônica. Também proibiu-se a compra, no estado, de madeira vinda da floresta que não tenha sido extraída de forma legal.
Para completar, na gestão tucana, o estado de São Paulo, como responsável por 20% da produção mundial de etanol, adotou regras rigorosíssimas para reduzir os impactos ambientais da cultura. Assim, foi abreviado o prazo para que as colheitas, antes feitas à base de danosas queimadas, sejam integralmente realizadas por máquinas. Em dois anos, cerca de 2,6 milhões de hectares deixaram de ser queimados, significando 8 milhões de toneladas de CO2 lançadas a menos na atmosfera.
Mesmo as grandes obras de infraestrutura tocadas nos últimos anos no governo de José Serra tiveram na preservação do meio ambiente uma preocupação central. Tome-se o exemplo do trecho Sul do Rodoanel: nada menos que 12% do valor do investimento (R$ 5 bilhões) foi aplicado em medidas compensatórias, incluindo a criação de gigantescos parques e a preservação de reservas.
Há quem diga que a preservação do meio ambiente é "uma ameaça" ao desenvolvimento econômico. Não é o caso de Serra. Proteger nossas riquezas naturais não vai contra o crescimento. Pelo contrário. A adoção de energias limpas irá gerar enormes oportunidades de investimentos, geração de emprego e renda, melhor qualidade de vida.
Como se pode ver, o verde da plataforma de Marina Silva e do PV e o azul e amarelo dos tucanos são, ao fim e ao cabo, uma coisa só: a agenda do futuro, com as cores do nosso país.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário