O governo anunciou,
há exatos 15 meses, que as tarifas residenciais cairiam 20%. Num primeiro
momento, isto até aconteceu. Mas a alegria durou pouco, muito pouco. A escassez
de água e, consequentemente, de energia mais barata gerada por rios e o acionamento
das térmicas corroeram a diminuição verificada nas tarifas. E os prejuízos das
empresas que o governo teve que cobrir oneraram a conta em mais um tanto.
A Folha de S.Paulo informa hoje que as contas de luz ficarão mais caras já no ano
que vem. Os consumidores passarão a pagar pelos desequilíbrios e o rombo que o
pacotaço elétrico de Dilma causou ao caixa das empresas do setor. Quanto, ainda
não se sabe, e depende muito de um leilão de energia a ser realizado na semana
que vem, com preços bem mais altos em relação aos atuais.
A anunciada redução de
20% já virou pó. Caiu, na média, a 14%, segundo a consultoria Thymos, e vai diminuir
ainda mais. A partir do ano que vem, as contas de luz irão oscilar ao sabor do maior
ou menor uso de energia térmica, mais cara. Se o modelo já estivesse em vigor,
teria levado os 20% prometidos pelo governo a 2%. “No início de 2015, o efeito
das medidas do governo estará anulado”, diz um consultor ouvido pela Folha.
A truculenta
intervenção não foi apenas inócua. Também desequilibrou o caixa das empresas de
energia. Com o dinheiro curto, o governo foi obrigado a socorrê-las com bilhões
do Tesouro. Ou seja, deu para o consumidor com uma mão e tirou do contribuinte
com a outra. Diminuiu – apenas temporariamente – a conta de luz, mas aumentou a
despesa do governo, paga por todos nós. Este é o PT.
O Tesouro já teve
que gastar R$ 11 bilhões para reequilibrar as contas das empresas de energia e
evitar que elas fossem à lona. Apenas em indenizações de ativos, são mais R$ 20
bilhões, e ainda falta compensar as linhas de transmissão atingidas pelas
decisões do pacotaço elétrico de Dilma. O valor só será conhecido em cinco meses,
mas já é mais que sabido que a conta vai subir mais.
Nada disso é
surpresa. O governo sabia perfeitamente que sua decisão era frágil,
intempestiva, ato de voluntarismo. Mas sabia mais ainda que a redução de
energia tem apelo popular, rende votos. Entre uma coisa e outra, agiu como
sempre age: privilegiou o fator eleitoral em detrimento da responsabilidade com
o país. Este é o PT.
Mas a decisão de Dilma
e seus sábios de laboratório não tem apenas implicações econômicas. Tem também sérios
impactos ambientais. Com o acionamento praticamente perene das usinas termelétricas
do país, em razão dos baixíssimos níveis dos reservatórios, a queima de
combustível fóssil cresceu muito e a emissão de gases de efeito-estufa também.
No ano que vem, a tendência
não é melhor. As previsões climáticas indicam possibilidade de manutenção da seca
no Nordeste e chuvas no Sul-Sudeste insuficientes para recompor o nível dos
reservatórios. Tudo somado, além da penúria que a falta de água impõe à vida
de milhões de famílias, em especial as nordestinas, a energia ficará cara e o meio
ambiente mais sujo. Este é o PT.
Uma das vítimas do
curto-circuito que o governo instaurou no setor é a maior companhia de
eletricidade do país: a Eletrobrás. A estatal investe cada vez menos e viu seu
lucro no terceiro trimestre converter-se em prejuízo de igual magnitude – quase
R$ 1 bilhão. A geração de caixa da Eletrobrás até setembro despencou 70%,
justamente em razão do pacotaço dilmista, como informa O Estado de S.Paulo.
Até outubro, os necessários
investimentos da estatal em geração e transmissão chegaram a apenas 43% da meta
prevista para este ano, desempenho que tende a ser ainda pior que o de 2013,
quando a Eletrobrás executou menos de 70% do orçamento. Mantido o ritmo até o
fim do ano, quase R$ 5 bilhões deixarão de ser utilizados. Este é o PT.
A decisão de reduzir
na marra as tarifas de energia mostrou-se um desastre de amplas proporções. Desestruturou
todo um setor da nossa infraestrutura que, a despeito de tudo mais, vinha
relativamente bem, impôs severos danos ambientais ao país e, para coroar, está se
revelando absolutamente inócua para aquilo a que se propôs: diminuir a tarifa cobrada
pela energia que o brasileiro consome. A conta nem demorou a chegar.
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