Diferentemente de outros períodos recentes, o Brasil hoje destoa
negativamente do resto do mundo: por quaisquer ângulos que se observe, estamos
nos saindo pior que as demais nações. Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI)
divulgou previsões para a economia nas quais figuramos como o patinho feio da
turma.
A expectativa para a expansão global caiu de maneira generalizada.
O Brasil foi, contudo, o país que teve a maior reversão: a previsão para este
ano baixou de 3% para 2,5% e, para 2014, de 4% para 3,2%.
Ainda assim, o FMI pode estar sendo otimista demais com o
Brasil. As previsões colhidas pelo Banco Central por meio do boletim Focus projetam
expansão de apenas 2,34% para o PIB brasileiro em 2013 e de 2,8% em 2014.
Além do crescimento medíocre, o Brasil tem uma salada de
problemas a enfrentar: inflação renitentemente alta, juros em elevação na
contramão do mundo, câmbio em rápida desvalorização e contas externas em
petição de miséria.
Talvez tarde demais, o país está se dando conta de que o
modelo que vem sendo exaustivamente aplicado pela gestão petista já deu o que
tinha que dar. Estímulos ao consumo e gastos públicos em alta desabrida sem a devida
contrapartida de investimentos e de aumento de poupança levaram o Brasil a uma incômoda
convivência com a inflação.
“Sem reformas (tributária, no mercado de trabalho,
previdenciária) e aumento da taxa de investimento, o país não ampliou, durante
a fase de bonança (até 2010), seu potencial de expandir a atividade produtiva
sem gerar pressão sobre os preços. A inflação elevada é uma herança da falta de
conserto dos defeitos estruturais. Isso inclui uma política fiscal muito
expansionista para isolar o Brasil da crise”, sintetiza O Globo.
Se confirmadas as piores previsões, a média de crescimento
do governo Dilma será de pífios 2,2%, a mais baixa desde Fernando Collor. Considerando
o ritmo de aumento da população, a evolução do produto per capita desde 2010
está em 1,2% ao ano. A esta velocidade, demoraremos seis décadas para
alcançar a renda per capita atual da Grécia – um paradigma, convenhamos, nada
desejável.
Hoje, o Copom define a nova taxa básica de juros da
economia. Como a inflação não deu folga e, agora, o dólar também passou a pesar
para turvar o horizonte, a perspectiva é de alta de 0,5 ponto percentual, o que
elevaria a Selic a 8,5% ao ano.
Com isso, o Brasil deve reassumir a vice-liderança no
ranking mundial de juros reais, perdendo apenas para a China. Uma das
consequências é que o consumo, já em processo de acomodação, vai esfriar ainda
mais, freando mais ainda o desempenho do PIB. Parece que estamos mesmo num beco
sem saída...
A esta salada indigesta, Dilma Rousseff juntou mais um
ingrediente: a instabilidade política, decorrente da erosão da sustentação do seu
governo pelos aliados e dos erros cometidos em série por ela.
A presidente da
República insiste em iniciativas que não resolvem nenhum dos nossos problemas,
como a natimorta constituinte, o recém-sepultado plebiscito e o programa mal-ajambrado
que vai botar mais médicos nos nossos hospitais... mas só daqui a oito anos. Assim
não há risco de dar certo.
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