A economia pode ir
bem ou mal, mas um aspecto não muda no país: os brasileiros estão sempre pagando
mais tributos ao Estado. Infelizmente, a contrapartida para uma carga de
impostos cada vez mais pesada jamais se materializa. A prestação de serviços
públicos segue em condições deploráveis.
Em 2013 não foi
diferente. Mais uma vez, o fisco bateu recorde de arrecadação. Os brasileiros
deixaram R$ 1,17 trilhão nos cofres do governo federal no ano passado, com alta
real (já descontada a inflação do período) de 4% sobre as receitas de 2012. O aumento
fica mais chocante quando traduzido em moeda sonante: pagamos ao leão R$ 109
bilhões a mais do que no ano anterior. Pouco?
As primeiras
estimativas de especialistas dão conta de que a carga tributária brasileira
atingiu novo recorde em 2013. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário, teria chegado a 36,4% do PIB, com alta de 0,05 ponto percentual sobre
2012. O economista José Roberto Afonso calcula que tenha sido mais: 37,5% do
PIB. Pouco?
O Brasil cobra mais
de seus cidadãos do que a média dos países ricos, segundo divulgou a OCDE (Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no início da semana. Na média, o
mundo desenvolvido pratica uma carga de 34% do PIB. Mas não é preciso ir tão
longe para constatar quão pesado é o fardo tributário suportado pelo brasileiro.
Na América Latina, só
a Argentina – que, em economia, não é exemplo para nada – cobra mais impostos
de seus cidadãos. O Brasil pratica uma carga que equivale a quase o dobro da média
do continente – em Chile, Colômbia, México e Peru, por exemplo, os impostos
equivalem a cerca de 20% dos respectivos PIBs.
Fato é que a carga
de impostos brasileira continua aumentando no governo da presidente Dilma Rousseff.
Segundo a própria Receita Federal, a carga passou de 35,3% do PIB em 2011 para
35,8% em 2012. Ainda falta calcular oficialmente os números do ano passado, mas
tudo indica que eles não desmentirão as estimativas extraoficiais.
O governo tenta
dizer que o aumento de 2013 se deve a receitas atípicas. Afinal, R$ 21,8
bilhões recolhidos aos cofres do Tesouro vieram de programa de incentivo ao pagamento
de tributos em atraso lançado no fim do ano – o mesmo que, em maio, havia sido
rejeitado pelo governo por “estimular a sonegação”.
Mas isso não altera o
fato de que a sociedade teve de render mais tributos ao fisco para sustentar um
Estado cada vez mais balofo. Enquanto as receitas subiram 4% no ano (sem
considerar as receitas extraordinárias, a alta foi menor, cerca de 2%), as
despesas aumentaram muito mais: em 2013, até novembro, já haviam subido 7,5%
acima da inflação.
Este é um dos
aspectos mais perversos da gestão do dinheiro público no país. Quanto mais o
contribuinte paga, mais o governo gasta. Infelizmente, as despesas revertem-se
em parcos resultados para a população em termos de melhoria das condições de vida
dos brasileiros. Alguém aí é capaz de dizer o que melhorou com os impostos a
mais que pagou?
Além disso, a gestão
dos recursos públicos penaliza áreas que deveriam merecer maior atenção do
governo. Como explicar que os gastos correntes tenham crescido – até novembro –
R$ 102 bilhões e os investimentos apenas R$ 3,5 bilhões? Dinheiro que deveria ir,
por exemplo, para a segurança fica parado nos cofres (só 10% foram gastos desde
2011); recursos para o PAC, idem (só um terço do orçamento foi investido em
2013).
O país precisa de
uma estrutura tributária que seja mais racional e simplificada como passo inicial
para que a carga imposta a indivíduos e empresas comece a diminuir. No mínimo,
ela tem que parar já de crescer. É correto cobrar do cidadão para que o Estado
possa prestar melhores serviços. Mas não é lícito que este fardo só sirva para
alimentar a fome do próprio governo por mais recursos e sacrifícios da
sociedade.
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