A presidente Dilma Rousseff
gastou boa parte das últimas semanas como se o Brasil estivesse deitado em
berço esplêndido, ou, para usar uma imagem mais apropriada ao calorento verão,
em uma espreguiçadeira na beira da praia. Com os problemas do país se repetindo
e se avolumando, ela empregou a maior parte do seu tempo e suas energias na
preparação de uma reforma cujo único objetivo é turbinar sua reeleição.
Com o Congresso
parado e o governo em ponto-morto, floresceram neste início de ano os
preparativos para mais uma reforma ministerial. Desde 2012, em todo o começo de
ano foi assim. Primeiro, para dar ares de faxina completa numa limpeza que mal
passou da metade. Depois, para recuperar a capacidade executiva do governo –
esta não passou de promessa...
Agora, sem nenhum
disfarce, admite-se que a “reforma ministerial” serve tão-somente para garantir
o máximo de tempo possível no rádio e na TV para a candidata Dilma. Com áreas
inteiras do governo padecendo de fadiga de material ou de incompetência
explícita, o objetivo é um só: fazer política e garantir apoio à reeleição. Nada
além disso.
Quem olha de fora nem
deve imaginar que Dilma tem um país em sérios apuros para cuidar. Se o que mais
ocupa o governo é uma mera troca de ministros sem qualquer preocupação com a
melhoria dos serviços prestados, seria lícito concluir que o Brasil vai às mil
maravilhas. Mas, não: o ano, infelizmente, começou pródigo em más notícias.
Novamente, repetiram-se
os malabarismos contábeis para fechar as contas públicas e produzir saldos
artificiais. Novamente, o comércio do país com o exterior mergulhou, gerando o pior
resultado desde 2000. Novamente, a oferta de energia mostra-se apertada para
fazer frente à demanda. Novamente, bancos públicos – e o dinheiro de pequenos poupadores
– foram garfados pelo governo.
Novamente, a
inflação não caiu como o prometido, ficando entre as mais altas entre os países
com economia organizada. Novamente, os juros subiram, alçando o Brasil à
condição de líder isolado no ranking mundial das taxas reais. Novamente, nosso
crescimento econômico ficará entre os mais baixos em todo o mundo.
São problemas e
mazelas que se repetem. A leitura diária dos jornais é tão repetitiva que parece
que estamos folheando edições passadas, de um tempo que deveria ter ficado para
trás, mas que o governo petista nada faz para superar. Diante disso, a gestão Dilma
desperdiça sua escassa energia meramente em esforços para perpetuar-se no
poder.
Para não fugir ao
script, hoje a presidente da República abre espaço na sua agenda para receber
Lula no Palácio da Alvorada. Provavelmente, ouvirá seu tutor sobre como deverá
repartir cerca de 6 mil cargos de livre provimento que serão abertos à sanha
dos aliados quando a dança das cadeiras de nove ministérios for efetivada,
possivelmente na semana que vem.
Dilma dedica sua
escassa atenção a uma reforma que não produz um benefício sequer aos
brasileiros. Não gera qualquer ganho para a gestão do país, nem melhora a
qualidade dos serviços prestados à população. A presidente desperdiça uma
energia que não exibe para empreender as mudanças de que, de fato, o país
necessita.
As reformas que o
Brasil anseia a presidente da República não é capaz de realizar: simplificação
tributária, aumento da competitividade, melhoria educacional, equilíbrio
fiscal, melhor ambiente trabalhista, maior sustentabilidade para a Previdência.
No fim das contas, Dilma Rousseff dedica seu tempo e sua energia apenas ao que
é capaz de fazer: algo que serve somente aos interesses do PT e à sanha dos
aliados por mais cargos e poder.
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