Na sexta-feira, mais um indicador veio jogar água fria nas
já congeladas expectativas quanto ao desempenho do PIB brasileiro neste ano. O
Banco Central divulgou que a economia local recuou 1,4% em maio. Se o dado em
si já é bem ruim, as circunstâncias o tornam pior ainda.
A queda foi a maior registrada pelo BC desde dezembro de
2008. Para quem tem dificuldade de guardar datas, aquele foi um dos piores
meses para a economia mundial em décadas, depois que a bolha de crédito
imobiliário explodiu nos Estados Unidos e espalhou crise por todo o mundo.
Diferentemente daquele momento, agora o Brasil é um dos
poucos países do mundo cuja economia está atolada em problemas. Desde 2008, as
economias globais estão em compasso mais lento, mas a maior parte delas superou
os piores momentos e hoje já acelera. Conosco acontece o inverso.
Os motores que poderiam impulsionar o crescimento estão
rateando. Há duas semanas, o IBGE divulgou mais um tombo da indústria, com
queda de 2% em maio. O desempenho tem sido errático: neste ano até agora, o setor
industrial cresceu bastante em janeiro (2,7%), devolveu tudo em fevereiro
(-2,4%), andou de lado em março (0,8%), acelerou em abril (1,8%) e voltou a despencar
em maio.
Outro segmento em que os problemas vão se avolumando é o consumo.
Também na semana passada, o IBGE mostrou que as vendas do comércio varejista registraram,
em maio, o menor crescimento para o mês desde 2009, com estabilidade em relação
a abril.
O que se pode esperar daqui para frente? Junho não deve ter
rendido alento aos nossos indicadores, uma vez que a atividade econômica foi
muito afetada pelos protestos que marcaram o mês em todo o país.
Com isso, os resultados trimestrais do PIB devem vir
decepcionantes. As estimativas predominantes sugerem uma elevação de apenas
0,8% entre abril e junho, mas há quem aposte em menos, com possibilidade de o
pibinho do primeiro trimestre (0,6%) se repetir.
Todas as fichas estão jogadas no segundo semestre, nos investimentos e nas concessões de serviços públicos que o
governo deve levar a leilão a partir de agosto. São milhares de quilômetros de
rodovias e ferrovias e, posteriormente, alguns aeroportos.
Quanto aos investimentos públicos, o desempenho é
desalentador. Segundo a ONG Contas Abertas, só um em cada cinco reais destinados a esta finalidade foram
empenhados no primeiro semestre, e não fossem os chamados “restos a pagar”
seria ainda pior. Os valores investidos estão 13% menores do que em 2010, já
descontada a inflação.
As concessões também correm risco de produzir mais frustração
do que realizações. O problema é que a gestão petista conseguiu produzir tanta
confusão em torno do assunto – sintetizada numa bizantina discussão sobre fixação
arbitrária de taxas de retorno dos investimentos – que já se teme pelo fracasso
na disputa.
As idas e vindas nas regras, as disputas internas e os
titubeios produzidos pelos responsáveis pelos leilões lançam uma nuvem de
incertezas quanto ao sucesso de negócios cujos contratos se estenderão por décadas.
Quem vai se aventurar numa economia em que os marcos são fixados e mudam ao
bel-prazer dos governantes?
Com tantas incertezas, já vai se formando um consenso de que
a economia brasileira crescerá menos de 2% neste ano – no acumulado nos últimos
12 meses, a expansão é de apenas 1,89%, segundo o BC. Seremos novamente os
lanternas do continente, talvez superando apenas a Venezuela.
Já se dá de barato que a próxima vítima da inépcia petista
na gestão da economia deverá ser a geração de empregos. O ritmo atual já é
cadente: em maio, a abertura de novos postos de trabalho foi a menor para o mês
em 21 anos.
Depois do fiasco de 2012, a presidente e sua equipe econômica
passaram a prometer recuperação e bons resultados neste ano. Mais uma vez, as
promessas irão se frustrar, num padrão que já se tornou comum na atual gestão. Dilma
Rousseff e sua turma podem até ser bons de saliva, mas são péssimos quando o
que interessa é fazer o país avançar.
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