A Petrobras é a mais perfeita tradução do legado petista. Mesmo depois de dois anos sob competente gestão, a outrora maior empresa brasileira não consegue se livrar do fardo decorrente de uma década de malversação. É mais ou menos o que acontece com o país como um todo. A herança é mais maldita do que se imaginava.
Em 2017, a estatal registrou o quarto ano seguido de prejuízo. Desta vez, as perdas foram bem menores que as anteriores: R$ 446 milhões. O que vergou os resultados do ano passado foram justamente o legado de maus negócios, as consequências da corrupção e as reengenharias necessárias na contabilidade da empresa para se livrar de encargos acumulados no passado.
No ano passado, a companhia despendeu um total de R$ 24,6 bilhões para três finalidades: encerrar uma ação coletiva movida por investidores nos EUA, compensar obras malparadas e refinanciar dívidas com o fisco brasileiro. Sem isso, teria registrado lucro próximo a R$ 7 bilhões no exercício. Em quatro anos, os prejuízos acumulados somam quase R$ 72 bilhões.
Mais assustadores são os ajustes contábeis que a companhia veio fazendo nos últimos anos para adequar seus números à sua real situação. Neste sentido, desde 2014 a Petrobras reconheceu perdas no valor de R$ 120 bilhões em decorrência de negócios mal feitos, rombos causados pela corrupção e pela roubalheira. O valor representa 46% do patrimônio líquido da companhia quatro anos atrás, segundo o Valor Econômico.
Lideram a lista de maus negócios a refinaria Abreu e Lima, a mais cara já feita em todo o mundo, e o Comperj. Não é surpresa que ambos continuem inconclusos, com anos de atraso, mesmo depois de absorverem investimentos num volume muito acima do previsto nos orçamentos iniciais.
Junto com a empresa, afundou a economia brasileira e, mais particularmente, o PIB fluminense. A violência que grassa no Rio de Janeiro é, em boa medida, fruto do petrolão: o dinheiro de impostos e royalties que faltou para melhor equipar as polícias e combater o crime é o mesmo que escorreu pelo sorvedouro do consórcio de poder petista.
Investidores, incluindo trabalhadores que colocaram seu FGTS na empresa, perderam muito dinheiro, agravado pela leniência da administração da empresa sob o PT, como revela uma investigação em curso na CVM noticiada por O Globo.
A faxina em marcha na Petrobras há pouco menos de dois anos inclui a redução da dívida da companhia – que já foi a maior do mundo, já diminuiu cerca de 20% e deve cair à metade até o fim deste ano, prometem seus gestores – e a venda de ativos, desmontando o delírio megalômano da época de Lula e Dilma. Além, claro, do exorcismo da corrupção que grassou por lá até 2016.
Nos últimos dois anos, o valor de mercado da Petrobras quase triplicou, para os cerca de R$ 300 bilhões atuais. Se nenhum novo esqueleto cair dos armários, neste ano a empresa deverá registrar seu primeiro lucro desde 2013. Quem sabe comece, enfim, a ser superada mais esta herança da década perdida petista e a estatal volte a crescer para servir ao país e não apenas a um partido político.
terça-feira, 20 de março de 2018
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