Ontem, ela ocupou
cadeia de rádio e televisão para anunciar medidas destinadas a combater a miséria
na faixa etária de 0 a 6 anos, no que pode ser chamado de Bolsa Mamãe. Oficialmente
batizado de Brasil Carinhoso, o programa terá três eixos: acesso a creches, ampliação
da cobertura de saúde para crianças e reforço da renda familiar.
Está virando rotina:
o Planalto aproveita a modorra de notícias em dias festivos para tentar emplacar
manchetes em jornais, como já havia acontecido no 1° de maio. Infelizmente,
Dilma continua pródiga em anúncios, mas muito ruim de execução. Na área social,
não tem sido diferente.
Segundo os jornais, o
pronunciamento irá desdobrar-se em cerimônia no Planalto hoje para a presidente
detalhar as medidas ladeada por um séquito de ministros. Se for fiel aos fatos,
ela terá de explicar, por exemplo, como pretende agora garantir vagas em
creches para as crianças, antiga promessa de campanha jamais cumprida.
O compromisso era inaugurar
6.427 unidades até 2014, mas até hoje só 411 foram feitas, de acordo com
informações do Ministério da Educação divulgadas hoje pela Folha de S.Paulo. Isso significa que, para honrar a palavra, a
presidente teria que inaugurar seis creches por dia, todos os dias, até 31 de
dezembro de 2014, quando termina seu mandato.
No ano passado, o ProInfância,
programa que deveria cuidar da construção de creches no Ministério da Educação,
executou apenas 16% do seu orçamento. Não surpreende que menos de 4% das
crianças do Bolsa Família na faixa etária de 0 a 3 anos estejam em creches e
que a média nacional não ultrapasse 24%.
Nas ações voltadas à
saúde de mamães e bebês, a situação não é melhor. Vistosas promessas de
campanha também continuam no papel, como é o caso da Rede Cegonha, destinada a atender
gestantes no pré-natal e crianças nos seus primeiros dois anos de vida.
O orçamento deste
ano destina R$ 196 milhões ao programa, mas até agora vergonhosos R$ 8 mil (não
é erro de digitação, é mil mesmo) foram pagos. Vale lembrar que o Rede Cegonha foi
copiado das propostas do candidato tucano em 2010 e da exitosa experiência de
atendimento a gestantes desenvolvida por Beto Richa na prefeitura de Curitiba –
com a diferença de que lá funcionava...
Mas as mamães não
querem apenas boa gestação. Esperam também contar com atendimento de saúde
digno. Todos vão se lembrar que, na campanha, Dilma também prometeu tratamento
carinhoso às brasileiras por meio da construção de 500 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
Dinheiro no
Orçamento tem, e muito – R$ 578 milhões nestes dois anos. Mas tratamento médico
que é bom, nada: até agora apenas 13% da dotação do ano passado foi executada
e, da deste ano, nenhum centavo.
Segundo balanço
oficial, no primeiro ano de governo foram construídas apenas 31 UPAs. Isso
significa que, a continuar assim, para honrar o compromisso firmado, Dilma
precisaria de quatro mandatos. Não vai dar para esperar.
Não se sabe ao certo
como o Planalto pretende reforçar a renda das mulheres que serão beneficiadas com
o Bolsa Mãe, conforme anunciado pela presidente ontem. Mas, diante da baixa execução
orçamentária, esta parece ser a forma mais fácil que a gestão petista tem encontrado
para aplicar o dinheiro.
Mas governar é muito
mais do que distribuir bolsas. Garantir saúde digna, gestação tranquila e atenção
adequada à primeira infância são deveres básicos do Estado perante as mamães. Também
neste quesito, a primeira mulher a governar o país não fez diferença. Continua tudo
na promessa.
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