segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um imenso balcão de negócios

Há três semanas, uma das maiores ameaças de se ter Dilma Rousseff como presidente da República era não saber qual seria o papel de seus aliados barra pesada. O que farão no governo dela gente como Fernando Collor de Mello, José Dirceu, José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Newton Cardoso, entre uma penca de outros?

Como a experiência de Dilma na seara política é algo próximo de zero, a força desse pessoal será enorme. Junto deles, virão históricos de corrupção, nepotismo, truculência, fisiologismo e uso da máquina pública para fins pessoais e familiares. Vote numa Dilma e ganhe esta turma toda de bônus.

Há duas semanas, com o escândalo da Receita Federal, ficou claro que os brasileiros ainda correm outro risco com Dilma no Planalto. O PT ressuscitou a abjeta prática de utilizar o Estado para investigar e acuar todos os que ousam fazer oposição ao governo. Coisa de ditaduras que se julgava morta e sepultada no Brasil. Os casos das quebras criminosas de sigilo fiscal da filha e do genro de José Serra não são apenas um problema pessoal do candidato tucano: são uma ameaça aos direitos fundamentais de cada um dos brasileiros.

Mas, por incrível que pareça, tudo isso ainda pode ser pouco. Caso sejam comprovadas as denúncias relatadas na edição desta semana da revista Veja, a roubalheira está no DNA do grupo de Dilma Rousseff. Na reportagem, a atual ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, é apontada como intermediária dos negócios escusos do próprio filho, Israel, envolvendo órgãos do governo e iniciativa privada. Vale recordar que Erenice, confidente de Dilma, só deixou a total obscuridade ao prestar bons serviços à hoje candidata. Agora dá para ter uma ideia de quais serviços são esses.

Segundo Veja, Israel Guerra atrairia empresários de olho em verbas públicas. A Erenice caberia dar aval às operações de tomada de assalto aos cofres do governo e mexer as peças, quando necessário. Custo ao empreendedor: 6% do valor do contrato, a título de “taxa de sucesso”. O dinheiro, segundo consta, serviria para “saldar compromissos políticos”. Um típico exemplo de tráfico de influência.

A revista relata um caso concreto. Em 2009, o empresário Fabio Baracat pediu a Israel Guerra uma maneira de sua empresa de cargas aéreas, a MTA, ampliar a participação nas operações dos Correios – órgão que, é bom não esquecer, foi desmantelado na gestão Lula.

Os ouvidos do empresário foram brindados com uma resposta que lhe soou como música: “Minha mãe resolve”, disse-lhe Israel. Ato contínuo, seu negócio decolou. A transação foi celebrada com goles de vinho no apartamento funcional da própria Erenice Guerra, então secretária-executiva de Dilma.

Como coadjuvantes dessa história corrupto-familiar-policialesca, também atuaram o assessor jurídico da Casa Civil, outro filho e irmãos de Erenice, como revela O Estado de S.Paulo em sua edição de hoje. Já Israel e Vinícius, os protagonistas do escândalo relatado por Veja, foram lotados na Anac – a quem cabe licenciar a operação de empresas como a MTA –, como mostra O Globo em sua edição de hoje. Mais republicano impossível.

Os encontros entre lobistas, empresários e traficantes em geral ocorreram no escritório do coordenador jurídico da campanha de Dilma, Márcio Silva. Mais um elo entre a bandidagem e a postulante ao Planalto. Mas não para a candidata, cuja reação ao episódio foi a mesma de sempre: desqualificar a imprensa, atacar a oposição, posar de vítima e gritar muito. Discutir os acontecimentos que é bom, nem pensar: os fatos, ah, os fatos são mero detalhe...

O episódio é apenas mais um – ou pelo menos o mais explícito deles – a ilustrar o imenso balcão de negócios em que o PT transformou o Estado brasileiro. Vende-se de tudo um pouco nesse armazém espúrio: o patrimônio nacional, benesses estatais, facilidades jurídicas, penduricalhos legais, financiamentos a preços módicos.

Em troca, cobra-se do agraciado apoio irrestrito ao projeto petista de perpetuação de poder – na forma de apoio$ financeiro$ e $ilêncio conivente. Olhe para o lado e responda: há um único grande empresário que se oponha ao PT hoje? Por que será? Já passa da hora de pôr, democraticamente, esta turma para correr.

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