A Receita Federal informou
ontem que a arrecadação de tributos em janeiro foi a maior da história. Em
apenas um único mês, os brasileiros recolheram ao fisco nada menos que R$
116,066 bilhões. O valor não tem precedentes na série estatística iniciada há
28 anos.
Os técnicos da
Receita disseram que a antecipação do pagamento de tributos incidentes sobre o
lucro das empresas, como a CSLL e o imposto de renda, poderia explicar o
resultado. Importam menos as razões do que o fato em si. Em um mês, o
crescimento real, ou seja, já descontada a inflação, foi de 6,59%.
Algumas comparações
permitem analisar o tamanho da escalada tributária depois que o PT chegou ao
poder, há dez anos. Quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da
República, em janeiro de 2003, o governo federal arrecadava
o equivalente hoje a R$ 45 bilhões por mês, já considerado o IPCA do período.
Isto significa que,
em termos reais, o total recolhido pela Receita Federal junto aos contribuintes
brasileiros cresceu quase 160%. É de se questionar: alguém aí conseguiu ver os
serviços prestados pelo governo melhorarem na mesma proporção? Ou, por outra:
alguém percebeu a qualidade dos serviços públicos melhorar pelo menos um
pouquinho?
O jornal Estado de Minas calcula que, apenas em tributos sobre a renda, os brasileiros
tenham pago R$ 3 mil no ano passado – o valor, claro, é uma média. Isso representaria
o dobro do que era recolhido por cada contribuinte dez anos atrás. Como o
número de declarantes cresceu menos (65%) no período, “isso significa que houve
aumento real na mordida do Leão”.
Mas a carga é ainda
mais pesada quando se consideram os impostos sobre consumo e sobre patrimônio. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o
brasileiro paga cerca de R$ 8 mil ao ano em tributos, o que equivale a, em
média, cinco meses de trabalho dedicados só a honrar as dívidas com o fisco.
Uma das razões para
o aumento da carga tributária individual é a defasagem da tabela do imposto de
renda. Nos últimos seis anos, o governo vem aplicando reajuste anual de 4,5%, mas o
custo de vida tem andado sempre um passo à frente da recomposição. Desde 2002, a tabela foi reajustada em 14,33% abaixo da inflação, segundo o Sindifisco.
Assim, cada vez mais
brasileiros têm tido que recolher impostos. No domingo, o jornal O Globo mostrou que, dez anos atrás, um terço das pessoas que declaravam imposto
de renda precisava recolher mais na hora de fechar a declaração de ajuste anual.
Agora, metade precisa pagar mais imposto de renda ao Leão.
Na próxima
sexta-feira, 26 milhões de brasileiros começarão a prestar suas contas à Receita
pela renda auferida em 2012. É um momento em que muitos se darão conta de
quanto são obrigados a deixar nos cofres do governo. Também será uma
oportunidade em que muitos se questionarão se vale a pena continuar bancando a
gastança de um Estado perdulário e ineficiente.
A vigilância tributária
também poderá ser bastante amplificada, a partir dos próximos meses, em razão
de uma importante conquista da sociedade, alcançada por meio de projeto de lei aprovado
no Congresso em fins do ano passado: a discriminação, nas notas fiscais, dos impostos
e contribuições pagos em cada operação de consumo de mercadorias e serviços.
A discussão que
importa fazer é sobre o tamanho do Estado que a sociedade está disposta a suportar.
Conhecer o desempenho da administração tributária permite ao cidadão avaliar como
o governo aplica o dinheiro que lhe é repassado, assim como quanto nossos
tributos contribuem para tornar o Brasil um país tão caro. Trata-se de um aspecto
da cidadania que a “contabilidade criativa” da gestão petista ainda não foi
capaz de burlar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário