A gestão Dilma
Rousseff estreou 2012 falando num crescimento robusto, em torno de 5%. Aos poucos
foi colocando a viola no saco e passou a mirar em 4,5%. Oficialmente, esta
ainda é a meta de expansão do PIB neste ano. Mas, possivelmente, ninguém além
de Guido Mantega acredita na sua consecução.
Para chegar a este
resultado, a economia brasileira deveria ter crescido 1% nos primeiros três meses
do ano. Entretanto, a maior parte das estimativas feitas por analistas dá conta
de que o país só avançou à metade disso – oficialmente, só será possível confirmar
os prognósticos dentro de um mês, quando o IBGE divulgar o PIB do primeiro trimestre.
Nestes pouco mais de
quatro meses do ano, a economia só rendeu notícia ruim. Os motores da indústria
continuam em marcha a ré, o outrora dinâmico comércio exterior perdeu fôlego e
os investimentos públicos mantiveram-se a miragem de sempre. Há, ainda, o
consumo acelerado, é verdade, mas um país não se constrói apenas com shopping centers.
O ritmo do primeiro trimestre, se mantido, só será suficiente para fazer
o país expandir-se 2% até dezembro. Ninguém, em sã consciência, aposta em algo muito
acima de 3%. Ou seja, nos aguarda neste ano a repetição do Pibinho de 2011.
Pelo jeito, a presidente da República ainda terá que suar muito a camisa para
entregar o crescimento espetacular que prometeu.
Algum alento só deve
surgir no segundo semestre, se é que surgirá. As indústrias, por exemplo, demorarão
mais que o previsto para religar as máquinas. Primeiro, porque ainda não
superaram a fase de encolhimento: nos primeiros três meses do ano, a produção diminuiu
3% frente ao mesmo período de 2011. Segundo, porque estão abarrotadas de
estoques, como mostrou O
Estado de S.Paulo ontem.
Setores importantes
como automóveis, confecções e materiais de construção estão com excesso de
mercadorias armazenadas nos galpões. Isso significa que, para retomar a
produção com ímpeto, terão, antes, de desovar o que está guardado. Por aí se vê
que o caminho da retomada da economia tende a ser lento e penoso.
Outro termômetro do
esfriamento geral é o que acontece no comércio exterior. Em abril, as
exportações caíram 8% em relação ao mesmo mês de 2011. Foi a primeira queda
neste tipo de comparação desde novembro de 2009, informa hoje o Estadão.
Pelas estimativas
oficiais, neste ano as exportações brasileiras devem crescer 3%, bem abaixo dos
27% do ano passado. A previsão é de que o país produza um superávit magro, de
cerca de US$ 3 bilhões. Será uma reversão e tanto em relação aos últimos
resultados: em 2006, o saldo foi o maior da história, US$ 46,6 bilhões, e no
ano passado ainda se sustentava em US$ 29,8 bilhões.
“A letargia da
atividade econômica vai além de um fenômeno cíclico. Há esgotamento do modelo
de crescimento baseado no crédito ao consumo e na alta de preços das
commodities exportadas”, comenta a Folha
de S.Paulo em editorial na edição de hoje.
Na semana passada, Dilma
Rousseff elencou o que considera os três maiores problemas da economia
brasileira hoje: juros, câmbio e impostos. Os primeiros têm caminho livre para uma
baixa histórica depois da tunga na poupança. O segundo melhorou, mas ainda não é
suficiente para reanimar o comércio com o exterior. Os terceiros continuam nas
alturas.
Para ressuscitar a
economia, não bastará o governo mexer apenas algumas peças do tabuleiro. A mudança
tem de ser mais profunda, a fim de criar ambiente favorável a um novo círculo
virtuoso de crescimento, com equilíbrio. Por ora, as soluções são limitadas e
capengas. A desaceleração é prova evidente disso.
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