A maquiagem está ficando
explícita aos pouquinhos, na divulgação dos resultados semanais da balança
neste primeiro mês do ano. O que começou com um rombo de US$ 100 milhões na
primeira semana de janeiro, chegou a US$ 1,7 bilhão na terceira. Trata-se de
comportamento inédito em 18 anos de medições.
Na soma, as
transações comerciais com o exterior acumulam até agora US$ 2,7 bilhões no
vermelho, de acordo com informações divulgadas ontem pelo Ministério do
Desenvolvimento. Mantida a tendência, a balança brasileira terá, neste janeiro,
o pior resultado mensal verificado desde o início da série histórica da Secretaria
de Comércio Exterior, iniciada em 1995.
Terão as condições
piorado tanto, e de maneira tão repentina? A resposta é não.
A explicação para o
que está acontecendo com as transações de comércio exterior neste início de
2013 deve ser buscada no último trimestre de 2012, quando a Petrobras deixou de
registrar suas importações de petróleo e derivados no sistema. São estas
operações que estão agora engordando as estatísticas da balança e inflando o
déficit.
A postergação dos
registros na contabilidade não tem nada de fortuito. Baseia-se numa decisão da Receita
Federal, que passou a permitir, desde junho último, que a estatal registrasse suas
operações de compra e venda de combustíveis até 50 dias após o desembaraço nas
alfândegas.
Estima-se que a Petrobras
tenha deixado de lançar algo como US$ 10 bilhões na conta das importações do
país em 2012. As exportações, porém, foram todas computadas até o fim de
dezembro. Com isso, o governo conseguiu manobrar para evitar que o saldo da
balança comercial decaísse para terreno negativo no ano passado, como mostra O Globo em sua edição de hoje.
A maquiagem pode até
ter impedido o déficit em 2012, mas não evitou que a balança comercial brasileira
exibisse seu pior desempenho em dez anos: o superávit foi de apenas US$ 19,4
bilhões, com queda de 34,8% sobre 2011.
Como se sabe, as ocorrências
exotéricas nas estatísticas do comércio exterior brasileiro estão longe de ser
caso isolado. As contas públicas foram objeto de manipulação muito mais grave
na virada do ano, com objetivo de engordar o superávit fiscal e forjar a
consecução da meta fixada para o ano.
Trata-se de lambança
com a qual o PT conseguiu superar-se em criatividade e ousadia. O nefasto histórico
inclui, ainda, as bilionárias transferências para o BNDES feitas ao longo dos últimos
quatro anos e o encontro de contas feito com papéis da Petrobras – sempre ela –
por ocasião da capitalização da empresa, em 2009.
As manobras levadas
a cabo pela equipe econômica – seja com as bênçãos de Lula, seja agora
com as de Dilma Rousseff – comprometem a credibilidade das informações divulgadas
pelo governo federal e corrompem a necessária prestação de contas à sociedade.
Ilustram,
também, o desprezo petista em relação à transparência e a lisura que devem
nortear a administração pública. Se o partido que está no poder é capaz de todo
tipo de maquiagem na contabilidade oficial para ludibriar os contribuintes,
imagine o que não acontece de ainda pior por debaixo dos panos.
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