A Copa do Mundo está
chegando ao fim e, à medida que seus eflúvios vão se dissipando, os brasileiros
vão se virando cada vez mais para os muitos problemas que se acumulam no país à
espera de solução. Um dos mais preocupantes é a inflação. O governo petista brincou
com fogo e não parece nem um pouco capaz de controlar o incêndio.
No mês de junho,
mais uma vez, a inflação acumulada superou o limite superior da meta. Nos últimos
12 meses, o IPCA variou 6,52%, de acordo com o IBGE.
O regime em vigor no país determina como alvo o percentual de 4,5%, com
tolerância de até dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Em 42 meses da
administração Dilma Rousseff, esta é décima primeira vez que a meta é estourada.
Ou seja, em mais de um quarto do mandato da presidente transcorrido até agora a
política econômica em vigor não foi capaz de entregar a inflação prometida. Qualquer
semelhança com o desempenho geral do PT no governo não é mera coincidência...
A tendência é não
haver refresco nos próximos meses. Até por uma questão estatística. Nesta altura
do ano passado, em função de recuo no preço de alimentos, o IPCA registrado foi
muito baixo, chegando, por exemplo, a 0,03% em julho de 2013.
Estima-se agora que
os dados de um ano atrás serão substituídos nos próximos meses por altas mais
fortes, engordando a inflação acumulada em 12 meses. Deve ser assim pelo menos
até a véspera das eleições gerais de outubro.
Há risco de 2014 terminar
com o IPCA acima do limite superior da meta. Hoje, a média das previsões de
mercado, colhidas semanalmente pelo Banco Central e divulgadas no Boletim Focus, está
em 6,47%. A um triz, portanto, o teto.
Em seus três anos de
mandato transcorridos até aqui, Dilma não passou nem perto de cumprir o que
determina o Conselho Monetário Nacional. A meta – que é de 4,5% e não de 6,5%
como o governo tenta apregoar – nunca foi cumprida pela presidente, e nem será.
Trata-se de uma sina
das gestões petistas. Nos últimos 12 anos, apenas em três ocasiões a inflação
oficial não superou a meta: 2006, 2007 e 2009. Mas o governo prefere sustentar
que foi bem sucedido apenas por não ter deixado o índice estourar o limite
superior.
O Brasil tem registrado
uma das mais elevadas inflações do mundo. Entre os
países do G-20, por exemplo, apenas seis exibem índices de preços mais altos que
o nosso: Argentina (11% acumulados nos últimos 12 meses), Turquia (9,2%), Índia
(8,3%), Rússia (7,8%), Indonésia (6,7%) e África do Sul (6,6%), segundo o Trading Economics.
Para complicar, há
sério risco de os índices de inflação escalarem mais adiante, porque há muitos
preços sendo fortemente controlados pelo governo. Sua alta é de 3,9% nos últimos
12 meses. Se a intenção não for quebrar a Petrobras, inviabilizar a geração de
energia ou sucatear ainda mais o transporte público no país, logo logo eles
terão que ser reajustados.
Enquanto isso, os
demais preços – os chamados “livres” – estão subindo muito mais que a média do
IPCA. No acumulado em 12 meses, a alta chega a 7,3%. Desde 2010, os alimentos
estão subindo em média 9% ao ano no Brasil. Mas há itens com aumento bem mais
expressivo, como carnes, com preços mais de 16% maiores em um ano, como analisa
o economista Felipe Salto.
Os brasileiros já se
deram conta da corrosão mensal de seus salários e apontam
a inflação como principal problema do país hoje. Precisamos de políticas consistentes
contra a carestia, a ser tratada com tolerância zero. A gestão Dilma, porém,
parece ainda acreditar que preços um pouquinho mais altos não fazem mal se o
objetivo é conquistar mais crescimento econômico. Não conseguiu nem uma coisa
nem outra. E agora assiste o circo pegar fogo, perdendo de goleada para o dragão.
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