O Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) foi lançado em janeiro de 2007 para servir, acima
de tudo, como vistosa peça de marketing do segundo mandato de Luiz Inácio Lula
da Silva. Com Dilma Rousseff, ganhou uma segunda fase, que nada mais é do que mera
reciclagem de antigas promessas. Aos poucos, contudo, o PAC foi sendo retirado
da vitrine e, acumulando fracassos, caminha para a irrelevância.
Na semana passada, o
governo divulgou o décimo balanço do
chamado PAC 2. A peça é de um irrealismo de deixar gestores responsáveis
corados de vergonha. Obras que estão mais de meia década atrasadas aparecem
como tendo cronograma “adequado”, marcadas com cartão verde; financiamentos são
computados como investimentos e reforma de casas são classificadas como se
obras novinhas fossem.
O governo Dilma afirma
ter investido R$ 871 bilhões desde 2011. Destrinchando os números, o que se constata
é que 1/3 deste valor refere-se a financiamentos habitacionais, dinheiro que
foi emprestado a mutuários que, se não quiserem ter seu nome inscrito no SPC,
terão de pagar regiamente as prestações. Não demora e corremos o risco de ver as
mensalidades de fogões e geladeiras compradas nas Casas Bahia incluídas nos
feitos do PT...
Quando se computam
os dispêndios com o Minha Casa, Minha Vida, o setor de habitação chega a nada
menos que 42% dos gastos totais do PAC desde 2011. Ainda assim, passados cinco
anos desde o lançamento do programa habitacional, apenas metade das moradias
prometidas pela gestão petista foi efetivamente entregue a seus moradores.
O governo afirma ter
executado 84% do investimento previsto para o mandato de Dilma. Só com muito
malabarismo, e, principalmente, a ajuda de estatais (26% do total) e empresas
privadas (19%), é possível chegar num resultado como este. Uma consulta ao
Siafi mostra que, dos R$ 243 bilhões que dependem apenas do governo federal,
nem metade dos gastos foi realizada até agora.
Os gestores petistas
também exercitam sua criatividade de outras maneiras. Obras que deveriam estar
prontas há anos são consideradas rigorosamente dentro do cronograma. Mas há
algumas que, nem sob tortura, conseguem confessar o que o governo gostaria: para
estas, o destino é a exclusão do PAC, discretamente, antes que recebam o cartão
vermelho dedicado a obras com andamento insatisfatório.
A transposição das
águas do rio São Francisco, por exemplo, deveria ter ficado pronta em 2010. Tem
menos de 60% concluídos atualmente e só deve ser finalizada em dezembro do ano
que vem, se for. Ainda assim, a gestão petista considera que o andamento da
obra é “adequado”. O trem-bala também está lá, na mesma condição. Estranha contabilidade
esta, não?
Nem toda a criatividade,
porém, é suficiente para esconder fiascos retumbantes como o das promessas para
a área social, em especial a de saúde. Das 500 unidades de pronto-atendimento (UPAs)
prometidas por Dilma na campanha de 2010, apenas 23 estão concluídas. Das 6 mil
creches (que já chegaram a ser mais de 8 mil), foram entregues somente 379. Das
8.600 UBSs, menos de ¼ ficou pronta.
Prometer e não
entregar tornou-se marca indelével das gestões petistas. Falsear números também.
Nas eleições de outubro, os eleitores confrontarão o país que esperavam ter com
o que efetivamente têm ao final de três mandatos petistas. Verão que nem toda a
fantasia é capaz de esconder que, na realidade, muito pouco dos compromissos firmados
foram efetivamente cumpridos. Pelo conjunto da obra, Dilma e o PT merecem cartão
vermelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário