O “Dia Nacional de Lutas” foi convocado pelas centrais
sindicais, as mesmas que, ao longo destes últimos dez anos, vêm sendo acolhidas
no seio do poder. As lideranças petistas viram nas manifestações agendadas pelos
sindicalistas uma forma de também mostrar seu suposto poderio e capacidade de
mobilização. Queriam lotar as ruas de bandeiras e estrelas vermelhas.
Gente como o ex-presidente Lula e José Dirceu se movimentou
para mostrar as garras e pôr a militância para marchar. Queriam demonstrar que ainda
têm as rédeas da situação. A aproximação e a adesão à jornada de manifestações chegaram
a ser formalizadas, na semana passada, pela própria Executiva Nacional do PT.
Em nota oficial, o comando petista conclamou
os militantes “a que assumam decididamente a participação nas manifestações de
rua em todo o país, em particular no Dia Nacional de Luta com Greves e
Mobilizações convocada por ampla coalizão de centrais sindicais e movimentos
populares para o próximo dia 11 de julho, em defesa da pauta da classe trabalhadora
para o país e da Reforma Política com Participação Popular”.
Os petistas talvez tenham imaginado que conseguiriam
produzir o que Fernando Collor tentou em 1992 e não teve sucesso. O então
presidente pediu que os brasileiros saíssem de casa trajando verde e amarelo,
mas ganhou em resposta ruas tomadas de cidadãos vestidos de preto. A
expectativa dos atuais governistas talvez fosse ver o vermelho predominando ontem.
Mas o que se viu foi cor alguma.
É possível que agora os petistas tentem se desvencilhar do
fiasco de ontem. Mas a verdade é que até ex-ministro
do governo Lula estava nas manifestações. A página do partido
na internet também está repleta de notícias dando vivas ao movimento. Centrais como
a CUT e movimentos alinhados ao governo, como o MST e a UNE, até foram para as
ruas, como prometeram, mas não encontraram eco no resto da população.
“Os brados de guerra dos líderes não encontravam repercussão
na plateia. A maioria das pessoas não prestava atenção, não aplaudia, não
vaiava, não puxava refrões. A exceção eram pequenas claques, que erguiam
bandeiras quando seu presidente falava”, resumiu O Estado de S.Paulo, na mais completa tradução das manifestações de ontem.
No “dia de lutas”, ficou mais uma vez patente a distância
entre o que os petistas pretendem e o que realmente os brasileiros clamam. Entre
as bandeiras empunhadas pelos governistas ontem estavam o plebiscito para a
reforma política e a aprovação de um marco regulatório da mídia, temas que o PT
não se cansa de defender e que só servem mesmo ao seu projeto de poder.
Desde os protestos de junho, também o governo de Dilma
Rousseff vem tentando tomar as rédeas da situação. Ativou sua máquina de criar
fatos para pôr a presidente da República dia sim, dia também na televisão
anunciando medidas, marteladas em seguida por inserções publicitárias pagas a
peso de ouro. De concreto, porém, seus “pactos” não produziram mais que
fracassos.
O que tem se visto nestas últimas semanas – e que ontem
ficou definitivamente evidenciado – é que o governo Dilma, o PT e os seus satélites
respondem de maneira envelhecida a uma situação nova. É o arcaico tentando se
contrapor ao contemporâneo. Movimentos que passaram mais de uma década
entorpecidos pelo poder e grupos devotados apenas a se manter no comando do país
têm pouca chance de seduzir quem está farto do que aí está.
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