Dois jornais registram
a participação direta da presidente na contraofensiva que o PT e integrantes do
governo federal lançam para tentar se desviar da constatação de que aloprados
petistas forjaram documentos incluídos na investigação tocada pelo Cade, pela
Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Segundo O Estado de S.Paulo, Dilma “coordenou pessoalmente o contra-ataque ao
PSDB” que resultou numa entrevista coletiva – a segunda em três dias – em que José
Eduardo Cardozo ameaçou processar quem desnudou a adulteração dos papéis. Já o Valor Econômico informa que a presidente deu aval à atitude do ministro da
Justiça, numa “estratégia traçada ontem pela manhã em uma reunião no Palácio da
Alvorada”.
A constatação é
clara: os petistas se ressentem de que sua tentativa de enxovalhar a oposição tenha encontrado reação à altura dos supostos envolvidos em recebimento de propina. Apenas
poucos dias após virem a público, depois de passar pelas mãos do ministro
Cardozo, os papeluchos que deram origem às acusações começaram a esfarelar,
desnudando mais uma farsa da fábrica petista de dossiês fajutos.
A evidência mais
forte da atuação aloprada é a adulteração de documento, enviado em junho de 2008
à direção da Siemens na Alemanha, em que as práticas do cartel são descritas. A
versão em inglês ganhou tradução mequetrefe e criminosa em que são incluídas
menções a “políticos (na sua maioria) do PSDB”, que nem de longe constavam do
original. (Aqui estão o documento original em inglês e a tradução adulterada em português.)
Desde a semana
passada, quando o Estadão publicou as
mais graves denúncias, dois dos principais envolvidos nas acusações também já as
desmentiram enfaticamente. Ainda na sexta-feira passada, Everton Rheinheimer, ex-diretor
da Siemens, negou ser o autor das denúncias e afirmou
que os documentos vazados foram “distorcidos e não condizem com a realidade”.
Em sua edição de ontem,
o Estadão
publicou entrevista com o engenheiro Arthur Gomes Teixeira, sócio da Procint
Projetos e Consultoria, na qual ele afirma que jamais pagou propina a políticos
tucanos nem de outros partidos: “Isso é uma mentira, algo sem qualquer
fundamento”.
Pelo que veio a
público até agora, sem que as investigações tenham chegado aonde precisam
chegar, pode-se constatar que está havendo uma espúria utilização política do
caso por parte do PT. E exatamente no mesmo momento em que foram levados para trás
das grades, no presídio da Papuda, os petistas que lideravam o partido na sua
ascensão ao poder. Por que será?
A atitude do Cade –
hoje presidido por um ex-funcionário da liderança petista na Assembleia
paulista, experiência que ele omitiu ao ser conduzido ao cargo – também
colabora para indicar a instrumentação política do caso por parte dos petistas.
O órgão federal, que investiga a denúncia a partir de um acordo de delação
premiada firmado com a Siemens, tinha até a última sexta-feira para pedir
abertura de processo contra os envolvidos. Mas resolveu ampliar, e bastante, o período
para investigações.
Revela a Folha de S.Paulo hoje que o prazo já foi estendido por mais 60 dias, entrando
pelo ano de 2014. O Estadão
vai mais longe e diz que eventuais processos contra os envolvidos nas práticas
delituosas só serão abertos no segundo semestre de 2014, “o que deve coincidir
com a campanha eleitoral”. Será mera coincidência ou é a tentativa desesperada
do PT de dar o troco e igualar todos por baixo, na lama, onde o partido dos
mensaleiros já se afundou?
Diante destas
constatações, a atitude que se esperava da presidente Dilma era de equilíbrio e,
sobretudo, de respeito e preservação das instituições de Estado. Mas ela enveredou
pelo caminho oposto, tomando diretamente parte na condenável trama. É lamentável
e reprovável. Nem no partido dos mensaleiros seria possível imaginar que o nível
de alopração pudesse chegar tão longe e tão alto na hierarquia do poder.
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