De tempos em tempos,
Dilma volta à região para o conhecido “bater de bumbo”, jargão do mundo
político para se referir à promoção de ações de governo. Hoje, ela estará no
Piauí para entregar algumas moradias.
Inicialmente, o
programa oficial previa a inauguração de um sistema adutor de água, cuja
conclusão fora prevista para o primeiro semestre de 2012. Mas, na última hora, constatou-se
que ainda não havia o que entregar e a presidente terá que se contentar com uma
mera visita à obra, localizada no município de São Julião (PI).
Dilma pretende rodar
a região nas próximas semanas, num giro que inclui ainda Pernambuco, Ceará,
Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Seus assessores terão que montar as
agendas presidenciais com cuidado redobrado: nas últimas vezes em que foi ao
Nordeste, Dilma não conseguiu encontrar as realizações que alardeava.
Foi o que aconteceu,
por exemplo, em fevereiro do ano passado, quando ela quis visitar obras da
transposição do rio São Francisco e da ferrovia Transnordestina. Só conseguiu
ver canteiros malparados e ainda teve que evitar decepções maiores, riscando
na última hora sua passagem por Missão Velha (CE) e Cabrobó (PE), onde o quadro
era mais desolador.
A lista de obras periclitantes
é extensa: além da transposição e da Transnordestina, inclui a Ferrovia Oeste-Leste,
o porto de Ilhéus, as refinarias da Petrobras, a BR-101, os metrôs das
principais capitais nordestinas e até mesmo os malfadados navios petroleiros
que só conseguem navegar depois de muito atraso.
Em setembro, o Valor Econômico mostrou que a carteira de investimentos federais na região
soma R$ 116 bilhões, mas, na média, estes empreendimentos tinham três anos e
meio de atrasos. A julgar pelo baixíssimo desempenho orçamentário do governo
federal em 2012, a situação não mudou desde então.
A transposição do Velho
Chico, por exemplo, só recebeu 18% da verba prevista para o ano passado,
mostrou O Estado de S.Paulo no último dia de dezembro. A execução se restringiu,
basicamente, a restos a pagar dos anos anteriores. Com isso, a obra,
inicialmente prometida pelo PT para 2010, teve menos de 50% executados até
agora e só ficará pronta em 2015, na melhor das hipóteses.
Em outubro, a
Confederação Nacional da Indústria divulgou levantamento
em que mostra que somente um quarto de uma lista de 83 projetos prioritários
para o Nordeste estava em andamento. Um extenso rol de obras continua na gaveta
ou avança a passos de tartaruga. A penúria é maior no caso das ferrovias e dos
portos.
É o que acontece no Piauí
que Dilma visita hoje. A agenda presidencial guardou profilática distância das
obras da Transnordestina no estado, onde está 30% do traçado da ferrovia – situado
entre Eliseu Martins (PI) e Salgueiro (PE). Há dois anos, a presidente afirmou
que pretendia entregar a obra até 2013, mas, segundo técnicos do governo, só
20% dos trilhos foram assentados, como mostra hoje o Estadão.
Por suas belíssimas
atrações turísticas e suas paradisíacas praias, o Nordeste tem sido o refúgio
de presidentes em férias. Mas, quando estão a trabalho, eles não deveriam ir à
região apenas a passeio, como fará Dilma Rousseff hoje. Quem sabe numa próxima
vez a presidente tenha, de fato, algo a mostrar por lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário