Os atos de governo da presidente são o retrato acabado da
ineficiência, a exemplo da inócua reunião ministerial realizada ontem – a terceira
desde que tomou posse. Dilma juntou 36 dos seus 39 ministros no Palácio do
Planalto. Provavelmente, sequer o nome de todos os presentes ela sabia. Muitos
ali estavam vendo a chefe pessoalmente pela segunda ou terceira vez. Seleção
que presta não joga assim.
Como era de se esperar, a sessão plenária não produziu nada
de importante, além de arremedos de frases de efeito sopradas pelo marqueteiro que
a presidente destilou em rara entrevista à imprensa. Ela anunciou que “não fará
demagogia” e “não cortará cargos que não ocupa”. É a velha Dilma de sempre:
pensamentos sem sentido, ações desconjuntadas, palavras ao vento e nenhuma ação
que valha.
A presidente poderia largar de lado o blábláblá. Ninguém
está propondo a ela que corte vento, mas simplesmente que tome as medidas
certas. Um governo composto por 39 ministérios – algo só inferior ao Sri Lanka
em todo o mundo – e 22 mil cargos de confiança – todos fartamente ocupados
pelos apaniguados do poder – tem muita gordura para queimar.
Ao fim do governo Fernando Henrique, o país tinha 24 pastas
e funcionava muitíssimo bem. Lula deu início ao inchaço, criando 11 ministérios.
Dilma já espetou mais quatro órgãos na Esplanada. Tudo leva a crer que o governo
funcionaria bem melhor com metade do tamanho que tem hoje.
Apenas na Presidência da República estão penduradas 14 secretarias
e lotados algo como 4 mil comissionados. Para carregar esta máquina
paquidérmica, o governo gasta R$ 192,8 bilhões por ano somente para pagar o
salário de quase 1 milhão de servidores, mostrou O Globo ontem. Quando se consideram todas as despesas de custeio, o gasto
anual do Executivo sobe para R$ 611 bilhões.
A execução orçamentária
que interessa o governo petista não consegue fazer. Na atual gestão, os dispêndios
com saúde, educação, segurança e mobilidade são, sistematicamente, menores que
os do governo Lula. O caso mais gritante é o dos transportes, em que apenas 8%
do orçado desde 2011 foi investido.
O Valor Econômico mostra hoje que, neste ano, foram gastos R$ 3 bilhões de um
total de R$ 13 bilhões em obras pelo Dnit, frustrando a promessa feita pelo
governo de que este seria “o ano” para os investimentos públicos no setor. Como
se vê, com o PT o que era ruim pode ficar ainda pior.
Ontem, mais uma vez,
Dilma sinalizou que pretende viabilizar investimentos e, para tanto, pensa em fazer
“ajustes” nas contas do governo. Não disse como, mas na sua balofa e derrotada seleção
parece que não será. Seu ministro da Fazenda, contudo, já indicou quem é que
vai pagar a conta: o meu, o seu, o nosso dinheiro de contribuinte.
Em entrevista publicada
por O Globo no domingo, Guido Mantega disse que pode aumentar impostos para
bancar as novas despesas que vêm sendo criadas. Isso depois de o governo petista
distribuir pencas de benesses tributárias para setores eleitos e conceder empréstimos
em condições camaradas a empresas amigas. Deve ser porque o PT não tem lá muito
apreço pela classe média, como vocalizou Marilena Chauí recentemente...
Dilma Rousseff pode
continuar sonhando em ver sua equipe de governo jogando o futebol-arte que a
seleção de Felipão pôs em campo na Copa das Confederações. Mas, com um time
formado por 39 cabeças de bagre, o mais provável é que ela continue perdendo de
goleada, num padrão capaz de deixar o Taiti no chinelo.
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