O PT tem uma lógica
muito peculiar de fazer política: quem não está com o partido é tratado como inimigo.
O objetivo vai além de derrotar adversários, o que seria do jogo democrático. A
ordem é simplesmente exterminar quem se interpõe no caminho dos partidários da intolerância.
Sejam eles jornalistas, críticos ou políticos insatisfeitos com o estado geral
das coisas no país.
Dois episódios
recentes ilustram bem esta forma indecorosa de fazer política: a divulgação, por
parte do vice-presidente petista, de uma “lista negra” de articulistas a serem combatidos pelos partidários da intolerância
e a tentativa do ministro de Relações Institucionais – exercitando sua
expertise aloprada – de emparedar prefeitos do PMDB do Rio que manifestaram
apoio à candidatura de Aécio Neves, revelada ontem por O Globo.
Trata-se de método
tipicamente petista de fazer política: a perseguição a adversários com vistas a
aniquilá-los. A cada campanha, surge um novo estratagema gestado nos subterrâneos
do partido. Nesta sanha, os petistas não se constrangem em utilizar estruturas
de Estado para atacar quem querem destruir – vide também o uso de estatais e
prefeituras petistas para difamar e disseminar ofensas contra Aécio pela
internet.
Os episódios nefastos
se sucedem: em 1998, o dossiê Cayman; em 2006, o escândalo dos aloprados; em
2010, o dossiê Erenice Guerra (para tentar atingir o presidente Fernando
Henrique) e a violação de sigilo fiscal de familiares de José Serra. O que
mais, além das duas novas famigeradas listas negras, nos espera na campanha que
se avizinha?
Felizmente, a vigilância
da imprensa sempre tem conseguido impedir que os partidários da intolerância prosperem.
Não fossem a livre manifestação e o firme exercício democrático, estaríamos arriscados
a ver o obscurantismo prevalecer. A luz da liberdade de expressão tem vencido
as trevas do autoritarismo. Mas, até quando?
A perseguição a quem
discorda dos ditames petistas não é fortuita, não é acidental nem irrefletida. O
partido cuja bancada mais ilustre hoje dá expediente no presídio da Papuda considera
que seu projeto é venturoso, mas esbarra na má vontade dos meios de
comunicação, dos formadores de opinião – em suma, dos que não lhe dizem amém. Nesta
lógica, a melhor arma é a mordaça.
Os petistas se
julgam arautos de um projeto de transformação do país e, até quando fazem autocrítica,
transferem para os mensageiros a culpa pela má mensagem. É o que acontece
agora, também, quando admitem que a insatisfação com o governo Dilma não é
apenas da “elite branca”, mas sim algo disseminado por toda a população.
A origem deste
mal-estar seria “um pensamento conservador que se expressa fortemente por meio
dos veículos de comunicação e que opera um cerco contra nós”, como disse
Gilberto Carvalho em entrevista à Folha de S.Paulo publicada na segunda-feira passada. Por esta visão, ficamos
assim combinados: a corrupção e a incompetência que marcam as gestões petistas
foram inventadas em redações de jornal.
A lista negra de jornalistas
e políticos também nos convida a refletir sobre a intenção já manifestada pela
candidata-presidente de abraçar
a proposta de regulação da mídia, acalentada há tempos por setores bastante
influentes do PT.
Embora Dilma jure
que não aceita discutir o controle de conteúdo, será que dá para acreditar na suposta
boa fé da presidente diante da voracidade de um partido sobre o qual ela não
tem qualquer ascendência?
Afinal, se, sem qualquer legitimidade, o PT já incita
uma cruzada contra vozes dissonantes, o que aconteceria se lhe fosse dado poder
efetivo para controlar conteúdos jornalísticos e encabrestar opositores? Melhor
nem pensar. Melhor ainda é agir antes e impedir que os partidários da intolerância
prosperem.
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