Até agora, a única
coisa que Dilma conseguiu foi colocar o Brasil figurando entre as economias de
pior desempenho no mundo. Mas nosso modelo é mais ruinoso do que outros pelo planeta
afora: produz não apenas crescimento baixo, como também inflação alta, regada a
taxas de juros elevadíssimas. Uma receita de professor Pardal.
Dilma e sua turma jogaram
no lixo um modelo que ajudou o país a empreender uma lenta, porém persistente, travessia
rumo a um ambiente econômico mais próspero e estável, iniciada no governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso. O sistema baseado na trinca metas de
inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante foi posto de lado pela
atual gestão em favor de uma dita “nova matriz econômica”. Que bicho isso deu?
A receita dilmista persegue
a clássica combinação de um pouquinho mais de inflação para um tantão maior de
crescimento – algo no que só os petistas ainda acreditam. Mas o que a mistura
produziu foi, na realidade, muita inflação e nenhum crescimento – a menos que
alguém considere que crescer uma média de, no máximo, 2% ao ano seja alguma
coisa digna de nota...
Esta receita baseia-se
em mais gasto público, mais crédito, leniência com a inflação e desafogo nos
juros. Em momentos de crise mais aguda, como a que se seguiu à debacle mundial
de 2008, até produz algum benefício. Mas é a velha história: remédio em excesso
pode acabar matando o paciente. Foi o que aconteceu: o Brasil hoje está pior do
que a maioria dos países do mundo.
O triênio 2011-2013 já
foi rifado pela presidente. Mas o estrago, infelizmente, tende a ser muito
maior. O Brasil entrará num ano difícil para todo o mundo, como se prevê que
será 2014, com o pé esquerdo. Além de crescermos pouco e termos inflação muito
alta, nossas contas públicas estão em completo desarranjo, o crédito está
ficando caro e o dólar, com tendência de alta, não deve nos ajudar nadinha,
pelo contrário.
Para complicar,
nosso investimento é pouco e decadente – no trimestre, caiu 2,2%, no pior
resultado desde o primeiro trimestre de 2012. Nossa taxa de poupança doméstica (15%
do PIB) recuou ao pior nível desde 2000, elevando a dependência de recursos estrangeiros
num momento em que o dinheiro fica mais caro no mundo e as contas externas do
país já estão no fio da navalha.
Algumas expressões,
salpicadas ao longo de páginas e páginas de avaliações negativas publicadas nos
jornais de hoje, retratam o ânimo reinante. O momento é de “instabilidade”, num
“clima de incerteza” e de “perda de confiança”, diante de uma “condução da
política econômica que, focada no curto prazo, encurta o horizonte de
planejamento de empresas e consumidores e contribui para variações bruscas da
atividade econômica”, como resume o Valor Econômico.
Com os resultados do
terceiro trimestre conhecidos ontem, com queda de 0,5% sobre os três meses anteriores,
a perspectiva para 2014 turvou-se de vez. Há quem acredite que o crescimento do
PIB brasileiro no ano que vem mal supere 1%. Mas a média mais comum é de uma
expansão de 2%, ainda assim muito, muito ruim para um país que precisa crescer
e se desenvolver para superar o enorme fosso de desigualdade e injustiça social
como o que ainda persiste entre nós.
Dilma começou seu
governo prometendo crescimento de até 5% ao ano. Nunca passou nem perto disso:
fez 2,7% em 2011, 1% no dado revisado de 2012 e deve fechar este e o próximo
ano com algo em torno de 2%. Neste momento, o Brasil é, em todo o mundo, a
economia com o pior desempenho, conforme mostra O Globo.
O governo petista aposta
nas privatizações para evitar uma catástrofe pior no ano que vem. Mas esquece-se
de que, tivesse ele feito a coisa certa, nesta altura as concessões já poderiam
estar produzindo algum resultado, se não tivessem demorado tanto a transpor a resistência
ideológica do PT aos investimentos privados.
Um dos aspectos mais
lastimáveis de tudo isso é que a maior preocupação do governo da presidente Dilma
não tem sido em como lidar com o buraco em que o país se meteu, e como tirar-nos
de lá. Mas, sim, em como definir uma “narrativa” que cole na população e a dificulte
perceber os problemas que se agigantam antes que as eleições cheguem, como informa
hoje O Estado de S.Paulo. A propaganda é a alma do negócio petista.
Tudo considerado, o país
vive hoje à sombra do “risco Dilma”. Paga-se um preço muito elevado por decisões
equivocadas. Paga-se ainda mais caro pela persistência num caminho que nos
conduziu a um beco sem saída. O Brasil não tem mais tempo a perder. O Brasil não
aguenta mais ficar à mercê do projeto de poder do PT. O Brasil precisa, e quer,
urgentemente mudar.
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