Na sexta-feira, aboletada
em cima de um palco convertido em palanque no Piauí, Dilma prometeu
“crescimento sério, sustentável e sistemático” para este ano. Seu discurso não
corresponde aos fatos e só com lábia não se movem montanhas nem tampouco se
sensibilizam os cofres de quem constrói o futuro do país.
Uma minuciosa análise
do Orçamento Geral da União feita neste fim de semana pela Folha de S.Paulo comprova quão devagar as ações do governo federal têm andado
sob o governo de Dilma. Áreas fundamentais para destravar o desenvolvimento do
país, como a de infraestrutura, estão à míngua.
Gastos em
transportes, saneamento, urbanismo e segurança pública foram mais baixos em
2012 do que no último ano da gestão Lula. Em dois anos, as despesas com
transportes caíram 22% em termos reais – ou seja, descontada a inflação do
período. As com saneamento e urbanismo diminuíram 19,5% e as com segurança
pública, 25,7%.
Entre as razões
apontadas, estão os escândalos de corrupção e roubalheira que marcaram os
primeiros meses da gestão Dilma em ministérios como o dos Transportes e o das
Cidades, paralisando o governo.
“Em contraste com
sua imagem pública de gestora de obras, a presidente Dilma Rousseff deixou a
infraestrutura minguar em sua primeira metade de mandato”, estampou a Folha na sua manchete de domingo. O texto
informa que, em contrapartida, cresceram os investimentos federais em educação
e saúde, o que é bom.
Os exemplos de
incúria em relação aos investimentos federais pipocam pelo país. No setor
elétrico, o descasamento entre obras de geração e empreendimentos de transmissão
de energia contribui para aumentar o risco de racionamento. Já vem acontecendo
com as usinas eólicas e afetará também a operação da hidrelétrica de Santo Antônio.
“A décima das 27
turbinas da usina hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, acaba de entrar em
funcionamento, mas a energia que gera não pode ser levada para a região
Sudeste, onde os consumidores enfrentam risco de apagão, porque a linha de
transmissão do Madeira — apelidada de “linhão” — está atrasada e sem plano de
conexão”, mostra hoje o Brasil Econômico.
Ao mau planejamento,
soma-se a lentidão. Um e outro tornaram-se marcas do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), cada vez mais transformado de filho dileto em parente renegado
pelo governo petista.
Em sua edição de
ontem, O Estado de S.Paulo analisou 107 obras rodoviárias do programa e concluiu
que elas avançam, em média, 1,3 quilômetro por mês. Numa conta simples,
significaria dizer que cada uma delas executa 12 metros a cada 30 dias. Como isso
é possível, senão com uma caprichada ineficiência?
O país encontra-se
às voltas com o dilema de voltar a crescer para sustentar um ciclo duradouro de
desenvolvimento e ascensão social. Mas o governo não tem demonstrado capacidade
de responder o desafio à altura e, para piorar, resiste a permitir que a iniciativa
privada tome a frente dos investimentos. Só promessas não serão suficientes
para alterar um vistoso histórico de fracassos e frustrações.
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