quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Que país é este?

Parece não ter mais limites a sanha com que o PT se lança sobre a vida privada dos cidadãos brasileiros. Num Estado policialesco que vai se proliferando sob a gestão Lula, órgãos de governo são sistematicamente usados para investigar e coagir pessoas. Adversários políticos tornaram-se os alvos principais da versão tupiniquim da Gestapo, a polícia política do regime hitlerista. Salve-se quem puder.

Soube-se agora que as violações em série de sigilos fiscais perpetradas em balcões da Receita Federal atingiram a filha do candidato do PSDB à presidência da República. A lista é extensa, começa com indivíduos com alguma ligação direta ou mais longínqua com José Serra e atinge pelo menos outras 140 pessoas, entre elas Ana Maria Braga e os donos das Casas Bahia.

Tudo somado, resta claríssima uma constatação: nenhum de nós está livre desta escalada de bandidagem. Mas, para o PT, tudo não passa de armação dos partidos da oposição. É a velha tática do “pega ladrão”. Para os líderes petistas, os culpados são os de sempre: as próprias vítimas.

O sigilo de Verônica Serra foi quebrado em 30 de setembro de 2009, quando o pai dela liderava todas as pesquisas de intenção de voto. Oito dias depois, a espionagem se estendeu ao vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge; ao ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros; a Ricardo Sérgio, ex-dirigente do Banco do Brasil; e ao empresário Gregório Marin Preciado.

Um dossiê com o resultado da arapongagem foi elaborado na mansão que servia ao comando da campanha de Dilma Rousseff em Brasília. Parte da história vazou antes da hora e, para consumo externo, o plano foi abortado. Terá sido mesmo? Quem garante que o bunker da petista não está abarrotado de informações fiscais de quem quer que seja?

Democracia e respeito à lei horrorizam a turma de Dilma. Para eles, o Estado serve para esmagar quem ousa não baixar a cabeça. Trata-se de uma nova forma de tortura, sutil, mas quase tão perniciosa como os maus tratos físicos impingidos durante a ditadura, como bem definiu Mendonça de Barros.

Estamos diante de um fato estarrecedor, mas mais estarrecedora ainda é a forma como o presidente Lula está lidando com o caso, cujos primeiros atos foram revelados há três meses pela Folha de S. Paulo. O mínimo que se poderia esperar é que o responsável pela Receita já tivesse sido ejetado do cargo. Mas nada.

Instado a comentar a usina de crimes que se desenrola nos intestinos da Receita, Otacílio Cartaxo limitou-se a manifestar “constrangimento” diante do que considera uma “simples mercantilização de informações sigilosas”. Ah, Cartaxo é o chefe do órgão onde os meus, os seus, os nossos dados fiscais estão armazenados... Se continua no cargo após conformar-se com a desmoralização, é porque a devassa faz parte do jogo armado pelo petismo.

Não satisfeito, o governo tem se dedicado a atrasar as investigações dos crimes o máximo possível. A ordem é ser displicente, como revelou O Estado de S. Paulo. Nada de chegar aos mandantes; no máximo, apresentar peixes pequenos, como as funcionárias da repartição do Fisco em Mauá onde os crimes foram cometidos. Quem sabe os resultados cheguem – passadas as eleições, evidentemente.

Está evidente que o governo do PT age com a convicção de que a maior fraude já perpetrada na Receita Federal de que se tem conhecimento não será suficiente para alterar o humor eleitoral. Aposta na despolitização e na desinformação.

Mas os cidadãos já perceberam que, a continuar nessa direção, os próximos a ruir são seus direitos. Ou se altera já o rumo deste descalabro ou continuará a valer o que Renato Russo berrava ainda em 1978: “Ninguém respeita a Constituição/Mas todos acreditam no futuro da nação”. Que país é este?

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