De acordo com pesquisa
feita pelo Datafolha, publicada na edição de ontem da Folha de S.Paulo, 66% dos entrevistados querem que a “maior parte das ações
do próximo presidente seja diferente” do que faz Dilma Rousseff. Apenas 28%
querem um governo igual ao atual. Este sentimento já havia sido captado pelo Ibope
há duas semanas. Que fatores levam a clamor tão forte?
O primeiro deles
parece ser o temor quanto ao futuro. O brasileiro vê incertezas –
principalmente econômicas – se apresentando no horizonte e quer para o país
alguém que o conduza ao largo de tempestades, muitas delas produzidas pela
própria inépcia dos atuais condutores.
Mais especificamente,
o cidadão teme pela volta da inflação e pela perda do emprego. Ainda de acordo
com a recente pesquisa do Datafolha, o receio quanto ao aumento dos preços e o
medo da falta de trabalho cresceram muito nos últimos meses.
Entre os
entrevistados, 59% acreditam que a inflação vai aumentar nos próximos meses –
esse percentual era de 54% em outubro, 53% em agosto e quase metade (33%)
quando Dilma assumiu. O medo do desemprego acomete 43% dos brasileiros, alta
considerável em relação aos 38% anotados no levantamento de outubro e aos menos
de 30% do início do governo atual.
No seu dia a dia, o
brasileiro percebe que seu salário compra cada vez menos e custa a chegar ao
fim do mês. Nossa inflação oficial (em torno de 6%) é alta, mas a carestia real
é ainda mais aguda: preços de itens não controlados pelo governo e de serviços
sobem muito mais do que a média, penalizando o assalariado.
O mercado de
trabalho ainda é praticamente de pleno emprego, mas as vagas abertas são de baixa
remuneração e pouca qualidade. A cada mês, as estatísticas voltam a registrar que
os postos criados pagam sempre salários abaixo de dois salários mínimos. Na era
Dilma, mais de um milhão de empregos acima desta faixa salarial foram extintos.
Mas o desejo de mudança
não se restringe a aspectos materiais – embora saibamos que estes determinam bastante
a avaliação que as pessoas fazem de sua vida. Há, sobretudo, um cansaço com o
estado atual das coisas. O brasileiro parece clamar por alguém que ponha fim ao
ciclo de degradação de valores que o governo do PT pôs em marcha e tenta nos
convencer diuturnamente que é legítimo.
O que se sonha é,
também e principalmente, com uma mudança de padrões éticos. De respeito ao
interesse público, de compromisso com a superação das dificuldades do cidadão,
de valorização da verdade, em lugar do culto à mentira, com tão bem resumiu o presidente
Fernando Henrique Cardoso em artigo
publicado ontem.
Há, portanto, um cenário
econômico pouco animador e uma crise ética que há muito passou do aceitável. O PT
está completando 11 anos no poder; seu ciclo chegou ao fim, exauriu-se. A hora é
de iniciar uma nova etapa, uma era de mudanças, para que as conquistas obtidas
até aqui não se percam; uma era em que eficiência e compromisso com os direitos
dos cidadãos caminhem juntos.
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