A desigualdade social é a chaga mais vergonhosa da sociedade brasileira. A má distribuição da renda persiste de longa data, mas a mais severa recessão das últimas décadas conseguiu piorar o que já era muito ruim. São justamente os mais pobres que estão pagando a conta de uma década de políticas ruinosas levadas adiante pelos governos do PT.
O que é visível nas ruas o IBGE acaba de traduzir em números e indicadores que constam da edição de 2017 da Pnad Contínua – Rendimento de todas as fontes. Uma das conclusões merece ser reproduzida, pela crueza do que traduz.
“As pessoas que faziam parte do 1% da população brasileira com os maiores rendimentos recebiam, em média, R$ 27.213, em 2017. Esse valor é 36,1 vezes maior que o rendimento médio dos 50% da população com os menores rendimentos (R$ 754). Na região Nordeste essa razão foi de foi 44,9 vezes e na região Sul, 25 vezes.” Os 10% mais ricos acumulam riqueza igual à dos 80% mais pobres. A desigualdade pode ser ainda pior, por subestimada.
A recessão continuou a sua razia sobre os rendimentos dos brasileiros, que incluem salários, aposentadorias, pensões, aluguéis e benefícios assistenciais. Comparações mais longas são mais difíceis porque o levantamento só começou a ser feito de maneira abrangente e completa pelo IBGE a partir de 2016.
Mas o que é líquido e certo é que, em 2017, de novo a conta pesou mais para o piso da pirâmide. Entre os 5% mais pobres, o rendimento mensal médio caiu 38%, enquanto no extremo superior, a perda limitou-se a 3%. Todas as faixas perderam renda, em quedas que se somam e se acumulam às registradas nos anos anteriores. Infelizmente, vai demorar a mudar.
Por todos os ângulos que se olhe, o Brasil é imensamente injusto. Neste país empobrecido, informa O Estado de S. Paulo, mais de 10 milhões de pessoas vivem com menos de R$ 40 por mês, o que é insuficiente até para um copo d’água por dia. Mais: 43 milhões ganham abaixo do mínimo, ressalta O Globo. Parece mais uma evidência de que políticas sociais e assistenciais recentes não conseguiram alcançar os resultados almejados.
Um de cada quatro brasileiros vive hoje na pobreza, de acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais de 2016, divulgada pelo IBGE em dezembro. Na ocasião, o Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) calculou que 9 milhões de brasileiros foram empurrados para baixo da linha da pobreza a partir de 2014. Em 2017, o mergulho continuou: mais 1,5 milhão desceram à condição de pobreza extrema, informa o Valor Econômico em sua manchete de hoje.
Alegar que as perdas registradas no ano passado são decorrência de políticas e iniciativas do governo que sucedeu Dilma Rousseff é, no mínimo, má-fé. Não se altera o curso de um transatlântico, como é a economia de um país como o Brasil, num estalar de dedos. Não se remedia desgraça tão grande em tempo tão curto. Ou seja, a dificuldade ainda remanescente é, sim, herança petista.
A gravidade da recessão promovida pela política desastrosa de Lula e Dilma é tão severa que estende seus efeitos até o presente e atormenta a retomada econômica. Mesmo depois de mais de um ano do fim da retração, a atividade produtiva continua custando a emergir, os empregos demoram a reagir, os rendimentos ainda esfarelam em razão da maior informalidade do mercado de trabalho.
A missão dos governos ao longo das últimas décadas, a começar dos avanços inscritos na Constituição de 1988 e potencializada com a estabilização da economia a partir do Plano Real, tem sido fazer o Brasil fazer a travessia em direção a ser um país mais próspero para todos, reduzindo o fosso que separa ricos e pobres e alimenta a violência e o desencanto. A década perdida em razão dos erros econômicos e dos crimes do PT tornou o caminho muito mais longo e árduo.
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