segunda-feira, 12 de julho de 2010

Qualquer um pode ser a próxima vítima

São persistentes e crescentes as dúvidas em relação ao que propõe a candidata do PT para o país. Seus muitos vai-e-vem deixam no ar a desagradável sensação de que Dilma Rousseff pode representar um salto no escuro digno de filme de terror. Mas uma das faces da turma que ela comanda é límpida, livre de maquiagem: a do uso desmesurado do aparato estatal para intimidar adversários.

Novos episódios desta saga que se desenrola ao longo de todo o governo Lula reforçam a constatação de que a estrutura do Estado está sendo utilizada para constranger quem quer que esteja fora do campo de alianças do PT.

O caso da bisbilhotagem das informações fiscais do vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, é apenas o mais deplorável deles. Mas soma-se a uma série produzida pela turma do Departamento de Intimidação da campanha petista.

Em junho, a Folha de S. Paulo revelou que dados sigilosos sobre Eduardo Jorge saíram da Receita Federal e foram parar nas mãos de um tal “grupo de inteligência”, espécie de Gestapo petista a ser fartamente utilizada na campanha.

A candidata negou, de forma veemente, envolvimento e falou até em processar o jornal. Numa tática que talvez tenha aprendido no convívio fraterno com chefes de Estado totalitários, de atribuir à vítima a culpa pelo crime perpetrado contra ela, o presidente Lula chegou a insinuar que tudo não passava de “armação oposicionista”, a velha ladainha de sempre.

Depois de investigar por quase um mês, a Receita Federal admitiu que os dados foram obtidos por meio de senhas oficiais, como mostrou O Globo. Em outras palavras, petistas infiltrados na máquina do governo fizeram o serviço sujo. Nomes? Diz a Receita que, por ora, não os tem. Dá para acreditar? Ocorre um crime e os chefes da repartição onde ele foi perpetrado acobertam seus executores. Que diabo de governo é este?

A preocupação com situações como essas não deve se circunscrever a integrantes destacados de partidos de oposição. O que está em jogo é a defesa de toda a sociedade brasileira. Está mais que claro que sigilo fiscal é um mito para os petistas que comandam a máquina do Estado.

É possível que o PT considere a inviolabilidade da privacidade dos cidadãos um “valor burguês” ou, quem sabe, um exagero do Estado democrático de Direito. Sempre pode haver um papel em que tais teses sejam defendidas pela companheirada e um outro em que vale o oposto. Mas, como se vai saber o que prevalece, se nunca vale o escrito e o dito logo depois é desdito por sua candidata a presidente da República?

Se Dilma não diz ao que vem, nem deplora o que de sua campanha emana, vale aqui dar nome aos bois: o que tem feito o PT é o mais puro totalitarismo. A invasão da esfera privada; a ameaça a adversários, tratados como inimigos; a intimidação dos mais modestos cidadãos que se interponham no caminho do projeto político petista.

Em um parágrafo, o leitor tem uma lista de crimes que dariam páginas e páginas de processos penais: em 2006, o caso dos aloprados contra tucanos; em 2007, a devassa na vida do caseiro Francenildo do Santos, que revelou algumas verdades do então todo poderoso ministro Antonio Palocci; em 2008, a produção de um dossiê, dentro da Casa Civil, envolvendo a vida do ex-presidente Fernando Henrique e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.

Quem será a próxima vítima? Para quem está disposto a pagar para ver, aí vai uma dica: João Pedro Stédile, comandante do MST, já avisou, com todos os efes e erres, para quem quiser ouvir que a vitória de Dilma abrirá caminho para que seus sem-terra de araque promovam ocupações em massa. Nenhuma surpresa. Onde a lei é diuturnamente enxovalhada pelos governantes máximos é só isso o se pode colher.

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