Segundo balanço
oficial divulgado
ontem pelo governo Dilma Rousseff, apenas cinco das 101 obras previstas para o Mundial
estão prontas. Na outra ponta, 41 empreendimentos ainda não saíram do papel:
estão em fase de licitação ou não passaram da etapa de elaboração de projeto,
que, pelo cronograma oficial, deveria ter sido finalizada lá atrás, em 2010.
Apenas obras cosméticas
em aeroportos foram concluídas – nos terminais de Cuiabá, Porto Alegre, São
Paulo e Campinas. Dos R$ 27 bilhões de investimentos previstos para estádios,
aeroportos, portos e obras de mobilidade urbana, somente 1%, ou R$ 200 milhões,
foi executado.
Na área de
mobilidade urbana – das raras que, efetivamente, podem vir a gerar algum benefício
duradouro para a população – nenhuma das 51 obras previstas foi entregue até
agora. O mais preocupante é que, destas, somente 28 estão em execução neste
momento; o resto ainda dormita nas gavetas.
Aldo Rebelo não vê
problema algum em empreendimentos que, a esta altura, já deveriam ser areia,
cimento e concreto não passarem de rascunhos. Sua frase é lapidar: “Não sei por
que o preconceito com obras no papel. Não é porque está no papel que significa
necessariamente um atraso”.
A manifestação do
ministro do Esporte faria algum sentido se já não tivesse transcorrido quatro
anos e meio desde que o Brasil foi escolhido pela Fifa para sediar o Mundial de
2014. Teria alguma lógica se, daqui a um ano, o país já não fosse abrigar os
jogos da Copa das Confederações e daqui a pouco mais de dois anos não tivéssemos
de receber a Copa do Mundo.
Outro lado perverso da
negligência da gestão petista, tanto de Lula quanto de Dilma, em lidar com os
preparativos para o Mundial é o custo para os cofres públicos. Se, a princípio,
dizia-se que o investimento seria eminentemente privado, ao longo do tempo ele foi
se tornando preponderantemente custeado pelo governo.
Dos R$ 27 bilhões
ora estimados, 84% serão bancados por fontes públicas, seja por meio de
investimento direto da União (R$ 4,7 bilhões), financiamentos federais (R$ 11,1
bilhões) ou aportes de estados e municípios (R$ 7,1 bilhões). Da iniciativa
privada, virão apenas R$ 4,2 bilhões.
Ressalte-se que o
orçamento atual já cresceu mais de 54% em relação à primeira estimativa
oficial, de R$ 17,5 bilhões, divulgada no início de 2010, como mostrou a Folha
de S.Paulo há duas semanas. Quanto mais lerda a execução, mais cara a
obra. E quem paga pela ineficiência somos nós, contribuintes.
O desleixo não é
marca dos petistas apenas nos preparativos para a Copa. Também se espraia para
a execução orçamentária como um todo, como bem manifestou o Tribunal de Contas
da União (TCU) ao julgar as contas do primeiro ano da gestão Dilma.
Embora aprovadas,
elas foram alvo de 25 ressalvas e 40 recomendações, entre elas uma que beira o
pleonasmo, mas que, nos governos do PT, parece algo impossível: serem “efetivamente
priorizadas as execuções das ações definidas como prioritárias”. Para o
petismo, prioridades nunca são o que é mais importante para a população.
Segundo o TCU, as
obras públicas federais apresentam hoje atraso médio de 437 dias. “Por causa de
projetos malfeitos e fatores que deveriam ter sido dimensionados no tempo
oportuno, várias obras prioritárias para a infraestrutura do País estão
atrasadas”, mostra O
Estado de S.Paulo.
Como se fosse possível,
o desempenho executivo foi cadente no primeiro ano de Dilma. A presidente
reduziu de 652 para 92 as ações que considerava prioritárias em seu governo. Mesmo
assim, somente 54% delas apresentaram o que o TCU classifica como “execução
alta”. Em 2010, 63% estiveram nesta condição.
A preocupação com o
bom andamento e a efetiva realização das obras com vistas à Copa do Mundo não
repousa em fazer bonito para o resto do mundo. Dirige-se a aproveitar uma
oportunidade única, de alta visibilidade global, para gerar benefícios
duradouros para o desenvolvimento do país e para o bem-estar da população. Mas,
se depender do governo do PT, vamos chegar atrasados e bater uma bolinha murcha
daqui a dois anos.
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