O IBGE informou
ontem que a inflação de janeiro foi a mais alta para o mês desde 2003, ou seja,
em dez anos. Em 12 meses, o IPCA acumula elevação de 6,15%, já bem perto do limite
superior da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional para 2013 (6,5%).
Em janeiro de 2012, este indicador estava em 6,22%, o que mostra que passou um
ano e o governo não conseguiu domar a escalada.
Os aumentos atuais prejudicam
especialmente os mais pobres, são mais fortes nos alimentos (11% em 12 meses), mas
estão se disseminando por quase toda a cesta de produtos. Com a luz vermelha
acesa, cresce a possibilidade de o Banco Central aumentar os juros e
dificultar, ainda mais, a retomada do crescimento do PIB.
Os preços dos
alimentos estão pela hora da morte. Segundo o IBGE, produtos como a farinha de
mandioca mais que dobraram de preço nos últimos 12 meses. Outros como batata e
tomate também tiveram altas expressivas: 67% e 31%, respectivamente. Mas os aumentos
não se limitam à comida: de cada quatro produtos, três ficaram mais caros, ou
seja, 75%, em janeiro. Em situações consideradas “normais”, este índice não
passa de 60%.
A corrosão nos
salários é muito maior do que revela a inflação oficial. Anteontem, o Dieese
já havia mostrado que em janeiro a cesta básica continuou subindo muito, e em todo o país. Há casos
como os de Salvador, com alta de 17,85% – num único mês! Em quatro das 18 capitais
pesquisadas, a alta mensal ficou acima de 10%. Resta claro que as labaredas da
inflação estão se espalhando.
“O sentimento entre
os especialistas é de que o país está prestes a entrar em um quadro de
descontrole de preços”, sustenta o Correio Braziliense. “Embora o governo sustente que ela [a inflação] está sob
controle, os riscos não são desprezíveis”, ratifica, no Valor Econômico, a colunista Claudia Safatle, interlocutora privilegiada das
autoridades oficiais. “A situação não é confortável”, admitiu Alexandre Tombini,
presidente do BC, a Miriam Leitão.
O temor se
justifica: o PT não morre de amores pela austeridade e, historicamente, sempre
tratou a inflação como mal menor. Nos dez anos em que está no poder, apenas em três
ocasiões logrou respeitar a meta estipulada pelo CMN: em 2006, 2007 e 2009. Há três
anos consecutivos, o objetivo não é cumprido, não o será neste ano e
possivelmente sequer em 2014.
O descontrole de
agora decorre de erros da política econômica posta em prática pelo PT nos
últimos anos. As ações do governo, seja o de Lula, seja o de Dilma Rousseff, foram
todas voltadas a incentivar a demanda, enquanto a oferta não apenas não crescia
como também enfrentava dificuldades ascendentes – como custos em escalada, escassez
de mão-de-obra e infraestrutura insuficiente.
“Ao longo de 2012, o
governo fez um diagnóstico equivocado, de que o maior problema da economia
fosse consumo insuficiente. E fez de tudo para inflar a demanda”, analisa Celso
Ming n’O Estado de S.Paulo. Os explosivos gastos do governo ajudaram a piorar a
situação, com alta de 11% num ano em que o PIB só terá crescido 1%.
O Brasil já tem hoje
uma das seis maiores taxas de inflação do continente, perdendo apenas para
Uruguai, Nicarágua, Haiti e os imbatíveis Argentina e Venezuela, segundo o UOL.
Será que é nestes exemplos que o governo petista se espelha? Diferentemente da
maioria dos demais países latino-americanos e em desenvolvimento, contudo, nossa
economia cresce pouco.
Não fossem alguns
malabarismos, a inflação brasileira estaria em situação bem pior e,
provavelmente, já teria até furado o teto da meta. A redução das tarifas de
energia elétrica ajudou, mas, não tivessem os governos de São Paulo e Rio
postergado o reajuste dos transportes públicos, ela teria sido simplesmente
pulverizada. Falta apenas apelar para o congelamento, como fez Cristina Kirchner...
Agindo assim, manobrando
ao deus-dará, o governo brasileiro mais parece aquele tipo de sujeito que entra
no cheque especial e tem que sacar seu fundo de aposentadoria para pagar as
contas. O PT tem feito muito mal ao país. Mas nenhum deles será tão ruim quanto
a perda da estabilidade da moeda, tão duramente conquistada pela sociedade
brasileira. Com isso não se brinca. Nem no Carnaval.
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