A Receita divulgou
ontem que os brasileiros pagamos R$ 256,8 bilhões em tributos federais no
primeiro trimestre do ano. Isso significa um crescimento de 7,3% no período, já
descontada toda a inflação destes três meses. Ressalte-se que a base de
comparação é muito elevada, e mesmo assim o bolo não para de crescer. Só em
março foram recolhidos R$ 82,4 bilhões ao fisco.
O governo comemora:
é “o melhor resultado para o primeiro trimestre da história”. O cidadão
lamenta: paga cada vez mais, e percebe cada vez menos qualidade nos serviços
que o poder público lhe presta. O céu é o limite para a sanha petista: até o
fim do ano, devem jorrar nos cofres do fisco mais de R$ 1,1 trilhão em tributos.
Na média, em cada
dia do ano até agora, os contribuintes recolheram R$ 2,8 bilhões ao leão. Isto
considerando apenas os tributos federais: quando se leva em conta tudo o que
pagamos em impostos, taxas e contribuições também a estados e municípios, o
valor chega a uns R$ 4 bilhões diários, conforme o Impostômetro.
O governo começou o
ano prevendo um crescimento “modesto” na arrecadação federal deste ano: 4,5%, o
que seria um alívio e tanto ante os 10% registrados em 2011. (Ambos os
percentuais já descontam a inflação, ou seja, são aumentos reais.)
Mas, apenas com o
desempenho do trimestre, a equipe econômica já começa a falar em percentual maior:
segundo o Valor
Econômico, a previsão será revista para 5,5% nos próximos dias. A se
considerar a velocidade atual, ninguém garante que irá parar por aí.
Os resultados
polpudos do fisco põem a nu as limitações da desoneração tributária que o
governo Dilma Rousseff tem anunciado como tentativa de fazer frente ao processo
de encolhimento acentuado por que passa a indústria nacional.
No “pacote”
anunciado no início de abril, o alívio dado ao setor foi estimado em R$ 3,1
bilhões, isto é, cerca de um dia de arrecadação do leão. Na média, segundo
cálculos da Fiesp, todo o oba-oba em cima de impostos menores para a indústria representa
mero 0,1% do PIB, ou seja, nada vezes nada.
Aliás, uma análise
mais detida sobre o comportamento de alguns tributos federais no primeiro trimestre
fornece perfeito retrato do que está acontecendo no lado real da economia: a
produção nacional só encolhe, empurrada pelos importados. Para isso, a gestão
atual não parece capaz de fornecer respostas.
Entre janeiro e
março deste ano, o imposto de importação e o imposto sobre produtos industrializados
(IPI) vinculado à importação renderam R$ 10,8 bilhões aos cofres federais. O resultado
representa aumento real de 15,2% em comparação com igual período do ano passado.
Na outra ponta, e nas mesmas bases de comparação, o IPI recolhido pela
indústria nacional exibiu queda real de 7,2%.
O que está acontecendo
é uma verdadeira asfixia imposta pelo governo do PT ao setor produtivo e aos
contribuintes. Enquanto a economia como um todo mal respira – o crescimento do
PIB no trimestre deverá ter sido próximo de zero – o leão avança com força
sobre o dinheiro cada vez mais curto dos cidadãos e das empresas.
Como explicar que,
numa situação de semi-estagnação, a arrecadação federal esteja crescendo mais
de 7%? A resposta é simples: o cidadão brasileiro está pagando caro pelas
escolhas dos governos petistas, cuja opção preferencial pelo gasto explosivo
demanda cobranças crescentes de tributos. Não são migalhas, de resto distribuídas
apenas aos amigos do rei, que vão aliviar o contribuinte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário