Depois de 53
sessões, o julgamento do mensalão resultou na condenação de 25 réus pela
prática de pelo menos um crime. Alguns foram punidos pelo conjunto da obra,
como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, a tróica que comandava o PT
quando o partido ascendeu ao poder, em 2002. Terão em comum na ficha corrida a
condenação por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Assim como Marcos
Valério, Dirceu e Delúbio terão de cumprir pena
na cadeia. O ex-ministro-chefe da Casa Civil de Lula foi condenado a dez anos e
dez meses de xilindró e o ex-tesoureiro, a oito anos e onze meses. O operador do
mensalão terá destino bem mais amargo: foi apenado a 40 anos, dois
meses e dez dias de xadrez.
O julgamento
conduzido ao longo dos últimos 138 dias pelos ministros do Supremo pode servir
para enterrar no país a crença de que o crime compensa. Dos 38 réus da denúncia
apresentada pela Procuradoria-Geral da República há cinco anos, apenas 12 foram
absolvidos de todas as acusações que lhe foram imputadas.
Ao todo, as penas
atingem 282 anos de prisão e o pagamento de multa de R$ 22,7 milhões. Ainda
é pouco perto do que foi desviado dos cofres públicos para comprar apoio
parlamentar ao governo petista: pelo menos R$ 73 milhões, surrupiados do Banco
do Brasil e da Câmara dos Deputados por meio de contratos de publicidade fraudulentos.
Há, ainda, um longo
caminho até que as sentenças sejam cumpridas e possamos ver os mensaleiros indo
para a cadeia. Começa agora a fase de contestações nos tribunais. Nas tribunas
e nos palanques, porém, o esperneio já corre solto: o PT não se conforma com a
condenação de seus próceres e, dia sim, dia também, convoca sua militância a
vociferar nas ruas.
Como ocorreu com
Gilberto Carvalho neste fim de semana. Ele conclamou
os petistas a se mobilizarem para enfrentar um ano “brabo” em que “o bicho vai
pegar”. O secretário geral da Presidência da República sabe o que fala: o
roldão de falcatruas nas quais seus comparsas petistas se metem não tem fim. Defender-se
de tantos malfeitos dá trabalho...
No menu das próximas
investigações da Justiça e de órgãos de fiscalização e controle, está nada
menos do que a suspeita de que um presidente da República usou dinheiro sujo da corrupção
para pagar contas pessoais. O mensalão chegou também a Luiz Inácio Lula da
Silva e cabe agora à PGR definir se irá investigar o líder petista; motivos
tem.
Mas sujeira pouca é
bobagem. Há, também, os 24 denunciados na última sexta-feira pelo Ministério
Público Federal pelo envolvimento na máfia articulada em torno do gabinete da
Presidência da República em São Paulo para vender pareceres fraudulentos
preparados em órgãos públicos corrompidos. Como se vê, com o PT a corrupção está
sempre no coração do poder: quando o exemplo vem de cima, não há quem segure.
Entre os novos
denunciados do rol petista estão Rosemary Noronha, companheira para todas as
horas do ex-presidente Lula, e os irmãos Vieira, instalados em agências
reguladoras para levar a cabo a missão que o PT delas sempre esperou: atuar
como um ativo balcão de negócios. A este respeito, a entrevista de Paulo Vieira
publicada ontem por O Estado de S.Paulo é definitiva em desnudar no que o PT transformou
órgãos criados para implementar políticas de Estado e não de governo.
Disse ele: “Todos os
diretores da ANA são indicados por políticos. Vicente Andreu, ex-diretor da
CUT, indicado de Zé Dirceu, é meu inimigo; Paulo Varela, indicado pelo
Garibaldi Alves; Dalvino, indicado pelo PSB; e João Lotufo, indicado pelo
ex-deputado petista José Machado, de Piracicaba (SP). A ANA é um dos maiores
cabides de emprego e cargos comissionados do governo, um orçamento milionário,
gasto com ONG, a maioria sem licitação. É preciso o MPF fiscalizar a ANA e
verificar a situação de toda ela, não perseguir um único diretor”.
Mas não foi só. Vieira
também envolveu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em tratativas
levadas a cabo para beneficiar o ex-senador Gilberto Miranda. Ela simplesmente postou-se
contra parecer jurídico que visava impedir a devastação de uma área coberta por
vegetação nativa para que uma espécie de porto fosse construído no litoral
paulista.
Como se percebe, a torrente
de escândalos protagonizados pelos petistas não tem fim. Infelizmente, estas diabruras
não têm merecido da presidente da República reprimenda à altura. Ao contrário,
Dilma Rousseff não apenas resolveu sair em defesa dos acusados, como fez no
caso de Lula, como também escalou subordinados para escudá-los.
É sinal de que,
depois do belo e exaustivo trabalho de julgar e punir o maior esquema de
corrupção que se tem notícia na história brasileira, a Justiça brasileira ainda
terá árdua tarefa pela frente. O verme da corrupção que o PT inoculou no
aparato estatal reproduz-se em todos os cantos do país. Que o julgamento do
mensalão sirva de exemplo: quem sabe estes delinquentes não querem passar uma
temporada na cadeia junto com seus líderes?
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