Ontem, o PT acionou
todas as suas armas para tentar desqualificar o depoimento dado por Marcos
Valério à Procuradoria-Geral da República em setembro. Pôs porta-vozes
chapa-branca para defender Luiz Inácio Lula da Silva; fez circular propostas mirabolantes,
como a de uma nova candidatura do ex-presidente; apelou, mais uma vez, à
militância; e, claro, fez de tudo para que nadinha das denúncias venha a ser apurado.
O objetivo é claro: tentar
impedir que as graves revelações que o operador-mor do mensalão fez, três meses
atrás, aos procuradores em Brasília sejam elucidadas. Os petistas também tentam
evitar a todo custo que o ex-presidente da República venha a público tentar explicar
como seu governo foi tomado por tanta corrupção. Por que te calas, Lula?
Antes tão verborrágico,
agora o líder máximo dos petistas cerca-se de parrudos seguranças para não ser
admoestado pela imprensa. Ocorreu ontem, mais uma vez, na França: “A sala, que
no dia anterior tinha um amplo espaço para os jornalistas, ontem estava
repleta de seguranças, que restringiram acesso aos palestrantes”, descreve O
Estado de S.Paulo.
Deve ser o temor de
perguntas dardejantes que cobrarão respostas definitivas que Lula,
provavelmente, não terá como dar. “Eloquente no ataque, na defesa Lula se
esconde atrás de porta-vozes. Por que ele mesmo não fala? Tanto resguardo faz supor
que necessite mesmo de proteção. Quem o faz inimputável, autoriza a suposição
de seja também indefensável”, comenta Dora
Kramer.
Mas o que o PT faz de
pior é manipular instrumentos institucionais para instigar adversários
políticos. Ocorreu novamente ontem, quando uma obscura comissão da Câmara
aprovou convite ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para falar sobre uma
pilha de papéis forjados por falsários que até a Polícia Federal já
desacreditou. Diz muito o fato de tal instância ser presidida por Fernando
Collor de Mello, que incluiu também Roberto Gurgel no convite...
Foi uma “atitude que
beira a zombaria”, na precisa síntese do Correio
Braziliense. Que também se completa com a ameaça, feita pelos
governistas, de instalar uma CPI sobre o processo de privatização das estatais
durante a gestão tucana. Da parte da oposição, nada a temer: a oportunidade pode
até se mostrar boa para defender uma mudança que se provou muito benéfica para
o país.
Manobras
diversionistas patrocinadas pelo PT e seus probos aliados são estratagemas
de um grupo político delituoso que percebe que, cedo ou tarde, será chamado a
prestar contas ao país. Segundo O
Globo, já se dá de barato entre os petistas que uma investigação sobre
as falcatruas de Lula – das contas pessoais pagas pelo dinheiro sujo do mensalão
às algazarras que Rosemary Noronha promovia no governo em nome dele – será “inevitável”.
O temor dos partidários
dos mensaleiros diante do que vem por aí é tanta que eles já fazem circular
teses segundo as quais abrirão mão de disputar as eleições de 2018 – como se a
de 2014 já estivesse no papo de Dilma Rousseff... – em favor de aliados como
Eduardo Campos (segundo o Valor
Econômico, ele já decidiu ser candidato daqui a dois anos, embora não
tenha definido a quê).
Propostas e teses inverossímeis,
no mínimo. Alguém no mundo político crê em acordo eleitoral firmado com seis
anos de antecedência? Mais: com sua credibilidade estilhaçada e suas
perspectivas de poder começando a ir a pique, o que o PT teria a oferecer a
possíveis aliados futuros, senão um abraço de afogados?
Em meio a tanta picaretagem,
resta ao PT e a seu líder máximo apelar para a memória afetiva de seus
seguidores e ressuscitar iniciativas de antanho, como a caravana com a qual o
então apenas ex-metalúrgico percorreu o país na década de 90. A diferença é
que, naquela época, Luiz Inácio Lula da Silva encarnava a esperança. Hoje, ele é
a personificação de todos os males que a sociedade brasileira gostaria de ver extirpados
da vida nacional.
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