segunda-feira, 19 de julho de 2010

Gol contra

Depois de nosso esquecido futebol-arte não dar as caras na África da Sul, o Brasil também está fazendo feio nos preparativos para a Copa de 2014. Decorridos três anos desde a escolha do país como sede do torneio, “falta tudo” para a realização dos jogos, na definição de cartolas da Fifa. Onde estão os orgulhosos “planejadores” petistas para pôr ordem no gramado?

Hoje o panorama é desolador. Aeroportos estrangulados, obras atrasadas nos estádios, vias de acesso caquéticas e, para completar, um governo incapaz de articular boas parcerias e atrair recursos. Não se vê no horizonte nada sendo feito para que a Copa gere bons frutos para os cidadãos em termos de melhoria da infraestrutura do país.

O tempo urge, o governo vai tomando atitudes atabalhoadas para vencer o improviso, e cresce o risco de uma gigantesca conta ser espetada nos contribuintes. Diante do quadro, o velho bravateiro Lula bateu no peito, xingou a Fifa e prometeu atravessar o Oceano Atlântico a nado, caso o país não consiga organizar bem a competição. Melhor rezar.

Estima-se que a Copa envolva investimentos de R$ 22,4 bilhões em infraestrutura. Outros R$ 112,7 bilhões podem vir a ser injetados no país em decorrência dos preparativos, segundo a FGV. É fácil ver que se trata de uma oportunidade de ouro para dinamizar ainda mais a economia, gerar emprego e renda para os brasileiros.

Infelizmente, ao contrário de locais onde grandes eventos esportivos deixaram inestimáveis dividendos para a população, aqui a premissa básica foi esquecida. Por ora não se viu o necessário planejamento sério, capaz de legar obras que irão beneficiar a população por décadas. Em lugar disso, escalaram atropelos e lançaram mão de chicanas legais de última hora.

Já com o desespero batendo no queixo, Lula assina hoje uma medida provisória para flexibilizar o endividamento de municípios-sede da Copa. Também haverá linhas especiais de financiamento do BNDES. Nesta altura do campeonato, não custa lembrar que, nos últimos quatro anos, Dilma Rousseff foi a responsável geral pelas obras públicas no país. Cadê nossa gerentona de almanaque?

A Fifa já percebeu o nível de improviso no país do “falta tudo” e o nosso TCU já fez soar o alarme, ao considerar as providências para a Copa “impressionantemente atrasadas”. Muitos dos atrasos se devem à ideologia mofada de certos mandachuvas petistas. No caso dos aeroportos, prefere-se vê-los inoperantes nas mãos do governo a funcionando bem sob comando privado.

Para a Associação Brasileira de Aviação Geral, o Brasil precisa simplesmente dobrar sua capacidade para atender torcedores e equipes. Mas esse jogo, não ganharemos: a Infraero já avisou que, se tudo der certo, só 40% das obras ficarão prontas a tempo. Alguns aeroportos não possuem nem mesmo projeto básico de reforma.

Em enésimo plano estão as modificações urbanas para a Copa. Em praticamente todas as cidades-sede, elas não saíram do papel. São metrôs parados, novas avenidas ainda em projeto, impasses em indenizações. Em Recife, por exemplo, bois pastam no local por onde já deveriam passar trilhos. Monotrilho de Manaus? Um sonho com risco de desilusão. Provavelmente iremos seguir o exemplo sul-africano e substituir, na última hora, as linhas de metrô por corredores de ônibus.

Pelo menos logomarca já temos, o que prova que nosso marketing é imbatível. Mas está na hora de deixar a propaganda de lado e trabalhar. A festa a ser feita no Brasil será formidável. O desafio é fazer a competição aumentar a qualidade de vida da população, como ocorreu após as Olimpíadas de 1992, em Barcelona, e não levar-nos à bancarrota, caso da Grécia pós-2004. E por último, mas não menos importante, evitar que o presidente Lula faça tão perigosa travessia marítima em águas infestadas de tubarões. É certo que teremos tragédia pela frente.

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