Além dos veículos de
comunicação, os alvos prediletos dos petistas são órgãos e autoridades responsáveis
por zelar pela moralidade e por fiscalizar a atuação do poder público. O PT tem
horror a limites. A aversão aumenta toda vez em que o partido é flagrado em novas
e cada vez mais cabeludas falcatruas.
Na mira petista, os
preferidos são o Ministério Público; a Justiça em todas as suas instâncias, mas
especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF); o Tribunal de Contas da União
e, para terminar, qualquer tipo de lei que constranja planos de governo – como
a de licitações, hoje já devidamente trucidada pelo novo regime diferenciado de
contratações públicas.
Os próceres petistas
enxergam nestas instituições, caras a qualquer país sério e maduro, focos de oposição
ao seu projeto de poder. Quando se sentem incomodados por elas, incitam a militância
partidária e aparelhos correlatos, como a CUT e a UNE, a ir para as ruas protestar
– é verdade que com efeitos quase sempre nulos...
A condenação daqueles
que lideravam o partido à época em que ascendeu ao poder pela prática dos
crimes do mensalão inflamou ainda mais a ira desta gente. “Desmascarar a farsa”
do julgamento levado a cabo pelo STF tornou-se seu mantra e José Dirceu, condenado
a 10 anos e 10 meses de cadeia por corrupção ativa e formação de quadrilha, o messias
deste evangelho herético.
Neste sentido, bastou
o procurador-geral da República anunciar que dará encaminhamento às denúncias contra
Lula feitas no fim do ano passado por Marcos Valério, para a companheirada voltar
a pôr os dentes à mostra. Insurge-se contra a suspeita de que o dinheiro do
esquema corrupto serviu também para pagar despesas pessoais do ex-presidente.
José Dirceu foi
conclamar os seus para uma “cruzada nacional” para questionar o julgamento e
combater o que chamou de “campanha da direita e da mídia contra o projeto
político do PT”. Para quem viveu em Cuba, onde uma crítica do regime castrista gramou
20 tentativas para conseguir autorização para sair do país, tem tudo a ver.
Mas o mais raivoso,
como de hábito, é Rui Falcão, jornalista e deputado que preside o PT. Numa
reunião da bancada petista na Câmara, ele voltou a atacar os meios de
comunicação e o MP e a defender o controle da imprensa. Disse que este é “um
dos objetivos do partido”.
“São esses a quem
nomeei aqui que tentam interditar a política no Brasil, ao mesmo tempo,
desqualificando a política. Quando desqualificamos a política, a gente abre
campo para aventuras golpistas. A gente abre campo para experiências que no
passado levaram ao nazismo e ao fascismo”, filosofou o presidente do PT.
O que Falcão chama
de “desqualificação” da política é tudo aquilo que não se alinha com o que os
petistas pregam. Mas se não fosse a atuação vigilante da imprensa, a postura
investigativa dos meios de comunicação, o rigor das apurações levadas a cabo
pela Justiça e a fiscalização dos órgãos de controle, o país já teria sido
engolido pela sanha totalizante do PT.
O Brasil já não é lá
o paraíso da livre manifestação. Entre 179 países, é o que tem apenas a 108ª melhor
situação em termos de liberdade de imprensa – há dois anos, estava em 58° lugar
no ranking, elaborado pela ONG Repórteres sem Fronteiras. Imagine como seria com censura
pesada pendendo sobre a cabeça da mídia, como quer o PT.
O sonho de consumo
dos petistas é impor aos meios de comunicação uma truculenta legislação de
regulação e controle. Desde a ascensão de Lula, tem sido assim. Felizmente, a
julgar pelo que publica hoje O Estado de S.Paulo, parece que o assunto não encanta a presidente Dilma
Rousseff. Melhor assim.
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