quinta-feira, 29 de junho de 2017

Cadê o PT?

Alguém que tivesse passado um tempo fora do ar e voltasse hoje ao Brasil certamente estranharia o que visse. Passado menos de um ano da consumação do impeachment que defenestrou do poder a camarilha mais corrupta da história, os petistas estão flanando por aí livres, leves e soltos. Nem parece que foram eles os verdadeiros responsáveis por arruinar o país.

Depois que o maior criminoso confesso da história brasileira, autor declarado de mais de 200 condutas ilícitas, envolveu o governo de Michel Temer num torvelinho de crises e acusações, o PT praticamente desapareceu das páginas policiais. E voltou a figurar com desenvoltura nos cadernos de política. Como se deu tamanha e tão rápida alquimia?

Embora a delação de Joesley Batista narre com detalhes como a ascensão de seu grupo empresarial foi baseada em benesses concedidas e interesses espúrios atendidos pelos governos do PT, até agora a Procuradoria-Geral da República (PGR) não se deu ao trabalho de incomodar nenhum dos que detiveram o poder de fato no Brasil entre janeiro de 2003 e maio de 2016 citados pelo empresário.

Soa bastante estranho que a PGR tenha disparado em tempo recorde um petardo contra o principal líder da oposição ao PT e, na segunda-feira, outro contra o atual presidente da República, ao mesmo tempo em que faz ouvidos moucos às acusações que pesam contra Lula e Dilma. Será que o que serve para Aécio Neves e Michel Temer não serve para quem deteve a presidência da República do Brasil por 13 anos?

Como bônus, de forma concomitante à eclosão das acusações dos Batista, os chefes da quadrilha que assaltou o país, primeiro com o mensalão e depois com o petrolão (alguém ainda ouve falar dele?), viram a sorte voltar a lhes sorrir na política. Suas perspectivas eleitorais renasceram, como se o PT fosse vítima e não o artífice da crise econômica, social e ética que golpeia o país.

Luiz Inácio Lula da Silva é réu em cinco processos e teve a sua condenação por lavagem de dinheiro e corrupção pedida em razão de recebimento de propina de mais de R$ 3,4 milhões no caso do tríplex à beira-mar. Mas nem parece alguém prestes a ser sentenciado à prisão: roda o país em busca de votos, numa campanha ilegal e extemporânea, ao mesmo tempo em que prega diariamente contra o governo.

Dilma Rousseff até merece a irrelevância que sua reclusão lhe confere. Mas não faz jus à pena leve que os procuradores federais dedicam à acusação de que foi eleita e reeleita à base de dinheiro sujo desviado tanto do esquema de propinas da JBS quanto do departamento altamente profissionalizado que a Odebrecht montou para corromper.

Alguma coisa, portanto, está muito fora da ordem nesta avalanche de denúncias, processos e acusações que sufoca o Brasil. E é o fato de que quem efetivamente elevou a corrupção a método de gestão, quem loteou o Estado para financiar um projeto longevo de poder, quem assaltou os cofres públicos e a contabilidade para sabotar a economia e produzir a recessão simplesmente está por aí na boa, sem ser acusado, nem punido pela montanha de crimes que cometeu: o PT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário