O país assiste,
perplexo, à deslavada intromissão da máquina petista nas campanhas às
prefeituras municipais. Incitada por seu tutor, Luiz Inácio Lula da Silva, a
presidente Dilma Rousseff pôs o governo dela a serviço das candidaturas
petistas e também lançou mão, com gosto, do kit mentira do PT.
O arsenal inclui as
mistificações de sempre em torno das privatizações, o anúncio de medidas populistas
que depois não se efetivam, a manipulação de verbas orçamentárias e o emprego
de bens públicos em favor de um aparelho partidário – prática que se consagrou
no mensalão, ora sobejamente condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Com sua
sede desmesurada pelo poder, este ano o PT está indo fundo no kit mentira. Vejamos.
No início de
setembro, por ocasião da data de comemoração dos 190 anos da independência do
país, Dilma ocupou rede nacional de rádio e TV para fazer proselitismo
político. Comportando-se como militante partidária, atacou adversários e, com
pompa e circunstância, anunciou aos brasileiros uma boa notícia que, se
concretizada, só se materializará daqui a meses.
Soube-se agora,
porém, que o que era acintoso tornou-se farsesco. No pronunciamento à nação, a
presidente prometeu uma queda de 20%, em média, nas tarifas de energia praticadas
no país. Eis que, ontem, o governo admitiu que a conversa da redução das tarifas
não é bem assim: “Não posso garantir que dará 20%”, disse
Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética.
Ocorre que, ato contínuo
ao pronunciamento-comício de 7 de setembro, para conseguir a desejada redução das
tarifas o governo impôs às empresas do setor draconianas e intempestivas regras
de renovação dos contratos de concessão que simplesmente instauraram o caos num
segmento-chave para o futuro do país.
O novo modelo, que balizará
contratos com duração de 25 anos, foi enviado ao Congresso na forma de medida
provisória, ou seja, com obrigatoriedade de ser apreciado a toque de caixa. No
Parlamento, já recebeu mais de 400 propostas de emendas e não se sabe com que irá
sair de lá. A despeito disso, as companhias de energia estão tendo que tomar
decisões que afetam seu futuro pelas próximas décadas em cima de simples conjecturas.
Mas o kit mentira do
PT não se limita a ludibriar o cidadão com promessas temerárias ou com medidas
inconsequentes. Inclui também dizer uma coisa em cima dos palanques e fazer
outra no governo. É o caso, mais uma vez, das privatizações.
Este ano, depois de
décadas negando o óbvio, o PT dobrou-se à evidência de que privatizar faz bem ao
país. Mas bastou o período eleitoral chegar para os partidários de José Dirceu
e seus mensaleiros tirarem do armário a velha fantasia antiprivatista, como fez
ontem Fernando Haddad em São Paulo.
O neófito petista “acusou”
José Serra de ter “a privatização na veia”, numa referência ao bem sucedido
modelo adotado no município e no estado de São Paulo que põe instituições como
o Hospital Sírio-Libanês para cuidar (bem) da prestação de serviços de saúde à
população mais carente, atendida pelo SUS.
O Sírio é o mesmo
hospital onde Lula se curou do câncer na laringe. Seus tratamentos de ponta e sua
reconhecida competência jamais seriam acessíveis a pobres sem que existisse o sistema
adotado em São Paulo para a gestão da saúde. Haddad não apenas o critica, como propõe
agora acabar com o modelo, o que pode simplesmente fechar o acesso de quem mais
precisa a serviços de saúde de excelência.
Mas nem é preciso ir
muito longe para rebater o mais novo pupilo de Lula em sua fantasia
antiprivatista. Seu próprio partido cuida disso: ontem, em um seminário em São
Paulo, o ministro Fernando Pimentel anunciou que o governo federal está apenas
esperando “passar as eleições” para anunciar novas privatizações de aeroportos
e portos, informou O
Globo. Afinal, o PT é contra ou a favor de um serviço mais bem prestado
aos cidadãos brasileiros?
O kit mentira dos
petistas completa-se com a manipulação das verbas públicas, como mostra o Correio
Braziliense. O Orçamento da União virou arma para os petistas tentarem
ganhar eleições no grito: dos R$ 343
milhões empenhados pelo governo federal para emendas individuais neste ano, 93%
foram para deputados e senadores de partidos aliados.
Outro caso escabroso é o anúncio de obras milionárias para Manaus, feito
ontem por Dilma em audiência no Planalto. Como parte do pacote embusteiro, na próxima
segunda-feira a presidente irá à cidade para tentar socorrer a candidata
apoiada pelo PT – que no primeiro turno teve metade dos votos do tucano Arthur
Virgílio e quase ficou fora da disputa.
As eleições são ocasiões em que a população renova sua confiança nas
instituições e sua fé numa vida melhor. O PT e seus candidatos, porém, preferem
distorcer o que deveria ser uma festa da democracia. A cada dois anos, a cada
pleito, exercitam o que mais sabem fazer: enganar, com um monte de mentiras, a
boa-fé dos brasileiros. O voto é a melhor, mais verdadeira e eficiente resposta
a este embuste.
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