terça-feira, 30 de maio de 2017

Esperar pra ver

A melhor resposta para a crise política que eletriza o país está no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Seja para absolver ou para condenar o presidente Michel Temer. Trata-se da via institucional mais robusta, com consequências mais positivas, duradouras e didáticas para o futuro do Brasil. Qualquer outra solução é atalho que ninguém é capaz de dizer aonde pode desembocar.

Nascido de quatro ações propostas pelo PSDB, o processo de cassação desenrola-se naquela corte há dois anos e cinco meses, prazo, por si só, suficiente para fornecer solidez inconteste à decisão a ser tomada pelos sete ministros no próximo mês.

Nesse período, acumularam-se evidências de que a chapa que venceu as eleições de 2014, comandada pelo PT e secundada por mais oito partidos, o fez à base de abuso de poder político e econômico.

Embora as suspeitas levantadas a partir da divulgação da conversa entre Temer e o réu confesso Joesley Batista sejam da maior gravidade, elas ainda carecem de maior comprovação. Em contrapartida, o conjunto delituoso que levou à reeleição de Dilma Rousseff não parece ter par na história do país, além de estar sobejamente atestado pelos mais diversos tipos de provas e depoimentos.

Esperar pela decisão do TSE é, portanto, demonstração de maturidade das instituições do país e também das forças políticas que apoiam o atual presidente, posto que solução ancorada fielmente no que rezam os preceitos constitucionais.

Jogar água no moinho da renúncia ou do impeachment, como fizeram afoitos de primeira hora, ao contrário, depõe contra a solidez das nossas instituições e abre uma janela de instabilidade política permanente.

A manifestação dos ministros do TSE também é antídoto à proposta, esta sim claramente ilegal, de convocação de eleições diretas já. Trata-se de devaneio de oportunistas que querem dar ares de nostalgia ao momento atual, confundindo-o com a luta suprapartidária e cidadã de 1984 pela redemocratização do país. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Dentro da busca por solução constitucional para a crise, não é desejável que a defesa do atual presidente lance mão de artimanhas para protelar a manifestação dos ministros da Justiça Eleitoral. Tampouco deve-se permitir que a nomeação de novos ministros, como o caso de Torquato Jardim para a Justiça, possa ser lida como tentativa de interferir no andamento tanto do julgamento do TSE quanto nas investigações no âmbito da Operação Lava Jato.

É preciso ter claro que o mau humor que brotou das delações de Joesley Batista não se dissipou, nem parece prestes a se dissipar tão cedo. As perspectivas para a economia entraram, numa avaliação neutra, em compasso de espera. Portanto, algum desfecho – para o bem ou para o mal – para o impasse em torno do destino do presidente é preciso ter.

O pior para o país agora é protelar uma solução, até para que não se perca a agenda de reformas que vinha sendo seguida com brio por Michel Temer e sua equipe. Desta forma, o mais desejável hoje é uma manifestação célere da Justiça Eleitoral sobre os instrumentos usados pela chapa liderada pelo PT para vencer as eleições de 2014. Do TSE, a partir do próximo dia 6, despontará o futuro que nos aguarda.

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