terça-feira, 13 de junho de 2017

A hora das lideranças

Faz praticamente um mês que o governo do país não faz outra coisa a não ser se defender. Com o presidente Michel Temer acuado por denúncias, a agenda de reformas anda em círculos, com, no máximo, avanços tímidos. Mais grave, concessões têm sido feitas sem maiores debates, deixando faturas em aberto para o futuro. Falta rumo.

Até o fatídico 17 de maio o país se preparava para iniciar a rodada de votações em plenário da reforma da Previdência. As dificuldades já se anunciavam imensas, mas só fizeram aumentar desde então. Agora, fala-se em prazos bem mais dilatados, com aprovação de, no máximo, um ou outro item da reforma inicial, como a imposição de idade mínima para concessão de aposentadorias e pensões. Já seria um avanço, embora muito tímido.

A reforma trabalhista tem conseguido prosperar no Senado, depois de já ter cumprido o trâmite necessário na Câmara. Faltam mais duas rodadas de apreciação em comissões temáticas e a votação derradeira no plenário da Casa, antes de seguir para sanção presidencial. Persistem, porém, questões a serem modificadas posteriormente, o que cobra um compromisso do presidente da República nesse sentido – a fim de evitar que o texto volte para a Câmara, com risco de lá nunca mais sair. Ou seja, a mudança não está completa.

Enquanto a agenda das reformas avançou muito pouco, para dizer o mínimo, nestas últimas semanas, o governo se viu obrigado a tomar iniciativas que pouco colaboram para o saneamento da grave situação fiscal do Estado brasileiro. Mais um Refis acabou por premiar devedores de impostos e por dificultar ainda mais a consecução da meta fiscal desse ano.

Fundamental, a renegociação da dívida dos estados também passou pelo Congresso, depois de muita polêmica, mas sem alcançar a perspectiva de se transformar em alavanca indutora do necessário ajuste que os governos subnacionais precisarão fazer em suas finanças. O Valor Econômico informa hoje que em 11 estados as despesas no primeiro quadrimestre cresceram acima da inflação, ilustrando a enorme dificuldade de cumprimento do teto de gastos pelos governos país afora.

A essas dificuldades todas, soma-se uma guerra entre instituições que se instalou nas últimas semanas, opondo, sobretudo, o Executivo e o Legislativo ao Judiciário e Ministério Público – essas associações às vezes se intercambiam, como aconteceu no TSE na semana passada... Reações erráticas, não raro equivocadas, por parte de Michel Temer à crise não têm ajudado a apaziguar ânimos e superar dificuldades.

Falta ao país, nesse momento difícil, liderança que conduza a nação nesta tempestade. A herança maldita deixada pelo PT seria fardo custoso para qualquer um, mas está se transformando numa carga pesada demais nesse ambiente de conflagração. A crise política e ainda insuperada recessão exigem mais e não menos união a favor do Brasil.

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