A votação é sempre uma
oportunidade de o cidadão analisar o estado geral das coisas e manifestar sua
avaliação. É claro que, ao fim e ao cabo, o que o eleitor quer é um bom
prefeito que cuide bem de sua cidade. Mas no voto preza também os valores, os
princípios e se expressa sobre as condições gerais do país.
Na cabine no
domingo, o eleitor terá em mente que o partido que chegou ao poder em 2002 como
paladino da ética tem hoje dez réus sendo julgados pela mais alta corte do país
por crimes como corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação
de quadrilha e peculato.
Toda a cúpula que
dirigia o PT no começo do governo Lula está prestes a ser condenada pelos
ministros do Supremo Tribunal Federal por ter articulado um esquema sofisticado
que envolveu desvio de dinheiro público, operações bancárias fraudulentas,
cooptação e compra de apoio no Congresso. Gente assim merece voto?
Ontem, o STF prosseguiu
no julgamento do mensalão, encaminhando a condenação de José Dirceu, José
Genoino e Delúbio Soares por corrupção ativa. Faltam apenas mais três votos – no caso de Delúbio, apenas dois – para que eles sejam considerados culpados, definição que deverá ocorrer na próxima
terça-feira.
Até agora, apenas
Ricardo – sempre ele – Lewandowski votou pela absolvição de Dirceu, bem como de
Genoino. O ministro revisor diz que não acredita em Papai Noel, mas pelo jeito
crê em absurdos: para ele, apenas Delúbio teria sido responsável pelo esquema
que desviou R$ 73 milhões do Banco do Brasil e lavou R$ 55 milhões em operações
de fachada no Banco Rural, destinando-os ao bolso de parlamentares corrompidos.
Digamos que o raciocínio de Lewandowski
tenha pés e mãos, que circulam e operam, mas certamente não tem cabeça. Se não
é Dirceu o “chefe da quadrilha”, Delúbio é que não pode ser. Quem seria, então?
O então presidente da República? Esta é a única conclusão possível da
argumentação do ministro revisor.
Caso se admita que o
então ministro da Casa Civil de Lula desconhecia o complexo esquema que
envolveu desvio de dinheiro público, fraudes bancárias e ampla coordenação de
lideranças partidárias para a construção da base de apoio do governo do PT – e que Lewandowski já admitiu ter existido, ao condenar réus por corrupção
passiva – alguém acima dele haverá de ser considerado responsável. Acéfala é o que
esta organização não pode ser.
Mas o PT não chegará
às urnas no domingo exibindo apenas as qualidades de ser o partido cujos líderes
estão metidos até a alma em corrupção e assalto aos cofres públicos. O petismo
também poderá apresentar-se ao eleitor como o partido da incompetência, como comprova
a sequência de apagões aos quais o país tem sido submetido nos últimos tempos.
Há 12 dias, cerca de
6 milhões de consumidores do Nordeste haviam ficado sem luz. Anteontem, quase
2,7 milhões de brasileiros em 13 estados do país – cerca de 7% do total – voltaram
a ficar no escuro. E ontem praticamente todo o Distrito Federal entrou em
colapso completo por seis horas por falta de energia. O estrago só não foi
maior porque todas as térmicas do país estão ligadas.
Para o governo, são
meros “apaguinhos”. Que nada: só neste ano, já houve 32 interrupções de fornecimento
de energia de grandes proporções no país, que se somam a 61 registradas em
2011, como mostra O
Estado de S.Paulo. Com baixo investimento e descuidos na manutenção,
que tendem a se agravar com as novas regras para renovação dos contratos de
concessão que Dilma Rousseff quer impor ao setor, os apagões nossos de cada dia
estão cada vez mais frequentes.
A despeito de toda
esta ficha corrida de serviços prestados à nação, o PT continua a apresentar-se
ao eleitor como a redenção do país. O partido assanha-se com a perspectiva de
tomar de assalto orçamentos municipais polpudos e é capaz de quaisquer meios para
alcançar seus fins – como ilustra, mais uma vez, o episódio de Parauapebas
(PA), onde a Polícia Federal apreendeu R$ 1,1 milhão que o PT pretendia usar
para comprar voto no domingo, como informa O
Globo.
Este é o partido que
quer o voto de milhões de brasileiros daqui a dois dias. A ele, o eleitor deve
dizer sonoros “não”: não às falcatruas; não à ladroagem; não à incompetência; não
ao descaso com os serviços mais elementares; não ao desprezo por valores que os
brasileiros tanto respeitam e estimam. Domingo é dia de também dizer não ao apagão. É dizer
de dizer não ao mensalão. É dia de derrotar o PT.
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