segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sempre em más companhias

O presidente Lula cumpre agenda hoje na Guiné Equatorial. Onde? Na Guiné Equatorial, localizada na África subsaariana. Nem queira saber o que se passa por lá: é um horror! O país é governado pelo senhor Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. Quem? Um ditador que está no poder há 31 anos, ou seja, desde 1979. É mais um parceiro da galeria de párias entronizados pela diplomacia companheira do PT.

Para a ONG global Human Rights Watch, Mbasogo é um dos mais corruptos líderes do mundo, notável por violações aos direitos humanos. Por lá, o ditador é descrito como “deus”, a quem é permitido “matar sem ter de prestar contas a ninguém e sem ter de ir para o inferno”.

Mbasogo sucedeu o tio dele, Francisco, no comando da Guiné. Gente de estirpe. Titio governou por 11 anos, ao longo dos quais trucidou a minoria bubi, que representava 15% da população. A Guiné Equatorial foi então batizada de “Auschwitz da África”. Desde então, o sobrinho perpetua-se reprimindo a oposição e fraudando eleições: a última ele venceu com 94% dos votos.

Liberdade de expressão e democracia continuam sendo artigo raro por lá, mas Lula e seus diplomatas pragmáticos não estão nem aí para este detalhezinho. Em comunicado oficial emitido após o encontro de hoje, Lula e Mbasogo saudaram “princípios democráticos” e “respeito aos direitos humanos”. Onde será? Na lua?

Em sua passagem pela Guiné Equatorial, o presidente brasileiro entrou na onda do ditador: boquinha fechada e imprensa tratada no tacão. Na “entrevista coletiva” ocorrida nesta manhã, o cerimonial do governo local não permitiu perguntas dos jornalistas.

“Todas as cadeiras da sala onde o evento ocorreu, num espaçoso palácio de mármore e lustres de cristal, foram ocupadas por diplomatas, assessores e seguranças. Depois da coletiva de imprensa, sem perguntas nem respostas, Mbasogo ofereceu um requintado banquete para a comitiva de Lula. Os jornalistas brasileiros não aceitaram o almoço”, relata o enviado de O Estado de S.Paulo.

Enquanto Lula só posa para fotos e refestela-se ao lado do ditador, o chanceler Celso Amorim faz as vezes de porta-voz em defesa da relação amigável com a ditadura da Guiné. “Business are business”, disse ele, em justificativa à missão brasileira. Direitos humanos? Tô nem aí!

A Guiné Equatorial é mesmo um gigante nos negócios: a corrente de comércio com o Brasil somou US$ 411,2 milhões em 2008. Compare, leitor: a corrente de comércio brasileira naquele ano foi de US$ 281 bilhões. Ou seja, a Guiné de Mbasogo representou sensacional 0,0014% do total. As exportações para a África com um todo representam 5,14% do nosso comércio.

As razões para o interesse pela Guiné decorreriam de reservas de petróleo descobertas nos anos 90. Só o ditador tem se deleitado com as riquezas que jorram do subsolo. Hoje Mbasogo já tem uma fortuna pessoal de uns US$ 600 milhões. Para o povo de lá, nada: 60% da população de 600 milhões de pessoas do país é considerada pobre.

Por que será que Lula está sempre ao lado de tiranos deste quilate? Sua forte amizade e de seus aspones petistas com ditadores e autores de crimes contra a humanidade é recorrente e reincidente. De acordo com a prestigiosa publicação Foreign Policy, dos 23 ditadores mais perigosos do mundo, o governo brasileiro sob o PT mantém carinho especial por sete. Lembremos alguns.

Em maio deste ano, o presidente brasileiro protagonizou um vexame internacional ao tentar ajudar o iraniano Mahmoud Amamadinejad, líder de um estado totalitário suspeito (põe suspeito nisso...) de querer construir a bomba atômica. No Irã, não há liberdade de expressão e a classe média é constantemente acuada por uma sombria instituição denominada “guarda revolucionária” que mata sem dó.

Poucos meses antes, em fevereiro, Lula e amigos deram as caras em Cuba, reiterando apreço pela ditadura dos Castro.O presidente brasileiro não apenas condenou um dissidente que morreu em decorrência de uma greve de fome, como comparou os presos políticos da ilha a traficantes do PCC encarcerados nos presídios paulistas.

A notória condescendência que Lula possui com o aprendiz de ditador Hugo Chávez é até motivo de piada. Ações como fechamento de TV, prolongamentos indefinidos de mandato na Venezuela são aceitos pelos companheiros de cá como “parte da democracia”.

Um pouco mais difícil é entender por que o governo brasileiro não apoiou sanções contra um presidente condenado pela Corte Penal Internacional por crimes de guerra e genocídio: o sudanês Omar Al-Bashir. No poder há 21 anos após um golpe de estado, Bashir é responsável por um conflito que já deixou mais de 300 mil mortos em Darfur , de acordo com a ONU.

Outro velho companheiro do presidente é o ditador líbio Muamar Kadafi, responsável, entre outras barbaridades, pelo ataque terrorista a um avião americano que deixou 270 mortos nos anos 80. Kadafi recebeu a amigável visita de Lula em julho do ano passado.

Pouco antes, “nosso guia” havia recebido o presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, acusado de práticas antidemocráticas e desrespeito aos direitos humanos. Parece até rotina macabra, mas Lula também já participou de um desfile em carro aberto com o facínora do Gabão, Omar Bongo, em 2004, e confraternizou-se com o ditador camaronês, Paul Byla, um ano depois.

A lista de más companhias é longa e só tende a crescer caso o PT mantenha-se no poder. Dona Dilma deve ser louquinha para ir à Coréia do Norte e colocar Kim Jong-il na galeria de amigos do PT. Xô!

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