segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Os aloprados voltaram

Se ainda havia dúvidas sobre o envolvimento cabal do PT com a série de ilícitos perpetrada ao longo desta campanha eleitoral, eles se dissiparam nos últimos dias. Pessoas filiadas ao partido estão envolvidos na torrente de sigilos fiscais violados ao redor do país. Os alvos preferenciais são adversários políticos, mas ninguém está a salvo.

Os jornais informam hoje que mais um petista funcionário da Receita Federal acessou as informações fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. É o analista tributário Gilberto Souza Amarante, que se junta a Antonio Carlos Atella Ferreira. O crime ocorreu no escritório do órgão em Arcos (MG). Os aloprados voltaram.

Já era sabido que, para ganhar a eleição, o PT não hesitaria em jogar na lata de lixo o respeito à lei. Os exemplos vão do uso descarado da máquina pública para eleger uma candidata sem biografia ou voz própria à transformação da campanha num balcão de crimes, com quebra em série dos sigilos fiscais da filha de José Serra e de outros cidadãos com alguma ligação com o PSDB.

Em tudo e por tudo, o episódio atual é ainda mais grave do que o ocorrido em 2006, quando um bando de petistas foi pego com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo que seria usado para comprar documentos para tentar prejudicar a candidatura de José Serra ao governo de São Paulo. Tinha desde churrasqueiro e guarda-costas do presidente Lula a assessor do hoje candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes. Todos identificados; nenhum punido.

Foi exatamente esta impunidade que permitiu ao governo petista continuar a agir sem qualquer pudor diante das irregularidades. Classifica o queijo suíço em que se transformou a Receita como “um simples balcão de negócios”. E trata a grita de quem chia e se bate contra as ilegalidades como “dor de cotovelo”, como fez, de maneira repugnante, o presidente Lula na sexta-feira em Esteio. (Veja o vídeo e tente não se indignar.)

Os petistas-violadores-de-sigilo formam no PT do subterrâneo. Mas há o PT da superfície, não menos pernicioso, que move todos os seus tentáculos sobre o aparato estatal para tentar perpetuar-se no poder. No mundo petista, ministros de Estado sentem-se liberados para fazer campanha usando despudoradamente a estrutura de governo.

Em sua edição de sábado, O Globo revelou que a agenda ministerial é uma farsa, montada para fazer campanha aberta pela candidata lulista. Um exemplo: entre maio e agosto, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e seus principais assessores viajaram nada menos que 44 vezes em busca de votos para a petista. A conta, paga você, leitor contribuinte.

A revista Veja desta semana traz boa pista para explicar o por que de tanta voracidade e falta de escrúpulos. Traduz em números o tamanho do assalto ao Estado que o PT empreendeu nos últimos sete anos.

Dos principais cargos de confiança do governo federal, 45% foram entregues a sindicalistas. Desses, 82% são filiados ao PT. Além disso, desde que o governo Lula tomou posse, 6.045 servidores federais filiaram-se ao partido. Entre eles, 70% foram premiados com promoções e aumento de salários. É gente capaz de fazer tudo, tudo mesmo, para manter seus privilégios. Agem assim porque perceberam que contam com proteção aberta de seus chefes. Lei para eles é mero detalhe.

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