Enquanto os cidadãos clamam por serviços públicos de mais
qualidade, maior rigor na gestão e a preservação de um ambiente de estabilidade
na economia, a presidente lhes oferece um plebiscito para reformar a política e
a importação de médicos... Além disso, ela e sua equipe continuam viajando ao
gerir criativamente as contas do país e ao insistir em embarcar no fantasmagórico
trem-bala. Não tem como dar certo.
A proposta de plebiscito enviada ontem ao Congresso está
fadada ao fracasso. Em primeiro lugar, porque é a última coisa que a população
espera ver enfrentada neste momento. Em segundo, porque se concentra,
principalmente, em tentar emplacar as teses prediletas do PT, como o
financiamento público de campanha, e não em aperfeiçoar a representação
popular. E, por fim, porque, felizmente, o país ainda tem uma lei a ser
respeitada: a Constituição.
O plebiscito é apenas uma das respostas lunáticas que Dilma tem
conseguido balbuciar depois que foi atordoada pelas ruas e viu sua popularidade
rolar ladeira abaixo, junto com suas chances de reeleição. A questão é que os
problemas do país se sucedem e se avolumam sem que encontrem reação à altura do
governo da petista.
A economia brasileira vive atualmente um estado de convulsão
que nos torna párias do mercado mundial. Somos um dos países com menor perspectiva
de crescimento neste ano, com uma das taxas de inflação mais elevadas, com o mercado
acionário mais cadente, o comércio exterior mais depauperado e a indústria mais
decadente.
Como quem habita outro planeta, também nesta seara a
presidente apresenta venenos como se fossem remédios, como é o caso do possível
aumento de impostos, segundo informa O Estado de S.Paulo hoje. Isso depois de distribuir benesses fiscais a
torto e a direito aos amigos do rei e da rainha – para ficar num tema da hora, só
no grupo de Eike Batista BNDES e Caixa têm R$ 6,3 bilhões injetados.
A presidente aparenta ignorar que o Brasil enfrenta uma
crise de confiança que tem nome – Dilma – e sobrenome – Guido Mantega. Com uma
dupla de área destas, ladeada por um time de mais 38 cabeças de bagre, não há
quem se aventure a correr riscos por aqui, o que explica a intensa fuga de capitais
e investimentos que o país ora assiste.
Indiferente, o governo continua a abusar da manipulação das
contas públicas e das maquiagens contábeis. Novamente, mete a mão nos recursos
do BNDES e também volta a avançar sobre os dividendos da Caixa Econômica
Federal e do Banco do Brasil, como informa hoje o Valor Econômico em manchete. É um modelo que já fez água, mas só Dilma e sua
equipe de extraterrestres parecem não perceber.
A economia real está desmoronando. A indústria teve, em
maio, mais um mês de péssimo desempenho. A queda de 2% sobre abril atingiu todas
as categorias de produtos e 20 dos 27 setores analisados pelo IBGE. O pior
tombo foi o da categoria de bens de capital, que costumam antecipar o
comportamento futuro dos investimentos.
Nosso comércio exterior vai mal como há 18 anos não se via
e, para completar, a bolsa de São Paulo tornou-se palco diário de um show de
horrores. O comportamento do mercado acionário no primeiro semestre foi o pior
desde a segunda metade de 2008, quando uma hecatombe global arrastou todo o
mundo.
A diferença é que, agora, a maré geral é montante e, entre
as economias que contam, só nós estamos indo ladeira abaixo. Será que mesmo
assim Mantega e sua equipe continuarão insistindo em dizer que o Brasil só vai
mal porque o mundo também vai? Na realidade, o problema está, e sempre esteve, aqui
mesmo: é o “risco Dilma”, do qual todos querem distância.
Na mensagem que enviou ontem ao Congresso sugerindo a
realização do plebiscito, a presidente defendeu a consulta popular afirmando
que “as formas de representação política dão sinais de que precisam ser
renovadas”. Pelo menos nisso, Dilma Rousseff tem bastante razão: a renovação
que precisa ser feita deve começar pela chefe da nação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário