Parece evidente que
a Petrobras não tem para onde correr. Depende de reajustes que seu controlador,
o governo federal, não topa dar, com medo de perder as rédeas da inflação. A despeito
de investir como nunca, não consegue expandir sua produção. Quanto mais vende,
mais perde, porque paga pelo combustível mais do que cobra de seus consumidores.
E não gera caixa suficiente para custear seu plano de negócios.
Tão cedo a estatal
não deverá conseguir levantar mais dinheiro com a venda dos combustíveis que produz.
Os preços da gasolina e do diesel acabaram de subir e não devem aumentar mais
até dezembro – o reajuste anunciado há uma semana já foi maior que os 5% que o
Banco Central previra para este ano. Em 2014, com eleições presidenciais e
risco de a inflação escapar do controle, as chances de novo reajuste são
ínfimas.
Para sair da sinuca,
a Petrobras terá que buscar outras saídas, como maior endividamento ou uma nova
capitalização, à qual nenhum investidor sensato deverá aderir. Se contrair mais
dívidas, ultrapassará os limites que o mercado classifica como prudentes. Com
isso, tende a perder o chamado grau de investimento e, consequentemente, a
confiança dos investidores, além de ter que pagar muito mais caro por
empréstimos e financiamentos.
Constrangida pelas
regras impostas pelo governo petista ao setor de petróleo, a Petrobras também depende
de fornecedores locais que não conseguem lhe atender, paga preços mais altos
para cumprir cláusulas de conteúdo nacional e, assim, perde ainda mais
competitividade. Seu plano de negócios não produz resultados à altura, na forma
de aumento de produção.
Nos últimos quatro
anos, a companhia investiu US$ 165 bilhões, sem, contudo, conseguir aumentar a quantidade
de petróleo que extrai e refina. Se tudo correr como Maria das Graças Foster
anunciou ontem, a gestão Dilma Rousseff conseguirá a façanha de registrar duas
baixas seguidas na produção de petróleo. Nunca, em seis décadas de existência
da Petrobrás, isso aconteceu. Para 2013, a previsão é de nova baixa de 2%.
A Petrobras purga hoje
uma espécie de antítese do lema de Tiririca: pior do que está fica. Até sua
presidente admite: “2013 vai ser muito mais difícil ainda”, disse
Foster, ao analisar o resultado do ano passado, quando a companhia lucrou 36%
menos, teve o pior resultado em oito anos e, pela décima vez em dez anos, não
atingiu suas metas de produção.
“A situação da
companhia não parece estar sob controle. Longe disso. O governo errou ao
definir um modelo de exploração do pré-sal que sobrecarrega a petroleira, por
obrigá-la a participar de todos os campos. Continua em erro ao represar preços
de combustíveis”, analisa a Folha de S.Paulo hoje em editorial.
É voz corrente que a
atual administração da Petrobras paga o preço dos desvarios da gestão que a
antecedeu. É verdade. Mas não se deve perder de vista que quem comandou o conselho
de administração da estatal por longos sete anos, de 2003 a março de 2010, foi
Dilma Rousseff. Assim como Lula, a hoje presidente da República também é
responsável direta pelo descalabro na companhia.
Foi naquele período
que a empresa meteu-se em uma penca de negócios furados – como o que fez em
Pasadena, nos EUA, cujos valores estão sendo investigados pelo TCU – e em projetos
que não param de pé. Apenas para ficar em alguns exemplos: a caríssima refinaria
Abreu e Lima, feita para agradar Hugo Chávez, e os poços do pré-sal que não
produzem – e devem lhe render mais R$ 6 bilhões de prejuízo neste ano, ou 17% mais
do que já drenaram em 2012.
A saga da Petrobras
sob a gestão do PT é um capítulo especial de outro fracasso ainda mais
retumbante: o da propalada autossuficiência brasileira em petróleo. Anunciada com
fanfarra e cara propaganda por Lula em 2006, já como parte da sua plataforma
reeleitoral, mostrou-se uma mentira deslavada. Hoje importamos gasolina, óleo
diesel e até etanol como nunca antes na história deste país.
Em 2012, a alta na
importação de gasolina foi de 102% – com isso, o déficit da balança comercial
da Petrobras praticamente dobrou no ano (alta de 96%). A estimativa da empresa é
de que as compras de gasolina voltem a crescer neste ano, aumentando de 90 mil para 110 mil barris diários (nova alta de 22%). Mais: estima-se
que, até 2017, o volume de gasolina trazido do exterior praticamente dobrará em
relação a 2012.
A Petrobras é o
retrato mais pronto e acabado do que uma gestão malconduzida pode acarretar a
um patrimônio nacional. É o exemplo mais acachapante de como o uso de uma
empresa pública por interesses populistas, demagógicos e politiqueiros pode levar
para o buraco, num curto espaço de tempo, o que até ontem revelava-se uma oportunidade
única de redenção para o país.
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