Na terça-feira,
saíram os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (o Pisa,
coordenado pela OCDE).
Como foi divulgado no mesmo dia em que ficamos conhecendo mais um pibinho produzido
pela linha de desmontagem da gestão da presidente Dilma, o desempenho lastimável
dos alunos brasileiros no teste acabou merecendo menos atenção do que deveria.
Comecemos pelo que
aconteceu com a média geral dos nossos estudantes. O Brasil figura em 58º
lugar numa lista formada por 65 países. Se isso serve de consolo, ganhamos de
nações como Albânia, Colômbia, Peru, Jordânia e Tunísia. Mas estamos bem atrás
de países como Cazaquistão, Vietnã, Malásia e Costa Rica, para ficar apenas nos
exemplos mais aberrantes.
A prova, aplicada
pela OCDE a alunos de 15 a 16 anos, mede conhecimentos e habilidades em três dimensões: matemática, leitura e ciências. Nos três casos, continuamos nas
rabeiras do ranking: o Brasil ocupou a 55ª posição em leitura, a 58ª em
matemática e a 59ª em ciências. Nas três áreas avaliadas, nenhum dos nossos estudantes
atingiu o nível 6, o mais avançado de aprendizado.
Apesar de o Brasil
ter sido apontado como o país onde os alunos mais avançaram em matemática nos
últimos nove anos, 67% dos nossos estudantes estão no menor degrau de notas na
matéria e somente 0,8% conseguem alcançar os níveis mais altos,
sem, contudo, chegar às notas máximas.
Para se ter ideia do
abismo que nos separa do resto do mundo, em Xangai, primeiro país no ranking geral
do Pisa, 3,8% e 55% dos alunos ocupam cada um destes patamares de conhecimento
matemático, respectivamente. Na média da OCDE, são 23% e 12,6%.
O ritmo de melhoria
em matemática caiu bastante nos últimos três anos. De 2006 para 2009, o avanço
foi de 16 pontos e nos três anos seguintes – esta é a periodicidade do Pisa – caiu
para 5. É uma característica da estatística: quando menor o patamar, mais fácil
é acelerar. O problema é que, mesmo ainda lá em baixo, nosso motor já dá sinais
de ratear.
“Como comemorar os
pontos ganhos no Pisa se o aumento na nota brasileira se deu com maior força
entre os piores alunos, cuja nota média na edição de 2003 equivalia a zerar na
prova, e hoje, quase dez anos depois, esse mesmo grupo ainda não é capaz de ler
uma única informação em um gráfico de barras?”, resume Paula Louzano, pesquisadora
da USP na Folha de S.Paulo.
O que o Pisa revela
em relação ao ensino fundamental, o Enem demonstra para a educação de nível médio.
A avaliação, que o governo do PT transformou num sucedâneo do vestibular, comprova
a distância que ainda a separa a qualidade oferecida pelos estabelecimentos
privados das escolas públicas e o fosso que aparta o ensino nas regiões Sul e,
principalmente, Sudeste do restante do país.
Completando o
quadro, recentemente também foram divulgadas avalições de âmbito global referentes
ao ensino superior. No ranking que considera todas as instituições do mundo, o
Brasil não tem nenhuma entre as 200 melhores, de acordo com a consultoria
britânica Times Higher Education. Entre os emergentes, temos apenas quatro
entre as 100 melhores e somente a 11ª de uma lista encabeçada por chineses e
asiáticos.
Sobram diagnósticos
para comprovar o que se percebe a olhos vistos: a educação brasileira está reprovada!
No caminho atual, não capacitamos nossos jovens para o exercício da cidadania,
nem para competir no mercado de trabalho. Minamos o seu futuro. Quem sabe o Plano
Nacional de Educação, que deverá ser aprovado nos próximos dias no Senado,
ajude a desbravar novos rumos e a descortinar dias melhores.
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